A empresária capixaba Ana Picerno, natural de Linhares, Espírito Santo, que mora há mais de 20 anos nos Estados Unidos, precisou deixar sua residência em Tampa, Flórida, na última segunda-feira (7), devido à passagem do furacão Milton. Ana, que se mudou recentemente para Tampa com sua família, decidiu partir para Atlanta com a mãe, enquanto o marido, a filha e o genro permaneceram na cidade.
Milton, um furacão de grande intensidade, já lançou fortes chuvas e ventos sobre a área de Tampa Bay, com previsão de ondas de até quatro metros. Embora as autoridades ainda não tenham determinado a evacuação obrigatória da região onde Ana mora, a empresária decidiu não correr riscos e optou por deixar a cidade antes que a situação se agravasse.
“O governador da Flórida já estava avisando ‘saiam todos que estão perto da praia’. Minha casa não está de frente para o mar, está a 20 minutos. Mas com ondas de quatro metros, eu fiquei com muito medo”, relatou Ana.
Ana Picerno, que vive na nova residência há apenas um mês, fez a viagem de Tampa a Atlanta, um percurso que geralmente leva seis horas, mas que foi prolongado devido ao intenso tráfego gerado pela evacuação em massa. Ela e sua mãe passaram mais de 18 horas na estrada.
“Quando eu coloquei mamãe no carro e comecei a sair, o trânsito já estava horrível. Quando eu olhei uma placa escrito ‘Ocala’, que geralmente fica a uma hora e meia da minha casa, eu já tinha levado seis horas até lá”, contou Ana.
A empresária lamentou a decisão de deixar parte de sua família para trás. “Você ter que deixar parte da família para trás é muito difícil. Você já está com aquele medo dentro de você. Mas eu pensei: se eu ficar aqui com a minha mãe e for uma coisa muito pior, como que eu vou para abrigo com a minha mãe?”, desabafou.
Ana atualmente está em Atlanta, onde está temporariamente abrigada no apartamento de seu filho mais novo. Em Tampa, permanecem seu marido, sua filha e seu genro, além de outros membros da família que moram na região de Sarasota, também ameaçada pela passagem do furacão.
Preparativos e incertezas
A mudança brusca no clima, que começou na segunda-feira (7), fez com que Ana e muitos outros moradores corressem aos supermercados para se preparar. “O tempo fechou e começou um pouquinho de chuva. Eu falei: não vou esperar. A vida da gente está em jogo. Não vou ficar com minha mãe aqui”, afirmou Ana.
No domingo, um dia antes de deixar a cidade, Ana havia ido ao supermercado, mas encontrou prateleiras de água já esvaziadas. “Não tinha lugar para estacionar, foi horrível. Quando estacionei e entrei, não consegui mais pegar água. Ainda tinha comida, algumas coisas, mas o supermercado estava lotado”, relatou. Na segunda-feira, os estoques de água já estavam sendo repostos em alguns estabelecimentos.
Apesar da evacuação, Ana ainda mantém esperanças de que o impacto do furacão não seja tão devastador quanto temem as autoridades. “Eu espero que não seja uma tragédia tão grande, igual todos estão falando que vai acontecer. Eu espero que eu volte pra casa, encontre a minha filha, meu esposo, meu genro e até um pavão de estimação que a gente cria! Espero que nossos animais, nossa família estejam todos lá. Espero que a minha casa esteja de pé. Orem por nós”, concluiu Ana.
Alertas das autoridades
Com a aproximação de Milton, o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC, na sigla em inglês) reforçou os alertas para que os moradores da região evacuem imediatamente. Embora o trajeto exato do furacão ainda seja incerto, o NHC informou que toda a área de Tampa Bay, assim como regiões ao sul, enfrenta grandes riscos com a chegada do furacão.
“É agora, pessoal. Aqueles que foram atingidos pelo Furacão Helene, isso vai ser um nocaute. Vocês precisam sair, e precisam sair agora”, disse Cathie Perkins, diretora de gerenciamento de emergências do condado de Pinellas.
As autoridades locais têm reforçado a urgência da evacuação e estão monitorando o avanço de Milton, que ameaça causar destruição em grande parte do estado da Flórida nos próximos dias.
Ruas vazias, especialmente em regiões turísticas como Treasure Island, já são visíveis, à medida que o furacão se aproxima da costa. Moradores e visitantes têm seguido os avisos das autoridades, buscando refúgio em abrigos ou em casas de parentes e amigos em outras cidades.