A três dias das eleições, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera a corrida com 50% dos votos válidos, o que mantém aberta a possibilidade de vencer já no primeiro turno. Em busca da reeleição, Jair Bolsonaro (PL) tem 36%, seguido por Ciro Gomes (PDT), com 6%, e Simone Tebet (MDB), com 5%.
É o que revela a mais recente pesquisa do Datafolha, que ouviu 6.800 pessoas em 332 cidades de terça (27) a esta quinta (29). Ela foi encomendada pela Folha e pela TV Globo e registrada com o número BR-09479/2022 no Tribunal Superior Eleitoral.
A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
O ex-presidente Lula e o presidente Jair Bolsonaro – Gabriela Biló e Antonio Molina/Folhapress
O instituto passa a divulgar o resultado dos válidos, o que exclui da conta de intenção os votos brancos, nulos e indecisos, pois esse é o critério usado pelo TSE para contabilizar o resultado do pleito.
Lula se mantém no limiar da vitória no primeiro turno, que demanda 50% dos válidos mais um voto ao menos, numa onda de recuperação: chegou a ter 54% em maio, descendo em setembro para 48%, patamar em que permaneceu até a semana passada, quando oscilou para 50%.
Assim, o ex-presidente pode ter de 48% a 52% dos válidos, o que empurra a definição sobre o segundo turno para a última hora. A situação é de estabilidade —Bolsonaro tinha 35% dos válidos na semana passada e passou para 36%.
A campanha petista intensificou sua busca por votos, particularmente de Ciro, cuja reação energética contra a ofensiva resultou num comunicado à nação na segunda (27), quando disse que não deixaria a disputa.
Não foi muito ouvido pelos eleitores: neste levantamento, ele oscilou negativamente ante o da semana passada, de 7% dos válidos para 6%. Como Lula oscilou positivamente um ponto e os indecisos se mantiveram estáveis, pode haver uma migração, mas ainda não parece consolidada.
A senadora Tebet, por sua vez, manteve-se estável, provando que, se a campanha não lhe trouxe uma candidatura viável, ao menos a mostrou inoxidável em seu patamar. O Datafolha havia mostrado que 1 em cada 5 eleitores dela e de Ciro estava disposto a votar útil em Lula.
Quando o critério é a totalidade dos votos, incluindo brancos, nulos e indecisos, Lula oscilou de 47% para 48% ante a pesquisa anterior. Bolsonaro foi de 33% para 34%, Ciro, de 7% para 6% e Tebet manteve seus 5%.
Os resultados tornam ainda mais importante para Lula e para Bolsonaro o debate desta quinta na TV Globo, o último grande evento da campanha. Qualquer escorregão mais grave pode atrapalhar; empates ou vitórias por pontos são o que usualmente se espera desses encontros, cuja mística é algo exagerada na crônica política.
Com efeito, a ausência de Lula no encontro do SBT no sábado passado (24) em nada lhe prejudicou a intenção de voto. Assim como a algo folclórica apresentação ao mundo das redes sociais de Padre Kelmon não ajudou o candidato do PTB, que não pontuou.
Problema maior para o PT é a questão da abstenção, que atinge tradicionalmente mais eleitores de baixa renda que compõem a força de Lula nesta campanha. Não há como prever essa taxa, dada a imprevisibilidade de fatores, e segundo o Datafolha havia apurado na semana passada, 3% dos eleitores admitiam não ir às urnas.
Entre os eleitores que ganham até 2 salários mínimos, 50% dos ouvidos neste levantamento, o petista mantém dianteira de 31 pontos sobre o presidente: 57% a 26% dos totais. Lula já havia ganho cinco pontos na pesquisa anterior, e manteve o patamar.