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Novo Censo vai mostrar impactos da redução das operações da Petrobras no ES

28 out 2022 - 08:07

Redação Em Dia ES

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O Estado é o terceiro maior produtor de petróleo e o quarto em gás natural do país, de acordo com professor da Ufes e coordenador Lagedep
Novo Censo vai mostrar impactos da redução das operações da Petrobras no ES. Foto: Reprodução

Os dados do Censo 2022 permitirão analisar os impactos da redução das operações da Petrobras no Espírito Santo, além da consolidação da presença da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) no litoral norte e mudanças na dinâmica familiar e migratória.

A venda de ativos da Petrobras aconteceu junho em e a saída do Espírito Santo tem impactado os movimentos populacionais e causado grandes prejuízos, com a diminuição de royalties, arrecadação fiscal, empregos, salários e projetos socioambientais.

O Estado é o terceiro maior produtor de petróleo e o quarto em gás natural do país, de acordo com Ednelson Dota, professor do Departamento de Geografia da Ufes e coordenador do Laboratório de Análises Geográficas, Demográficas e da População (Lagedep). O norte capixaba, onde estão os campos terrestres da empresa e de terceirizadas, está sendo o mais impactado.

“A transferência da unidade de operação [do norte do ES] para o Rio de Janeiro terá efeitos relevantes para o Estado. Já está afetando a economia, a migração, o mercado de trabalho e o setor habitacional. Não sabemos exatamente se o censo demográfico, que está em execução, vai identificar esse impacto”, explica Dota.

O professor lembra que, na década de 2000, houve um crescimento econômico e migratório considerável para o Estado, em particular para a Região Metropolitana da Grande Vitória e para a região costeira norte, por causa do desenvolvimento das atividades petrolíferas, o qual provocou impactos significativos sobre a organização do espaço regional do Estado. Agora, ocorre um movimento contrário.

“Naquela época, assistimos a uma movimentação considerável da população e a um deslocamento de trabalhadores da cadeia do petróleo dentro do Estado, levando em consideração que a empresa atua de forma integrada e especializada na indústria de óleo e gás natural e contratou serviços diversos de empresas locais”.

Outra expectativa é conhecer as mudanças demográficas intensificadas pela crise sanitária. “A migração varia muito a partir de conjunturas e estruturas sociais. Quando se tem um grande choque, como o provocado pela pandemia, é possível que tenham ocorrido grandes alterações na migração. Estudos anteriores produzidos pelo laboratório mostraram que, quando ocorre uma grande crise econômica, por exemplo, isso pode provocar uma migração, em busca de uma melhoria no trabalho ou na habitação. Quando a crise se alastra, há uma tendência de a pessoa permanecer onde está. Se o risco do insucesso for muito grande, o volume de migrações pode diminuir. Vamos verificar e estudar essas movimentações migratórias com os dados do Censo”.

Sudene
Para esta edição do Censo, há ainda a expectativa de verificar os efeitos dos investimentos da Sudene no litoral norte, em um período mais estendido. Dota comenta que “a Sudene chegou em 2008 no Espírito Santo, nos municípios ao norte do Rio Doce, e os dados do Censo de 2010 não detectaram os efeitos nos municípios, porque eram muitos recentes. A partir dessa data, os municípios dessa região receberam muitas empresas e indústrias de grande porte, principalmente os litorâneos, com destaque para Linhares e São Mateus. Agora, vamos enxergar os efeitos desses grandes investimentos”.

A Sudene, composta por todos os estados da região Nordeste do Brasil, além de 249 municípios de Minas Gerais e 31 do Espírito Santo, tem o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável, visando à diminuição de desigualdades entre as regiões do país.

O professor pretende verificar se o aumento da economia nos municípios contemplados pela Sudene está gerando desenvolvimento de fato, bem como qualidade de vida para as pessoas ou não.

“O crescimento econômico acontece quando se tem um aumento da produção e da riqueza gerada, mas, se isso não virar investimento social, não melhora em nada a qualidade de vida da população”, enfatiza.

Atraso
Sobre o atraso de dois anos na realização do Censo, o professor ressalta que há um ponto negativo e outro positivo. O negativo é a quebra do intervalo padrão de dez anos, justamente porque existe uma série de indicadores de políticas públicas que dependem desses dados. O positivo será a possibilidade de analisar os impactos socioeconômicos causados pela pandemia à população brasileira.

“O grande diferencial do Censo, em relação a todas as outras pesquisas, é o nível de detalhamento que proporciona. Ele permite conhecer o país inteiro em todas as áreas e suas peculiaridades. O Censo divulga dados representativos de todos os 5.568 municípios do Brasil, seja um município dentro de uma região metropolitana ou uma comunidade pequena do interior, permitindo uma leitura das especificidades de cada lugar do país”. Com ESHoje.

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Atualizado 01 nov 2022 - 11:17

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