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Mesmo com vacina, máscaras e isolamento continuam essenciais

26 jan 2021 - 07:49

Redação Em Dia ES

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Especialistas reforçam recomendação: vacinados também usam máscara

O início da vacinação no Brasil e em outros países não
significa que as pessoas devem retomar uma rotina semelhante à de antes
da pandemia. A própria Organização Mundial da Saúde (OMS) já indicou que
a imunização de rebanho pela vacinação não deverá ser atingida em 2021.
A declaração foi feita este mês pela dra. Soumya Swaminathan, da OMS.
 
“Mesmo
que as vacinas comecem a proteger os mais vulneráveis, não atingiremos
nenhum nível de imunidade na população ou imunidade de rebanho em 2021.
Mesmo que aconteça em alguns países, não vai proteger as pessoas ao
redor do mundo”, disse ela, em entrevista coletiva, no dia 11 de
janeiro.

Soumya elogiou o esforço dos cientistas na produção de
não apenas uma, mas várias vacinas contra a covid-19, algo que, na sua
opinião, era impensado há um ano. Ela acrescentou que as medidas de
contenção da pandemia devem continuar sendo praticadas até o fim deste
ano, “pelo menos”.

Esse raciocínio é acompanhado por
especialistas aqui no Brasil. Segundo eles, a população não pode relaxar
porque a vacinação começou. “Quando observamos nossa realidade no
Brasil e as dificuldades que estamos tendo, a gente realmente passa a
pensar que isso [o fim da pandemia] vai ser talvez em 2022 e olhe lá”,
disse a médica infectologista e professora de medicina Joana D’arc
Gonçalves. “A gente está vendo a guerra que é com essas poucas doses
disponíveis no Brasil e nem temos a perspectiva de ter mais doses, por
causa de todos esses conflitos, as dificuldades internacionais”,
acrescentou.

Ela lembra que as vacinas apresentam
particularidades que, de uma forma ou de outra, são entraves para sua
distribuição. Seja uma necessidade de armazenamento em temperaturas
muito baixas, seja a dificuldade de produção de insumos aqui no país. A
médica recomenda que a população não veja a chegada da vacina como algo
muito próximo e mantenha os cuidados tomados em 2020.

“A gente
teve uma gota de esperança neste oceano de problemas. Temos que segurar a
nossa onda, saber que o insumo existe, mas que precisaremos de um pouco
mais de paciência. Não é tão fácil produzir rapidamente [uma vacina]”.

Vacinados e com máscara

De
acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm),
Juarez Cunha, a imunização de rebanho só deverá ser alcançada se o
mínimo de 60% da população estiver vacinada. Mas ele destaca que, mesmo
que o Programa Nacional de Imunização (PNI) do Sistema Único de Saúde
(SUS) seja sólido e consigamos vacinar parte da população brasileira até
o fim do ano, o vírus ainda estará em circulação. E faz um alerta:
mesmo os vacinados devem continuar adotando isolamento social, álcool em
gel e máscara.

“Nenhuma vacina é 100% eficaz. Com a vacina, a
pessoa tem uma chance muito grande de se proteger das formas moderadas e
graves, mas não elimina a possibilidade de contrair a doença. Estando
com a doença, ela vai transmitir para outros. Não dá para correr esse
risco”.

Existe ainda o componente social dessa medida. Se todas
as pessoas vacinadas pararem de usar máscara, isso pode, na visão de
Cunha, desmobilizar a população como um todo para o uso dessa barreira
contra a covid-19. Veremos mais pessoas sem máscara, estimuladas pelos
vacinados. “E como as pessoas vão saber se aquela pessoa já foi
vacinada?”, questiona.

Além disso, mesmo que parte da população
do país se vacine ainda este ano, existirão “bolsões de vulneráveis”.
São comunidades, bairros ou grupos de pessoas com poucos ou nenhum
vacinado, onde haverá circulação do vírus. Esse conceito pode ser
reproduzido em escala mundial. Afinal, em um cenário onde ainda há pouca
vacina disponível, os países que saem na frente são os que têm mais
dinheiro para comprá-las mas, em algum momento, os demais entrarão na
partilha.

“Para termos uma proteção coletiva, precisamos ter
ótimas coberturas vacinais em todos os países. Isso vai levar um tempo
porque os países mais pobres terão que receber muitas vacinas no momento
em que elas começarem a ser distribuídas para eles. Essas vacinas vão
demorar ainda mais, provavelmente começam a ser distribuídas no segundo
semestre”, analisou o presidente da SBIm.

Cunha reiterou a
importância dessas medidas “não farmacológicas”, como uso de máscara,
distanciamento social e higienização constante das mãos. Medidas
simples, mas eficientes, no combate ao novo coronavírus. “São as únicas
medidas que temos até agora que demonstram que diminuem a doença, a
hospitalização e a morte. Independentemente de começarmos a vacinar, de
vacinar um percentual grande da população, vamos ter que continuar com
essas medidas por muito tempo”.

Imunização de Rebanho

Especialistas
estimam que para tirar um vírus de circulação, é necessário ter em
torno de 60% a 70% de pessoas vacinadas. “Depende da eficácia da
vacina”, diz Joana D’arc. “Quanto maior a eficácia, pode-se até ter um
número de imunizados menor que 70%”. Por meio da vacinação em massa, o
Brasil já conseguiu imunizar sua população contra uma série de doenças
perigosas.

Varíola, sarampo, rubéola, caxumba e meningite são
alguns dos casos. A poliomielite, que ainda tem surtos em vários países,
foi controlada no Brasil. No passado, inúmeras crianças morreram de
catapora, hoje controlada. “Teve país que erradicou o câncer de colo de
útero só por meio da vacina contra o HPV”, destacou a infectologista.

Com: Agência Brasil

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Atualizado: 26/01/2021 07:49

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