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Quem é Robert Francis Prevost, eleito papa Leão XIV

08 maio 2025 - 14:45

Redação Em Dia ES

por Julieverson Figueredo

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Ex-missionário no Peru e com carreira estratégica no Vaticano, Prevost assume após dois dias de conclave com a missão de dar continuidade às reformas iniciadas por Francisco
Quem é Robert Francis Prevost, eleito papa Leão XIV. Foto: Yara Nardi / REUTERS

O cardeal norte-americano Robert Francis Prevost, de 69 anos, foi eleito nesta quinta-feira (8) como o novo papa da Igreja Católica. Ele será conhecido como Leão XIV, sucedendo Francisco na liderança da Santa Sé. A escolha foi confirmada com a tradicional fumaça branca expelida da chaminé da Capela Sistina, no segundo dia do conclave que reuniu 133 cardeais eleitores.

Prevost foi eleito com o voto de pelo menos dois terços dos cardeais presentes — ao menos 89 — e assume como o primeiro papa nascido nos Estados Unidos e também o primeiro pontífice originado de um país de maioria protestante. Ele também possui cidadania peruana desde 2015, o que reforça seu vínculo com a América Latina.

“Pastor de duas pátrias”
Nascido em Chicago, Prevost ingressou na vida religiosa aos 22 anos pela Ordem de Santo Agostinho. Foi ordenado padre em 1982 e, dois anos depois, iniciou sua missão no Peru. Atuou primeiro em Piura e depois em Trujillo, onde permaneceu por uma década durante o governo de Alberto Fujimori. Ao longo desse período, destacou-se pela atuação pastoral e por cobrar justiça diante de abusos cometidos durante o regime.

Sua trajetória no país andino culminou na nomeação como administrador da Diocese de Chiclayo em 2014, onde também foi ordenado bispo. Ele permaneceu no cargo por nove anos, até ser chamado ao Vaticano para integrar a alta cúpula da Cúria Romana.

Em Roma, foi nomeado prefeito do Dicastério para os Bispos — órgão responsável por aconselhar o papa na escolha de novos bispos — e também presidente da Comissão Pontifícia para a América Latina. Essas posições o colocaram em contato direto com as estruturas de liderança da Igreja ao redor do mundo e o consolidaram como figura estratégica no governo de Francisco.

Formação e atuação no Vaticano
Prevost tem formação em teologia pela União Teológica Católica de Chicago e doutorado em direito canônico pela Universidade de São Tomás de Aquino, em Roma. Ao longo da última década, foi considerado um dos principais colaboradores do papa Francisco, com quem compartilhava uma visão de Igreja mais pastoral, próxima dos pobres e das periferias.

Em 2023, foi elevado ao posto de cardeal, apenas um ano antes de ser escolhido para liderar a Igreja. Durante a internação de Francisco, Prevost chegou a liderar uma oração pública no Vaticano pela saúde do pontífice.

Em entrevista recente ao Vatican News, ele afirmou: “Não podemos parar, não podemos retroceder. Temos que ver como o Espírito Santo quer que a Igreja seja hoje e amanhã, porque o mundo de hoje, em que a Igreja vive, não é o mesmo que o mundo de 10 ou 20 anos atrás”.

Denúncias e investigações
Durante sua gestão como bispo no Peru, Prevost enfrentou acusações de acobertamento de casos de abuso sexual envolvendo dois padres locais. As denúncias foram formalizadas por três mulheres que alegaram ter sido vítimas na infância. Segundo os relatos, Prevost foi contatado inicialmente por telefone em 2020 e, em 2022, recebeu as denúncias por escrito, encaminhando os casos ao Vaticano.

Um dos padres foi afastado preventivamente e o outro já não atuava por questões de saúde. A Diocese de Chiclayo negou qualquer omissão e afirmou que todas as medidas exigidas pela legislação canônica foram tomadas. A investigação por parte do Vaticano ainda está em curso.

Um novo capítulo na liderança católica
A eleição de Leão XIV ocorre em um momento em que a Igreja busca dar continuidade às reformas de Francisco e responder a desafios contemporâneos como a crise de vocações, os escândalos de abuso e a crescente secularização da sociedade.

Com fluência em espanhol e larga experiência na América Latina, Prevost é visto como uma ponte entre o norte e o sul do continente. Sua trajetória missionária e sua formação na tradição agostiniana indicam uma liderança com atenção à dimensão pastoral e espiritual da Igreja.

A escolha também representa uma ruptura com a tradição de resistência à eleição de um papa norte-americano, geralmente evitada por temor de uma politização da figura papal diante do peso geopolítico dos Estados Unidos.

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Atualizado: 08/05/2025 14:56

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