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Homens dizem estar possuídos para abusar de adolescentes em rituais no ES

02 jan 2025 - 14:14

Redação Em Dia ES

por Julieverson Figueredo

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Suspeitos alegavam estar possuídos e obrigavam as vítimas a participarem de rituais sob ameaça de morte aos familiares. Até o momento, nove vítimas foram identificadas, mas investigações continuam apurando outros casos
Homens dizem estar possuídos para abusar de adolescentes em rituais no ES. Foto: Reprodução

Três homens, com idades entre 18 e 19 anos, foram presos pela Polícia Civil do Espírito Santo acusados de abusar sexualmente de adolescentes de igrejas evangélicas em Cariacica, na Grande Vitória. Segundo as investigações, os crimes ocorreram em um contexto de rituais, nos quais os suspeitos alegavam estar possuídos por entidades malignas e ameaçavam as vítimas para que mantivessem relações sexuais. O caso foi divulgado pela Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) na manhã desta quinta-feira (2), em Vitória.

De acordo com a polícia, os crimes começaram no final de 2023, quando os suspeitos passaram a frequentar igrejas evangélicas da cidade. Apesar de não serem pastores, os homens participavam ativamente de pregações, grupos de orações e atividades musicais, o que lhes permitiu conquistar a confiança dos adolescentes e de suas famílias.

“Depois que eles conseguiam a confiança da família, eles começavam a fazer grupos de oração só com jovens entre 13 e 18 anos das igrejas. Pelo WhatsApp, eles marcavam os encontros, que não aconteciam nas igrejas, mas na casa de uma adolescente de 17 anos, que também era envolvida nos crimes, e nas casas dos autores”, explicou a delegada adjunta da DPCA, Gabriella Zaché.

Como os crimes eram praticados
Com o passar do tempo, um dos suspeitos começou a afirmar que recebia entidades malignas e que precisava realizar rituais com os adolescentes para evitar que o mal piorasse. Durante os encontros, eles diziam que as vítimas deveriam se sacrificar para protegê-los e salvar suas famílias, incluindo ameaças explícitas de violência.

“Os suspeitos ameaçavam as vítimas com facas e pedaços de paus. Eles falavam que estavam possuídos e que isso seria um ritual. Se os adolescentes não tivessem relações sexuais, eles ficariam piores e iriam matar a família das vítimas. Era como se fosse um sacrifício feito pelas vítimas pelo bem deles”, detalhou a delegada Gabriella Zaché.

Além disso, os suspeitos utilizavam o nome de Deus e exploravam a fé das vítimas para justificar os abusos. “Um deles chegou a dizer que tinha o capeta no corpo. Eles usavam até violência e obrigavam a ter relações sexuais, inclusive ameaçavam as vítimas dizendo que, se eles negassem, matariam os pais e parentes delas. Eles também faziam os adolescentes se cortarem como se fosse um castigo e pediam fotos nuas às vítimas”, acrescentou a delegada.

Os crimes vieram à tona em outubro de 2024, quando familiares das vítimas perceberam mudanças no comportamento dos filhos. Ao verificarem os celulares dos adolescentes, os pais encontraram mensagens nos grupos criados pelos suspeitos e decidiram procurar a delegacia. “Eles ficaram em choque por serem membros da igreja. As vítimas também ficaram em choque e não contavam porque eram ameaçadas o tempo todo. Em outubro passado, seis pais procuraram a delegacia e fizeram a denúncia”, afirmou Gabriella Zaché.

As prisões dos três homens ocorreram ao longo das investigações, sendo a última realizada no domingo (29). Segundo a polícia, o suspeito preso neste dia confessou os crimes após ser detido. Nenhum dos três acusados possuía antecedentes criminais, e com eles foram apreendidos celulares que estão sendo analisados para coletar mais provas.

Pelo menos três crimes foram identificados nesse caso: estupro com uso de violência, induzimento à automutilação e armazenamento de imagens íntimas de adolescentes. As investigações também apontaram o envolvimento de uma adolescente de 17 anos, namorada de um dos suspeitos. Ela teria colaborado com os abusos e ameaçado as vítimas após a prisão dos homens. Contudo, a justiça determinou que não havia elementos suficientes para apreendê-la.

Apoio às vítimas
As nove vítimas identificadas até o momento, todas adolescentes, estão recebendo atendimento do setor psicossocial da polícia e acompanhamento psicológico. Segundo a delegada-chefe da DPCA, Thais Cruz, o impacto emocional dos crimes foi profundo. “Elas tiveram um dano emocional enorme. Além de serem vítimas de abuso, mexeu com a religião delas também. Por isso, reforçamos a importância de denunciar e acreditar nas palavras das vítimas”, declarou.

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Atualizado: 02/01/2025 14:43

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