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Policial militar que matou músico é demitido da corporação em Vitória

23 set 2024 - 15:47

Redação Em Dia ES

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Lucas Torrezani de Oliveira permanece preso e terá 15 dias para apresentar recurso. Crime ocorreu após vítima reclamar de som alto em condomínio no bairro Jardim Camburi
PMES decide demitir soldado acusado de matar músico em Vitória. Foto: Reprodução

A Corregedoria da Polícia Militar do Espírito Santo decidiu pela demissão do soldado Lucas Torrezani de Oliveira, 28 anos, acusado de atirar e matar o músico Guilherme Rocha, 37, em abril de 2023.

O crime ocorreu após uma discussão sobre o som alto em uma festa no condomínio onde ambos moravam, no bairro Jardim Camburi, em Vitória. A decisão foi tomada pelo Conselho de Disciplina da corporação e ainda precisa ser homologada pelo Comando Geral da PMES.

O crime foi registrado por câmeras de segurança na madrugada do dia 17 de abril de 2023. As imagens mostram o momento em que Lucas Torrezani atira em Guilherme Rocha, que havia se aproximado para pedir que a festa organizada pelo militar fosse encerrada.

O músico estava desarmado e teria levantado as mãos em um gesto de rendição antes de ser baleado. O soldado foi preso em flagrante, mas liberado pouco tempo depois para responder o processo em liberdade. No entanto, com o avanço das investigações, sua prisão foi decretada, e ele atualmente está detido no presídio militar no Quartel do Comando Geral (QCG), em Maruípe, Vitória.

A decisão de demissão do soldado foi publicada no último dia 20 de setembro, em boletim da PMES. No documento, a Corregedoria informou que Lucas Torrezani permanecerá preso até que o processo administrativo tenha o trânsito em julgado, e a demissão seja homologada pelo Comando Geral.

O militar terá 15 dias para apresentar recurso administrativo contra a decisão. Caso os recursos sejam apresentados, o Comando Geral só poderá homologar a demissão após a análise final.

Em nota oficial, a Polícia Militar do Espírito Santo (PMES) afirmou que a solução do Conselho de Disciplina foi pela demissão do soldado, mas que a decisão ainda depende de homologação pelo Comando Geral.

“O policial ainda pode apresentar recurso administrativo contra a decisão. Enquanto isso, permanece preso no presídio militar localizado no QCG, até que ocorra o trânsito em julgado administrativo. O soldado Lucas Torezani de Oliveira terá 15 dias para apresentar recurso administrativo contra a solução relativa ao Conselho de Disciplina”, diz o comunicado.

Detalhes do documento
O documento que embasou a decisão de demitir Lucas Torrezani possui oito páginas e relata com detalhes o comportamento do soldado no dia do crime. Segundo o relatório, foi descartada a hipótese de legítima defesa, pois a vítima estava desarmada e em posição de rendição quando foi baleada.

O texto também destaca que, após o disparo, o militar aparentou indiferença, consumiu bebida alcoólica e impediu que a esposa de Guilherme prestasse socorro. Além disso, Lucas teria criado um grupo de WhatsApp chamado “AA”, no qual teria zombado da morte do vizinho com a frase: “Ele queria dormir, agora dormiu”.

Outro ponto citado no documento foi a realização de festas frequentes no condomínio, nas quais, segundo a investigação, havia consumo de drogas ilícitas e bebidas alcoólicas. O comportamento de Lucas Torrezani também foi descrito como desrespeitoso em relação às normas do condomínio, com ameaças a outros moradores.

Em um dos relatos, uma moradora contou que o militar se fardou após ser repreendido pelo pai e confrontou a declarante dizendo: “Quem é você para dizer o que eu devo fazer ou não? Vou continuar bebendo e vou espalhar cigarros pelo condomínio inteiro, quem vai me impedir?”.

Defesa alega incapacidade mental
A defesa de Lucas Torrezani, representada pelo advogado Felipe Faccim, afirmou que o soldado foi submetido a tratamento psiquiátrico anterior ao crime e que estaria incapacitado para atos civis. No entanto, perícias realizadas pela Junta Militar de Saúde e pela Inspeção de Saúde Especializada descartaram a alegação de incapacidade, confirmando que o acusado estava apto a responder por seus atos.

O advogado também informou que, até o momento, a defesa não foi formalmente intimada sobre a decisão da Corregedoria. “Após ser intimado e com a devida ciência da decisão referida, esta será analisada e serão tomadas as medidas pertinentes cabíveis ao caso”, afirmou em nota.

Relembre o crime
O crime aconteceu na madrugada do dia 17 de abril de 2023, no condomínio onde Lucas Torrezani e Guilherme Rocha moravam, em Jardim Camburi, Vitória. Na ocasião, o músico teria pedido para que o militar e seus amigos encerrassem uma festa que acontecia em um dos apartamentos.

Segundo testemunhas, a vítima foi alvejada após uma breve discussão e não teria reagido. A síndica do condomínio também relatou que Guilherme não tentou desarmar o soldado, contrariando a primeira versão apresentada pelo militar.

Horas após o crime, Lucas foi liberado pela Polícia Civil, que entendeu que não havia elementos suficientes para lavrar um auto de prisão em flagrante. No entanto, com o avanço das investigações, a hipótese de legítima defesa foi descartada, e a prisão do soldado foi decretada. Desde então, ele permanece detido no presídio militar.

A Justiça aceitou a denúncia contra Lucas Torrezani em junho de 2023, e o soldado, juntamente com seu amigo Jordan Ribeiro de Oliveira, que também virou réu, responderá por homicídio qualificado.

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Atualizado: 23/09/2024 16:20

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