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Operação desarticula esquema de tráfico no ES que contava com PM informante

15 jan 2025 - 15:57

Redação Em Dia ES

por Julieverson Figueredo

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Operação “Killers” revelou esquema de tráfico liderado por “Dadá” em Cariacica e Vila Velha, com envolvimento de policial militar que atuava como informante
Operação desarticula esquema de tráfico no ES que contava com PM informante. Foto: Reprodução

A Polícia Civil do Espírito Santo (PCES), por meio do Centro de Inteligência e Análise Telemática (Ciat), com apoio da Subsecretaria de Inteligência (SEI) da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (Sesp), concluiu a investigação da Operação “Killers”. A ação resultou em 14 denunciados pelo Ministério Público, desmantelando uma organização criminosa ligada ao tráfico de drogas nos municípios de Cariacica e Vila Velha.

Entre os presos, está um policial militar acusado de repassar informações a traficantes. Durante a operação, foram apreendidos veículos de luxo, drogas e armas. O delegado-geral da Polícia Civil, José Darcy Arruda, afirmou que a operação marca o início de novas ações contra o tráfico no estado. Segundo o delegado Alan Moreno de Andrade, coordenador do Ciat, o esquema liderado por Adair Fernandes da Silva, conhecido como “Dadá”, apresentava particularidades que o diferenciavam de outras operações de tráfico na região de Flexal II.

“Dadá” era descrito como um traficante de estilo “Old School”, que evitava alianças com facções e focava na lucratividade. Ele liderava o tráfico em Flexal II e Porto Novo, movimentando cargas milionárias de crack e mantendo conexões com grupos como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Terceiro Comando Puro (TCP).

“Ele era um traficante de estilo Old School, isto é, de antigamente, que põe a mão na massa. Temos vídeos dele ajudando no preparo da maconha para vender. Apesar de comprar produtos do Primeiro Comando Puro (PCC), ele não tinha interesse em se aliar a nenhuma facção e evitava guerra o máximo possível, porque seu objetivo era ganhar dinheiro”, explica o delegado.

A organização operava de forma estruturada, com hierarquia bem definida e tarefas específicas. A droga era preparada e embalada em barcos no mangue e armazenada em ferros-velhos antes da distribuição. A PCES estima que mais de 100 mil moradores de áreas como Flexal II e Porto Novo sofrem diretamente com a violência gerada pela organização criminosa, que operava 24 horas por dia.

O soldado da Polícia Militar (PMES) Maurício Simonassi de Andrade foi preso no dia 7 de novembro de 2024, no bairro Sotema, em Cariacica. Ele é acusado de fornecer informações sigilosas, incluindo rotas de patrulhamento e horários, e alertas sobre operações policiais, permitindo que a organização evitasse a apreensão de drogas e dinheiro.

Ele recebia pagamentos regulares de “Dadá”, estimados em R$ 5 mil mensais, em troca do fornecimento de informações confidenciais. Também há indícios de que ele recebeu um veículo usado como pagamento, modelo Fiat Palio, registrado sob nome falso

O policial era identificado como membro ativo da força policial local com históricos de irregularidades menores.

Adair Fernandes da Silva, o “Dadá”, foi preso em maio de 2024 em Cariacica, enquanto ocupava a sétima posição na lista dos mais procurados pela Sesp. Após sua prisão, Gideon da Silva Jorge, conhecido como “Caveira”, assumiu a liderança, mas foi morto em confronto com a Polícia Militar em janeiro de 2025.

A investigação revelou também um esquema sofisticado de lavagem de dinheiro, incluindo a aquisição de veículos de luxo e imóveis de alto padrão, além de movimentações financeiras internacionais. O dinheiro ganho com a operação era lavado através de carros de luxo, como uma BMW X5 e uma Land Rover Discovery, registrados em nomes de laranjas, incluindo Matheus Martins Barbosa, um comparsa conhecido por esconder bens.

Carlos Victor Hugo de Oliveira, um contador com ligações suspeitas à organização, fornecia chips e linhas telefônicas pré-pagos para comunicação segura. Essas linhas são usadas para gerenciar transferências de dinheiro e para esconder o rastreamento de atividade ilegais.

A organização criminosa recebia auxílio na aquisição e aluguel de imóveis de alto padrão em locais estratégicos. Em alguns casos, foram usadas empresas de fachada para ocultar a verdadeira propriedade, além de pagamentos em dinheiro vivo para evitar registros oficiais. A investigação revelou ainda que há fortes indícios de movimentação financeira em contas bancárias no exterior. Esses fundos provavelmente são provenientes do tráfico de drogas e são usados para esconder o dinheiro de suas operações ilegais.

Confira os nomes dos denunciados:

  1. Adair Fernandes da Silva “Dadá”: chefe do tráfico de drogas em Flexal II, Cariacica. Preso em maio de 2024
  2. Gideon da Silva Jorge “Caveira”: gerente de cocaína e crack, recebe ordens diretas de Dadá e assumiu a chefia após sua prisão. Foi morto em janeiro de 2025 em confronto com a PMES
  3. Wemerson Rosa de Oliveira “Boi”: gerente de venda de maconha, auxilia no preparo de entorpecentes.
  4. Vandeilson da Fonseca Antunes “Vandinho”: gerente de venda de skunk (haxixe) e comparsa de confiança de Dadá
  5. Carlos Eduardo Silva Correa “Lambã”: auxilia no preparo e venda de drogas, permeite o uso de sua conta bancária
  6. Matheus Martins Barbosa “Gaguinho”: oculta veículos adquiridos com dinheiro do tráfico em seu nome.
  7. Sidney dos Santos Nunes “Nego Sidney”: preso, mas mantém participação no tráfico de drogas
  8. Ederson Braga Paradela: em sua residência foram encontradas armas, munições e entorpecentes
  9. Eduardo Lucas dos Santos Oliveira “Duduzinho”: atual chefe do Morro do Quiabo, em Porto Novo, recebia armas, drogas e insumos de Dadá.
  10. Marcos de Jesus Bispo “Chapinha”: auxiliava no preparo e venda de drogas.
  11. Ruan Lourenço Correa “Marola”: auxiliava na venda e preparo de entorpecentes.
  12. Robson Rodrigues “Robinho”: traficante de grande expressão na Serra, tinha relações comerciais com Dadá. No momento de sua prisão foi encontrado farto material bélico.
  13. Carlos Victor Hugo de Oliveira “Coroa Mel”: revendia aparelhos telefônicos para o grupo de Dadá, além de habilitar linhas em seu nome para facilitar a comunicação do grupo.
  14. José Candido Javarini Filho “Dé de São Pedro”: chefe do tráfico na região de São Pedro, fazia vultuosas transações financeiras com Dadá.
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Atualizado: 15/01/2025 16:22

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