O apoio financeiro de potências mundiais à Ucrânia, em guerra com a Rússia desde 2022, é 27 vezes maior do que o valor que a Organização das Nações Unidas (ONU) projeta para evitar a fome de 42 milhões de pessoas em 43 países.
Em 2021, o diretor do Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU apresentou um plano de combate à fome no mundo no valor de US$ 6,6 bilhões. A quantia seria suficiente para alimentar por um ano a população de 43 países à beira da fome, segundo a organização.
O valor representa 3,5% dos US$ 167,5 bilhões enviados em apoio a Ucrânia, seja ele financeiro, militar e humanitário.
Segundo dados do Instituto Kiel, os Estados Unidos seguem sendo o maior financiador da Ucrânia na guerra. Ao todo, US$ 67,8 bilhões já foram destinados para Kiev pela administração de Joe Biden, sendo US$ 57 bilhões em apoio militar.
O investimento norte-americano na guerra do Leste Europeu é US$ 8,2 bilhões maior do que o valor gasto anualmente em causas da insegurança alimentar entre 2017 e 2021. De acordo com o último relatório O Estado de Segurança Alimentar e da Nutrição no Mundo (Sofi), da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), US$ 76 bilhões foram investidos contra a fome durante o período.
Valor chega perto de erradicar a fome
O último relatório Sofi lançado pela ONU em julho deste ano estima que entre 713 milhões e 757 milhões de pessoas passaram fome em 2023, uma média de 733 milhões.
Lançado anualmente pela ONU, o documento aponta a África como a região mais afetada pela fome no último ano. Ásia, Oceania, América Latina e Caribe vêm em seguida.
Nesse cenário, o total investido na guerra da Ucrânia se aproxima da quantia inicial estimada pela ONU para resolver o problema da fome no mundo.
Para resolver o problema, e erradicar a fome no mundo até 2030, o relatório afirma que o investimento necessário seria entre US$ 176 bilhões, apenas US$ 8,5 bilhões a mais do que os US$ 167,5 bilhões recebidos pela a Ucrânia durante a guerra.