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Morre Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai, aos 89 anos

13 maio 2025 - 16:35

Redação Em Dia ES

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Em abril de 2024, ele havia revelado a descoberta de um tumor no esôfago em estágio avançado
Mujica passou os últimos anos de sua vida cuidando de sua horta. Foto: Elvis Gonzalez/EPA

O ex-presidente do Uruguai, José “Pepe” Mujica, morreu nesta terça-feira (13), aos 89 anos. A informação foi confirmada pelo presidente uruguaio Yamandú Orsi.

“É com profundo pesar que anunciamos o falecimento do nosso colega Pepe Mujica. Presidente, ativista, líder e líder. Sentiremos muita falta de você, querido velho. Obrigado por tudo o que você nos deu e pelo seu profundo amor pelo seu povo”, escreveu Orsi.

Em abril de 2024, Mujica anunciou que estava com um tumor no estômago, com o órgão “muito comprometido”. Ele também afirmou que seu quadro de saúde era “duplamente complexo”, já que sofria de uma doença imunológica há mais de 20 anos que havia afetado os rins.

No dia 9 de janeiro de 2025 ele anunciou que o câncer diagnosticado em abril de 2024 havia se espalhado pelo corpo. Cansado, ele explicou que a idade avançada e o corpo debilitado não permitiam um tratamento agressivo e uma cirurgia.

“O que peço é que me deixem em paz. Que não me peçam mais entrevistas nem nada. Meu ciclo já terminou. Sinceramente, estou morrendo. E o guerreiro tem direito ao seu descanso”, declarou em entrevista ao jornal Uruguaio Búsqueda.

José Alberto Mujica Cordano nasceu em Montevidéu, em 20 de maio de 1935. Nos anos 1960, tornou-se membro da guerrilha Movimento de Libertação Nacional – Tupamaros. O grupo se notabilizou, antes da instalação da ditadura militar uruguaia, em 1973, por assaltar bancos e distribuir comida e dinheiro roubado aos pobres.

Durante sua atuação na clandestinidade, Mujica foi ferido quatro vezes em confrontos com forças policiais. Escapou duas vezes da prisão até ser recapturado definitivamente, em 1972.

Prisão e tortura
Seu período na prisão ao longo da ditadura foi marcado por torturas e condições precárias, sendo mantido por longos períodos na solitária.

Ele era um dos presos considerados “sequestrados” pelo regime — e seria executado sumariamente caso os Tupamaros retomassem as atividades de guerrilha. Ao todo, passou 14 anos de sua vida atrás das grades.

Em 1985, Mujica foi libertado após a promulgação de um decreto de anistia. Entrou para a política institucional, ajudou a fundar o partido de esquerda Movimento de Participação Popular (MPP) e foi eleito deputado em 1994.

Cinco anos depois, chegou ao Senado e, em 2005, com a chegada à Presidência de seu correligionário Tabaré Vázquez (1940–2020), foi nomeado ministro da Agricultura.

Presidência
Mujica foi eleito sucessor de Vázquez e assumiu a Presidência em 2010, governando até 2015. Em sua gestão, o gasto social saltou de 60,9% para 75,5% do total do gasto público.

Em conformidade com sua visão política, o salário mínimo teve um aumento de 250%. Em 2012, ele propôs a legalização do consumo e da venda da maconha, que acabou se concretizando no país.

Ao lado da mulher, Lucía Topolansky, Mujica chamou atenção como um chefe de Estado de vida simples: morava em um sítio nos arredores da capital e dirigia diariamente seu próprio Fusca, ano 1987, até a sede do Executivo, na Praça Independência.

Após deixar a Presidência, voltou ao Senado, cargo que ocupou até 2020, quando renunciou por motivos de saúde, em meio à pandemia de Covid-19.

Mujica passou os últimos anos de sua vida cuidando de sua horta. Acredita-se que doava 90% do salário como ex-presidente para projetos de combate à pobreza.

Durante a maior parte da vida, declarou-se ateu. Em uma entrevista de 2012, sintetizou sua crença: “Não tenho religião, mas sou quase panteísta: admiro a natureza”.

Governador do Espírito Santo, Renato Casagrande manifestou seu pesar:

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Atualizado: 13/05/2025 17:04

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