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Mistério sobre a morte da menina Araceli no ES completa 50 anos e vira tema de livro investigativo

18 maio 2023 - 17:28

Redação Em Dia ES

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O caso se tornou um símbolo de luta contra a violência infantil e a impunidade; o nome da menina é lembrado em campanhas de conscientização e mobilizações
Mistério sobre a morte da menina Araceli no ES completa 50 anos e vira tema de livro investigativo. Foto: Arquivo pessoal

Em 2000, o Congresso Nacional instituiu o 18 de maio como o Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. A data foi escolhida em memória de Araceli Cabrera Crespo, menina que foi vítima de assassinato há 50 anos, em Vitória. Em 1973, o corpo de Araceli, que tinha 8 anos, foi encontrado dias após ela ter desaparecido na saída da escola. Pelos indícios, concluiu-se que ela foi violentada e morta.

Dois herdeiros de famílias poderosas do Espírito Santo, Dante de Barros Michelini e Paulo Constanteen Helal, foram acusados de drogar, estuprar e matar a menina. Além disso, o pai de um deles, Dante Brito Michelini, foi acusado de contribuir com o crime e usar sua influência para atrapalhar as investigações. Todos se declaravam inocentes e, apesar de terem sido condenados no primeiro julgamento, foram inocentados após recurso.

Por causa da impunidade e da grande visibilidade, o caso Araceli se tornou símbolo do combate à violência sexual contra crianças e adolescentes. Agora que o caso completa cinco décadas, os jornalistas capixabas Felipe Quintino e Katilaine Chagas lançaram o livro O Caso Araceli – Mistérios, Abusos e Impunidade, em que se debruçaram de maneira inédita sobre o processo judicial, além de entrevistar testemunhas e analisar a cobertura jornalística do crime.

Relembre o caso
No dia 18 de maio de 1973, uma sexta-feira, Araceli saiu de casa, no bairro de Fátima, na Serra, e seguiu para a Escola São Pedro, na Praia do Suá, em Vitória. Por conta do horário do ônibus que a levaria de volta para casa, a mãe, Lola Cabrera Crespo, pediu para que Araceli saísse da escola mais cedo. Ao sair da escola, ela foi vista por um adolescente em um bar entre o cruzamento das avenidas Ferreira Coelho e César Hilal, em Vitória, que fica a poucos minutos da escola onde a menina estudava.

Dias após o desaparecimento, em 24 de maio, o corpo de uma criança foi encontrado desfigurado e em avançado estado de decomposição em uma mata atrás do Hospital Infantil, em Vitória. “Não se sabe até hoje, onde ela foi morta ou como aconteceu esta morte. Tem a causa da morte, que foi asfixia e uso de substância que induz sonolência. No entanto, não se tem muito certa a dinâmica do crime. Isso é um mistério até hoje. Quando o corpo foi encontrado, ela já estava sem roupa, não havia material escolar, nenhum pertence dela, por isso a polícia infere que a morte aconteceu em outro lugar”, relata Katilaine.

Diante dos fatos apresentados pela denúncia do promotor Wolmar Bermudes, a Justiça chegou a três principais suspeitos: Dante de Barros Michelini (o Dantinho), Dante de Brito Michelini (pai de Dantinho) e Paulo Constanteen Helal.

Em 1980, o juiz responsável pelo caso, Hilton Silly, definiu a sentença: Paulo Helal e Dantinho deveriam cumprir 18 anos de reclusão e o pagamento de uma multa de 18 mil cruzeiros. Dante Michelini foi condenado a 5 anos de reclusão.

Os acusados recorreram da decisão e o caso voltou a ser investigado. O Tribunal de Justiça do Espírito Santo anulou a sentença, e o processo passou para o juiz Paulo Copolilo, que gastou cinco anos para estudar o processo. Por fim, ele escreveu uma sentença de mais de 700 páginas que absolvia os acusados por falta de provas.

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