O maior e mais recente investimento na segurança pública do ES foi na instauração do Programa Estado Presente, no início da gestão do governador Renato Casagrande
A campanha armamentista nos últimos anos pode ter interferido diretamente no aumento do número de confrontos de contraventores com a polícia no Espírito Santo. É o que afirma o secretário de Economia e Planejamento do Espírito Santo, Álvaro Duboc.
O maior e mais recente investimento na segurança pública do Espírito Santo foi na instauração do Programa Estado Presente, no início da gestão do governador Renato Casagrande. O programa tem como principal objetivo mesclar o trabalho de inteligência da polícia com ações de médio e longo prazo, para entender e diminuir a violência nas comunidades de maior vulnerabilidade social.
Nos últimos dois anos, o secretário afirma que, por resultado do programa, já foi possível observar alguns comportamentos resultado da flexibilização de armas no Estado. “Foi um dos maiores desafios para a segurança pública. Uma estratégia importante do programa foi na apreensão de armas de fogo. Só em 2020, o número ultrapassa 2.600”.
Segundo ele, o aumento na disponibilidade de armas para a população fez com que o número de confrontos com a polícia sofresse um aumento. “Houve uma flexibilização ao acesso de armas não rastreáveis e sem muito controle na distribuição”. Com isso, o número de mortes durante os confrontos policiais aumentou significativamente.
Os dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) mostram que, nos últimos 10 anos, o Espírito Santo subiu de cinco (2011) para 28 (2020) mortes decorrentes de intervenções policiais. Sendo que os indicadores de segurança pública do Estado, disponibilizados pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), mostram que, desde 2016, as maiores vítimas (70%) foram pessoas negras (pretos e pardos), entre 15 a 29 anos (81%), e na grande maioria, homens. Já o número de policiais civis e militares mortos durante confrontos no Espírito Santo foi de oito no mesmo período.
Há uma disparidade na realidade do total de homicídios no Estado, que mostra uma queda nos últimos 10 anos. O número de crimes letais intencionais caiu de 1.483 mortos em 2011 para 1.152 no último registro em 2018, mostram os dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Os dados mais recentes do IJSN mostram que, durante o atual governo, os números continuam caindo, com um total de 978 homicídios em 2019. E, além disso, a SESP registrou 764 homicídios até agosto desse ano.
No total de homicídios do Estado também é possível observar que as maiores vítimas são homens (91%), com idade entre 15 a 29 anos (54%), a grande maioria (79%) pretos e pardos. É para mudar esses dados que o programa Estado Presente tem investido em ações sociais.
De acordo com Álvaro Duboc, o investimento social do programa é focado na geração de habilidades e oportunidades para esses jovens. “Em 2021, serão construídos 14 centros de juventude no estado, com ações focadas na redução da evasão escolar, tornando a educação mais atraente, com oficinas voltadas ao trabalho, cultura e esporte. Porém, é importante destacar, também, o volume grande de investimentos em tecnologias para a inteligência policial, aumentando as vagas nos concursos, focando em melhores estratégias para combater a violência no Estado”.