Em um mês que muito se fala em LGBTQIAPN+ é preciso analisar a realidade vivida por eles nas empresas e na sociedade como um todo
Pela primeira vez, o IBGE investigou como os brasileiros declaram a orientação sexual. Pela pesquisa, 2,9 milhões de pessoas se declaram gays, lésbicas ou bissexuais, o que representa 1,8% da população. Entre os mais jovens, de 18 a 29 anos, esse percentual é maior, 4,8%. A Pesquisa Nacional de Saúde se baseia em dados coletados em 2019 e, ainda apontou que 1,7 milhão de pessoas não sabiam definir a orientação sexual e, outros 3,6 milhões preferiram não responder. A pergunta que devemos fazer é: não sabiam ou tiveram receio em responder?
Para Leizer Pereira – fundador e diretor executivo da Empodera, uma plataforma pioneira na construção de negócios inclusivos e preparação de carreira e conexão de jovens com organizações que valorizam a Diversidade – essa dificuldade e/ou receio pode ser sentida também nos ambientes corporativos.
“Existe uma queixa recorrente sobre ambiente tóxico e de muito constrangimento devido às piadas e comentários pejorativos tanto que 61% dos funcionários LGBTQIAPN+ no Brasil optam por esconder a sexualidade no trabalho, desta forma a principal queixa é de um espaço seguro para ‘ser você mesmo’, assumir sua orientação sexual sem comprometer carreira ou atrair hostilidades. Mulheres LGBTQIAPN+ por exemplo, sofrem duplamente preconceitos e discriminação devido ao machismo e também homofobia”, comenta.
Para ele, as empresas precisam e devem ter treinamentos e vivências em Diversidade, Equidade & Inclusão para todos os envolvidos estarem preparados, por exemplo, para um recrutamento inclusivo para pessoas trans, preparar os gestores e equipes para acolher um(a) novo(a) colaborador(a) trans. As dúvidas das empresas muitas vezes beiram o simplório, como por exemplo, qual banheiro deve ser utilizado. “Investir em treinamentos e vivências que acelerem a curva de conscientização e engajamento das lideranças e colaboradores é essencial. Precisamos capacitar mais lideranças inclusivas nesta longa e complexa jornada. Existem estatísticas que apontam a necessidade de + 100 anos para alcançarmos a equidade de gênero, isto considerando o crescimento dos últimos 15 anos e sem nenhum período de retrocesso futuro. Se queremos construir uma sociedade mais justa, menos desigual, mais moderna e civilizada, isto só será possível com uma plataforma de inclusão e valorização da diversidade”, complementa.