De acordo com a notificação do MP, secretária de Saúde de Vila Valério foi omissa em relação aos trabalhadores encontrados em situação análoga à escravidão na propriedade do marido dela
O Ministério Público do Espírito Santo (MPES) notificou a prefeitura de Vila Valério, no Noroeste do estado, para que a secretária municipal de Saúde, Cazuza Zorzanelli Rossini, seja exonerada por conivência e omissão no caso de trabalho escravo descoberto na fazenda do marido dela, no início de maio. A secretária diz que é vítima de perseguição política.
Os 77 trabalhadores, entre eles três adolescentes, foram encontrados por auditores fiscais do trabalho em uma operação da Polícia Federal. Eles não recebiam remuneração, estavam em condições de saúde precárias e sem os cuidados médicos necessários. Deles, 71 estavam com Covid-19.
A fazenda onde os trabalhadores foram encontrados pertence ao marido da secretária de Saúde de Vila Valério.
Por causa disso, o MPES disse, em nota, que os fatos são incompatíveis com o “princípio da moralidade da Administração Pública” e pediu que ela seja afastada do cargo.
O Ministério Público informou que, caso a recomendação não seja cumprida, a ação pode causar atos de improbidade administrativa com caracterização do dolo, pela negligência e inércia diante da situação no período de pandemia.
A secretária de Saúde disse que é alvo de perseguição política pela atuação dela na pasta. “A Saúde de Vila Valério vem se destacando no alcance de todas as metas traçadas pela secretaria estadual de Saúde. Não existe nenhuma prova que desabone a minha conduta como secretária. Tenho recebido muito apoio da minha equipe. Todas as notícias que saíram ao meu respeito são falsas”, declarou Cazuza.
A Prefeitura de Vila Valério foi procurada, mas até a publicação da reportagem não se manifestou sobre a notificação.