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Nascida em uma pequena cidade da Bahia, desde os sete anos teve que aprender a trabalhar para ajudar a família. A aluna se casou cedo e precisou interromper os estudos por algum tempo para cuidar da primeira filha, que sofreu um acidente grave e entrou em coma. Com o caro tratamento, Marinês chegou até a pedir esmolas na rua, mas nunca desistiu de mudar a realidade que estava inserida.
Em 2005, mudou-se para Linhares. Após finalizar o ensino médio, Marinês iniciou a graduação que sempre sonhou: Pedagogia. “Sempre acreditei que os professores poderiam melhorar o mundo e eu gostaria de ser útil para a educação”, afirma. Em 2009, a egressa teve mais uma surpresa da vida. “Senti uma forte dor no peito e descobri problemas de arritmia cardíaca”, explica. Ela teve que interromper os estudos novamente para realizar o tratamento apropriado, mas em 2010, retornou à Faculdade Pitágoras e conseguiu retomar as atividades.
Para conseguir o sustento da família – que inclui quatro filhos e uma neta – iniciou uma atividade em Linhares que já conhecia bem. “Nasci embaixo de uma barraca de feira, onde minha mãe trabalha até hoje na Bahia. Por lá, aprendi o ofício. Já trabalho como feirante na cidade há quase cinco anos”, conta. Marinês comercializa temperos e verduras, em uma rotina árdua. “Trabalho todos os dias, principalmente às sextas-feiras, sábados e domingos: desde 4h da manhã, estou na feira dos bairros BNH, Araçá e Planalto, atendendo os meus fregueses até às 20h”, pontua.
Segundo a aluna esforçada, muito do vivenciado na feira pode ser aproveitado dentro da sala de aula, como o relacionamento interpessoal. O prazer em ajudar e servir também são habilidades que podem ser muito bem utilizadas nas duas profissões: a de feirante e de professora. “No curso de Pedagogia aprendo muitas coisas que me ajudam como feirante, como a polidez, o diálogo, o carinho, o respeito e a educação”, complementa. Consciente de que a educação é essencial para um futuro melhor, Marinês incentiva os filhos a continuar os estudos. “Quero que as pessoas da minha família consigam transformar positivamente suas realidades e que possam viver com maior dignidade. Isso será proporcionado apenas pela educação”, comenta.
A aluna não para de sonhar e deseja que a nova carreira ajude na luta pelo futuro de outras crianças que, como ela, possuem dificuldades em completar os estudos. “Quero atuar como professora, desenvolvendo projetos com crianças carentes. Também quero cursar pós-graduação em Psicopedagogia”, afirma. Ela ainda pretende cursar outra graduação e está em dúvida se escolhe Direito ou Engenharia. “A vida é dura somente para quem é mole!” finaliza, com muito humor.
Redação Portal Ouro Negro
