Um homem de 44 anos foi preso em flagrante na tarde deste domingo (5) por sequestrar, manter em cárcere privado, ameaçar, agredir e estuprar uma embaladora de supermercado de 61 anos no bairro Tabajara, em Cariacica, na Grande Vitória. Segundo a Polícia Civil, Joanderson Ribeiro se aproximou da mulher fingiu ser policial para conquistar a confiança da vítima e cometer os crimes.
De acordo com a polícia, o filho da vítima compareceu a delegacia e fez a denúncia após uma supervisora do supermercado onde a mulher trabalha identificar machucados na vítima, além alteração no comportamento.
Segundo a delegada plantonista da Delegacia de Plantão Especializado da Mulher (PEM) Andrea Magalhães, a vítima foi resgatada lesionada, com ferimentos nos olhos, pescoço e sentindo dores na cabeça e no corpo.
“Ela [a vítima] afirmou que estava sendo mantida em cárcere privado, sendo brutalmente agredida e estuprada pelo suspeito. Imediatamente, reunimos os policiais, fomos à residência dele e o prendemos em flagrante”, disse a delegada.
A vítima não soube informar quanto tempo ficou refém do agressor, mas disse ter sido por cerca de dez dias, já que passou o Natal e o Ano Novo em cárcere privado.
Durante esse período, a mulher só podia sair para trabalhar e era obrigada a manter relações sexuais com o homem, sendo agredida caso se recusasse.
A mulher relatou que nos dias em que ficou presa, o suspeito foi até a casa dela, que fica no bairro Bandeirantes, em Cariacica, e vendeu vários objetos que estavam no imóvel, incluindo geladeira, fogão e guarda-roupas.
Ainda segundo a vítima, o falso policial civil chegou a furar o olho dela.
“Ele furou meu olho porque disse que eu atendia os clientes, sorria para os clientes e olhava. Não era para eu olhar para ninguém. Começou a me espancar e furou meu olho com a unha”, disse.
Quando ia para o trabalho, a vítima era obrigada a inventar falsas histórias sobre os ferimentos que tinha para que ninguém desconfiasse.
No entanto, a supervisora da mulher percebeu que havia algo errado e entrou em contato com o filho da embaladora e com a polícia.
Após a supervisora acionar a polícia, a vítima acabou passando mal e foi socorrida e levada para um hospital.
A vítima disse que registrou as agressões em uma delegacia da mulher em Cariacica, mas não foi ao Departamento Médico Legal (DML) para realizar exames e dar continuidade à investigação do caso.
Depois desse episódio, Janderson sempre aparecia no supermercado e voltava a ameaçar a vítima. No entanto, os seguranças do estabelecimento a protegiam quando isso acontecia.
No último sábado (4), após sair do trabalho, a mulher foi abordada pelo falso policial e ameaçada com uma faca.
Ele a obrigou a ir para a casa dele e a fornecer o número do telefone do proprietário do imóvel onde ela morava. Em seguida, o suspeito entrou em contato com o dono, dizendo que iria morar com a vítima e que seria marido dela.
O homem passou a recriminá-la sobre como ela atendia os clientes e agredi-la com socos no rosto. Ele também tentou enforcá-la e ameaçou queimar a mulher.
“Eu achava que ia morrer lá. Faziam eu tirar aparelho para ninguém chamar. No supermercado, ele também disse pra não contar pra ninguém”, disse a embaladora.
À noite, o filho da embaladora ligou para ela, mas a vítima não conseguiu pedir ajuda pois o agressor a obrigou dizer que estava bem.
Na manhã de domingo, o filho ameaçou ligar para a polícia caso o homem não o deixasse ver a mãe. Com receio, o suspeito permitiu que eles se encontrassem.
Ao perceber que a mãe estava bem machucada, o rapaz pediu ajuda ao Plantão Especializado da Mulher, em Vitória, e relatou o paradeiro do suspeito.
O homem acabou preso em flagrante no mesmo dia, e a mulher pediu uma medida protetiva contra ele.
De acordo com a polícia, o suspeito foi encontrado pelos policiais dentro de casa, preso e encaminhado para o Centro de Triagem de Viana (CTV).
Janderson foi autuado em flagrante pelos crimes de lesão corporal qualificada na forma da Lei Maria da Penha, ameaça, violência psicológica, sequestro e cárcere privado, dano ao patrimônio e estupro.
Na manhã desta segunda-feira (6), ainda na delegacia, o homem disse em entrevista que os dois brigavam por causa de bebida.
“Eu estava doidão de bebida e aí saímos no tapa lá. Ela não ficava presa em casa, não, ela não morava comigo… Só ia lá de vez em quando”, disse.
Com informações do G1 ES