Cinco homens foram presos suspeitos de integrarem uma organização criminosa que agia dentro da mineradora multinacional Vale, localizada no bairro Jardim Camburi, em Vitória, realizando roubos e furtos. O prejuízo causado à empresa ultrapassou a marca dos R$ 75 milhões.
Em coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira (22) foi informado que os criminosos roubavam bobinas da mineradora, sendo que cada peça tem valor aproximado de R$ 1 milhão. Uma ação do setor de segurança da própria empresa desconfiou das ações e procurou o Departamento Especializado de Investigações Criminais (Deic).
As prisões foram realizadas durante três operações deflagradas pelo Deic desde o início do mês de setembro. Os indivíduos agiam há anos e são apontados também por receptação.
Sobre o momento da prisão do principal executor, o delegado chefe da Divisão Patrimonial, Gabriel Monteiro, comentou que ele já contava com passagens pelos mesmos crimes e que trocou tiros com os agentes. “Ele tem mais de seis passagens judiciais, resistiu à prisão e houve troca de tiros. Agora responderá por tentativa de homicídio, de furto e organização criminosa”, disse.
Segundo informações da Polícia Civil, além das prisões, foram apreendidos dois carros de luxo, R$ 10 mil em espécie e foram recuperados grande quantidade dos objetos furtados/roubados avaliados em mais de R$ 500 mil.
Como era a execução
Também em coletiva, foi informado que, diante do tamanho e peso da bobina, o material era cortado e levado aos poucos. Os criminosos também roubaram ferramentas e sucatas da empresa, sendo que tudo ia para uma área alugada na Serra e depois o material era encaminhado para um ferro-velho de Vila Velha, onde o material era vendido.
As investigações tiveram início há seis meses. Segundo o delegado responsável pelo caso, os roubos ocorriam há pelo menos um ano. A polícia investiga a participação de outras pessoas no esquema.
Em coletiva, o delegado-geral da Polícia Civil, José Darcy Arruda, afirmou que crimes assim não ficarão impunes. “Foi um prejuízo muito grande à empresa e quem quer que esteja com essa intenção de praticar esse tipo de crime, melhor que não faça, não compensa. Nós vamos buscar e prender, não tenham dúvida disso”, disse.
Como funcionou a atuação policial
Segundo Gabriel Monteiro, a organização tinha tarefas muito bem delimitadas. “Na primeira fase prendemos três indivíduos que faziam parte de uma terceirizada. Um deles era até o gerente dela e, por isso, obtinha informações privilegiadas para os furtos. Os três presos emprestavam uniformes e caminhões para os outros suspeitos entrarem com as informações para roubarem ferramentas, sucata, bobinas e ferro”, relatou.
O esquema já contava com um terreno na Serra, para onde ia o material. Após alguns dias guardado lá, chegavam os receptadores.
“Na segunda fase prendemos os executores e na terceira fase os receptadores. O gerente sabia os horários de menos vigilância. Os executores tinham roupa da empresa e conseguiam caminhão credenciado. À noite voltavam e recolhiam tudo para o terreno alugado e depois seguiam para o ferro-velho. Os funcionários da terceirizada foram presos no terreno alugado”, finalizou.
O dono do ferro velho é um homem de 57 anos e foi autuado por receptação qualificada e teve a prisão preventiva decretada.
Já o responsável por cometer furtos e roubos, de 30 anos, foi preso em flagrante por tentativa de homicídio contra agentes da lei, tentativa de furto qualificado e organização criminosa. Também já teve a prisão preventiva decretada pela justiça.
Os outros três presos em flagrante têm 34, 58 e 36 anos e eram funcionários de uma terceirizada. Estes responderão por furto qualificado e organização criminosa.
O que diz a Vale
Procurada, a empresa Vale informou que colabora com as autoridades, prestando as informações necessárias e requisitadas.