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Linhares: morre aos 96 anos Dulce Campos Pestana

09 dez 2013 - 07:10

Redação Em Dia ES

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Foi sepultado na tarde desta segunda-feira (9), no cemitério Nossa Senhora da Conceição (Centro), o corpo de Dulce Campos Pestana, a Tia Dulce. O prefeito de Linhares, Nozinho Correa, decretou luto oficial de três dias em decorrência do falecimento da moradora.

Dulce foi velada na Capela Mortuária, localizada em frente à Praça 22 de Agosto. Durante todo o dia, centenas de pessoas compareceram ao local e prestaram suas últimas homenagens.

Tia Dulce estava internada há duas semanas no Hospital Rio Doce, onde morreu por volta das 19h30 deste domingo (8).

Tia Dulce: amor por Linhares

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Dulce Campos Pestana fez história em Linhares. Por décadas vivendo em sua residência na Rua da Conceição, ao lado da Igrejinha Velha, Tia Dulce acompanhou o desenvolvimento do município ao qual tanto amava.

Em 8 de dezembro de 2013, na festa de Nossa Senhora da Conceição, padroeira do município, Linhares despediu-se de uma de suas mais antigas moradoras.

Linharenses homenageiam a histórica moradora

Muitas pessoas manifestaram pesar pela morte da linharense Dulce Campos Pestana, a Tia Dulce. Acompanhe algumas declarações feitas nas redes sociais:

“Dulce foi possivelmente o ser humano que melhor guardou nossas tradições. Era um ser acima da média, espécie de gnomo em nosso meio. Excepcional em todos os aspectos” – Antônio Bezerra Neto.

“Ela foi fundamental para minha dissertação de Mestrado ‘Linhares na memória de Dulce Campos Pestana’, onde fiz uma homenagem mais que merecida a esta grande mulher e cidadã linharense. Luto!” – Sônia Pariz.

“A casa dela podia ser agora um museu para continuar a lembrança dela. Sempre de portas abertas, Tia Dulce recebia as pessoas com a maior educação e respeito por todos” – Maria Rosa Silva Gonçalves.

“Dulce deixou um legado para nós linharenses. Sabia tudo desta cidade. Foi uma das pioneiras. Descanse em Paz” – Regina Celi Campo Dall’Orto.

“Em nome da Seccional Regional de Linhares do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo (SERLIHGES), reforçamos comunicação do falecimento de uma das mais ilustres filhas da cidade. Faleceu no início da noite de hoje, dia de nossa Padroeira, a Tia Dulce. Em nome da Instituição e de todos os Consócios da Casa, prestamos nossa homenagem póstuma pelo passamento da ‘Tia de Linhares’” – Tião dos Correios.

“Talvez Tia Dulce tivesse em sua caminhada um olhar diferente do que é viver. Para ela, caminhar com bom tempo, numa terra bonita, sem pressa, e ter por fim da caminhada um objetivo agradável: “eis, de todas as maneiras de viver, aquela que mais me agrada”. Ela escolheu sempre a que a mais lhe agradou. Uma vida de palco: luz, câmera e ação. Na certeza de que ela está sendo recebida desta forma no outro plano. Descanse em paz, estrela primeira de Linhares – Tia Dulce. Eterna Tia Dulce!” – Alexandre José Araújo.

“Essa é a imagem que quero guardar de você Tia Dulce: dando milho aos pombos. Você fez história e está deixando muitas saudades. Descanse em paz!” – Regina Lucia Rabello.

“Perdemos a mãe de Linhares!” – Franco Fiorot.

“Tia Dulce, nossa cidade perdeu uma grande mulher, mas o céu está em festa” – Rita Pestana Johnson.

Dulce Linhares*
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Dulce Campos Pestana (1917), a senhora que, quando menina, gostava de iluminar o descampado da Praça 22 de Agosto com vagalumes presos em garrafas de vidro transparentes, traz em seu DNA a força de seus ascendentes, bravos defensores dessas paragens.

Como o bambu das barrancas do Rio Doce faz do assobio, frio e fino, do vento sul seu companheiro para o bailado, traz do rodopio das valsas dançadas na residência de Quincas Calmon forças para enfrentar a aridez dos anos repletos de adeus: Mata Atlântica, Vapor Juparanã, “balança mais não cai”, Porto das Pedras, Ponte Presidente Vargas, Dadá, Talma Drumond Pestana… Sua jovialidade, própria dos amantes do bem-viver, trava, diuturnamente, luta contra o implacável tempo.

Fauna e flora abundantes, rio Doce caudaloso, lagoas piscosas, companheirismo e doce cumplicidade entre seus habitantes, sem pressa corria a vida na Vila de Linhares. Irrequieta Dulce tomava o vapor para Colatina, o trem até Vitória e embarcava na “Maria Fumaça” rumo à capital do país. Sedenta pelo frenesi próprio dos grandes centros, no Rio de Janeiro passava temporadas. Lá frequentava teatros, programas de auditório nas mais famosas rádios e ficava em dia com a moda e novidades vindas do além-mar. Localizada bem em frente ao relógio da Central do Brasil viu quando Jair Machado passou desfilando juntamente com os demais pracinhas que retornavam da 2ª Guerra Mundial. Jair Machado, seu conterrâneo ? nosso conterrâneo.

Na TV Tupi assistiu aos programas de Jota Silvestre, Flávio Cavalcante e Chacrinha. Atenta a tudo, absorvia conhecimentos que, em seu retorno à terra natal, repetia encenando peças teatrais e promovendo programas de auditório tendo como coadjuvantes a garotada linharense.

Hoje alimenta os pombos que agradecidos revoam sobre sua morada e com asas abertas, Divino Espírito Santo, a abençoam. Vizinhas desde seu nascimento, Dulce e a Igrejinha Velha observam, lado a lado, as mudanças ocorridas nas silhuetas do município de Linhares e de si própria. Suas existências tecem juntamente com as palhas das palmeiras imperiais a trama da história desta terra.

* Dulce Linhares: texto escrito por Maria Thereza Costa Guimarães e Souza

Redação Linhares Em Dia – atualizada em 9/12/13 às 17h
Foto (Dulce): divulgação

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Atualizado: 09/12/2013 07:10

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