Ao desembarcar em Brasília, o capitão reformado irá encontrar um cenário com muitas implicações políticas, julgamentos no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que podem levar à sua cassação e até investigações que podem atingi-lo, como no caso das joias e dos atos golpistas de 8 de janeiro.
O que está em jogo no caso das joias
- A entrada de joias da Arábia Saudita no país implica o ex-presidente. O caso está sendo investigado pela Polícia Federal, pelo Ministério Público Federal e pelo Senado.
- Bolsonaro pode ser convidado a depor para relatar os detalhes de sua versão da história.
- Ontem, foi revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo que Bolsonaro recebeu pessoalmente um estojo que contém um relógio Rolex, abotoaduras, anel, caneta e um masbaha (rosário islâmico) quando esteve em Doha, entre 28 e 30 de outubro de 2019. Seria um terceiro pacote de joias.
- Bolsonaro precisou devolver outro conjunto de joias e armas presenteadas na semana passada. O TCU determinou que ele não ficasse com os itens.
- Presentes entraram ilegalmente no país. Um outro conjunto de joias, que seria um presente para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, foi avaliado em R$ 16,5 milhões e retido pela Receita Federal.
- A defesa de Bolsonaro disse hoje que todos os presentes recebidos por ele foram “devidamente registrados”.
Atos golpistas
- Bolsonaro é formalmente investigado no inquérito do STF (Supremo Tribunal Federal) que apura os responsáveis pelos eventos do dia 8 de janeiro, quando foi destruída parte dos prédios da praça dos Três Poderes.
- O ex-presidente postou um vídeo questionando as eleições dias depois dos ataques, mas apagou o material. Por isso, foi incluído no inquérito.
- A investigação deve responder se Bolsonaro incitou a realização dos ataques.
- Aliado e ex-ministro da Justiça da gestão Bolsonaro, Anderson Torres está preso sob a acusação de omissão. À época, ele era secretário de Segurança do DF.
- Na casa de Torres, a Polícia Federal encontrou uma minuta do que traçava uma tentativa de golpe, estabelecendo um estado de defesa no TSE para mudar o resultado das eleições.
TSE julga inelegibilidade
- Para além dos inquéritos criminais, Bolsonaro está na mira do TSE em uma ação que pode torná-lo inelegível.
- Ação apura se Bolsonaro cometeu abuso de poder em reunião com embaixadores em julho de 2022.
- Ele é acusado de se utilizar do encontro, transmitido pela TV Brasil, para atacar a integridade do processo eleitoral e disseminar desinformação.
- Na ocasião, o então presidente reciclou mentiras contra o processo eleitoral –o evento foi transmitido pelas redes do governo.
- Autor da ação, o PDT acusa Bolsonaro de uso indevido dos meios de comunicação e abuso de poder político e pede a inelegibilidade do ex-presidente por oito anos.
- O partido está buscando acelerar o processo para garantir a condenação de Bolsonaro ainda neste semestre.
Quem será o candidato da direita?
- O espaço de candidato do bolsonarismo também está em disputa. Se, por alguma razão, Bolsonaro não for o candidato novamente na próxima eleição, outros nomes do PL disputam seu espaço.
- Michelle Bolsonaro, esposa e ex-primeira-dama, é um dos nomes cotados para assumir o posto. Ela estreou na política em grande evento assumindo a presidência do PL Mulher.
- Ontem, em entrevista ao jornal O Globo, a senadora Damares Alves, ex-ministra da Família e Direitos Humanos na gestão Bolsonaro, afastou Michelle do posto e disse que ela não tem interesse: “Hoje o que ela quer fazer é ajudar a fortalecer a direita. (…) Cargo eletivo ela não fala, hoje não está no coração dela”, afirmou.
- Damares ainda se colocou como alternativa da direita para 2026. “Tem eu. Não esqueçam de mim, sou boa”, disse.