Digitalização e tecnologia na distribuição de energia e seus impactos foram os temas que marcaram o terceiro dia do XXIV Seminário Nacional de Distribuição de Energia Elétrica (Sendi) 2023, que se estende até esta sexta (10), no Espírito Santo. O evento tem a EDP como empresa anfitriã e realização do Instituto Abradee.
No primeiro painel “Copel – Novas Tecnologias na Distribuição de Energia Elétrica”, o diretor geral da Copel, do Paraná, Maximiliano Andres Orfali, citou três pontos fundamentais para pensar o futuro e se reinventar, a começar pela geração distribuída.
“Hoje nos tempos na empresa mais de 200 mil pontos de geração distribuída. Tivemos que nos adaptar, operar a rede, aprender, saber como isso vai impactar no dia a dia”.
Outras questões fundamentais que ele apontou como desafios no setor são o carro elétrico e o smart grid.
“Os veículos elétricos ainda não estão no ponto máximo, mas vai chegar e vai influenciar muito o segmento. E mais recentemente a questão do smart grid, que é um sonho de todo engenheiro, quando um dia os nossos medidores se comunicarem e trouxerem informações para a gente. E isso já é uma realidade. Então temos que a aprender a lidar com tudo isso”, avaliou.
O diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Ricardo Lavorato Tili, afirmou que hoje as empresas mais ricas do mundo são as que detêm dado.
“Hoje a informação sobre o cliente está só no medidor. Daqui a seis meses, um ano, vai estar no quadro de distribuição lá na casa dele e você vai saber a hora que o cidadão ligou o chuveiro, a hora que ele ligou a tv, a hora que foi dormir. Abriu-se um leque de possibilidade e nós estamos mudando de patamar com os medidores inteligentes”.
De acordo com ele, a Aneel vai fazer uso dessas informações para melhor fiscalizar o setor elétrico.
“Do jeito que a gente fiscaliza hoje, vai acabar. A partir dessas informações, a gente pode ter uma tarifa personalizada pela qualidade da energia que o consumidor recebe. O produto que é entregue na zona rural pode ser diferente do entregue uma grande cidade, e hoje eles pagam a mesma tarifa. Portanto são muitas possibilidades e a Aneel está atenta, trabalhando, e vai acompanhar todas essas mudanças”.
Também participaram do debate Júlio Shigeaki Omori, superintendente de Smart Grid e Projetos Especiais da Copel Distribuição; e Alberto Oppenheimer, managing director da Google Cloud Latin America Solutions & Sales Specialist.
Alberto destacou que a inteligência artificial (IA) pode contribuir de forma decisiva para o setor elétrico, desde prever catástrofes naturais até no aumento de produtividade e apoio no call center da empresa. Citou, por exemplo, uma ferramenta que avalia a capacidade de energia solar de uma casa, calculando a inclinação do telhado e da posição do sol do local, tornando o processo mais eficiente e contribuindo para a sustentabilidade.
Vantagens do digital
No painel “Gridspertise – Distribuidora Digital: papel-chave na transição energética e na relação com o cliente”, o debate levantou as vantagens da distribuição digital para as concessionárias e, consequentemente, para o consumidor final.
O diretor presidente da Gridspertise LatAm, Bruno Cranco Cecchetti, disse que a distribuição digital é uma mudança de paradigma e traz uma série de vantagens, como mais controle sobre as informações de consumo, alertas para tarifas sociais, gestão mais avançada de inadimplência, interrupção de corrente, entre outros.
Marcos Aurelio Martins, diretor presidente do Instituto de Tecnologia e Inovação para Transição Energética (Itite), reforçou o papel da entidade, que começa suas atividades neste mês, para o desenvolvimento de ações e pesquisas para o setor elétrico.
A mesa contou ainda com a participação de Sanderson dos Santos Fagundes, VP de Operações na América Latinada Gridspertise.
Sendi 23
Com a participação de 3,5 mil pessoas, o Sendi 2023 teve início na última terça-feira (07) com uma ampla programação que incluiu apresentação de mais de 220 trabalhos técnicos, pitchs com mais de 20 startups, ExpoSendi com 150 empresas participantes, palestra com o economista Ricardo Amorim, o Rodeio Nacional de Eletricistas, plenárias simultâneas, debates sobre liberalização do mercado, entre outros.
Realizado desde 1962, o Sendi é o maior evento de distribuição de energia da América Latina e reúne as principais inovações do setor, com destaque para soluções sustentáveis e de alta qualidade.