Em meio a um protesto de servidores em greve na Praça dos Três Poderes, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou nesta segunda-feira (10) um pacote de investimentos de R$ 5,5 bilhões para universidades e institutos federais. O anúncio foi feito pelo ministro da Educação, Camilo Santana, durante um evento no Palácio do Planalto com a presença de reitores das instituições de ensino.
O Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) destinará R$ 4,02 bilhões para três áreas principais: consolidação, expansão e hospitais universitários. Os recursos incluem:
– Consolidação (R$ 3,75 bilhões): Investimentos em infraestrutura, como salas de aula, auditórios e laboratórios.
– Expansão (R$ 600 milhões): Criação de 10 novos campi nas cinco regiões do país.
– Hospitais universitários (R$ 250 milhões): Construção de oito novos hospitais e 37 obras em hospitais existentes.
Adicionalmente, o ministro Camilo Santana anunciou um aumento de R$ 400 milhões no orçamento de custeio das universidades e institutos federais, sendo R$ 279,2 milhões destinados às universidades e R$ 120,7 milhões aos institutos. Esses recursos poderão ser utilizados conforme determinação dos reitores e gestores.
Até 2026, o programa prevê um total de R$ 3,17 bilhões para melhorias nas universidades, R$ 600 milhões para a expansão de novos campi e R$ 1,75 bilhão para construção e reformas de hospitais universitários.
Durante o evento, o presidente Lula reconheceu a legitimidade da greve dos servidores, mas criticou a sua duração. “Se analisarem o conjunto da obra, vão perceber que não há razão para durar como está durando”, disse Lula. Ele compartilhou sua experiência como dirigente sindical e enfatizou a necessidade de diálogo.
Os servidores das universidades e institutos federais estão em greve há quase dois meses, reivindicando aumento salarial e reestruturação do plano de carreira. Márcia Abrahão Moura, reitora da Universidade de Brasília (UnB), fez um apelo ao presidente Lula, destacando a defasagem salarial dos técnicos-administrativos. “Tem técnicos-administrativos que chegam a ganhar menos do que um salário mínimo”, afirmou.
Enquanto o evento ocorria, cerca de 100 manifestantes protestavam em frente ao Palácio do Planalto. Os servidores, munidos de faixas e gritos de ordem, pediam atenção para suas reivindicações. Uma nova rodada de negociações está marcada para amanhã (11).
Os docentes reivindicam um aumento salarial de 22%, dividido em três anos, enquanto os servidores técnicos-administrativos pedem um reajuste de 117%. O governo oferece 9% de reajuste para 2025 e 3,5% para 2026, sem aumento previsto para este ano. A proposta atual não tem sido bem recebida pelos grevistas.“O orçamento não é só o custeio, é tudo que entra no MEC”, justificou o ministro Camilo Santana, mencionando o aumento de 9% concedido aos professores no ano passado. Ele reforçou a importância do diálogo e da negociação para evitar a continuidade da greve.