Um investimento de R$ 470 mil na aquisição de imagens mais atuais de satélite de todo o Estado
Nesta segunda-feira (21), na data em que se comemora o Dia da Árvore, o Governo do Estado, através da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama) e do Instituto Jones dos Santos Neves, entregou o novo imageamento da cobertura florestal do Espírito Santo. Um investimento de R$ 470 mil na aquisição de imagens mais atuais de satélite de todo o Estado, feitas entre julho de 2019 e junho de 2020, com resolução de 50cm que permite o uso em escala 1:15.000, com imagens provenientes da Constelação Kompsat (Korean Multi-Purpose Satellite).
O imageamento faz parte das entregas previstas pelo Projeto de Avaliação do Programa Reflorestar, que integra o Plano Estadual de Monitoramento e Avaliação que é realizado pelo IJSN, no âmbito do Sistema de Monitoramento e Avaliação de Políticas Públicas (SiMAPP), que tem entre um dos objetivos promover a tomada de decisão a partir de evidências, aprimorando as políticas públicas e otimizando o gasto para a obtenção de resultados.
O governador Renato Casagrande destacou a importância do Programa e a parceria com as prefeituras para o avanço da preservação ambiental. “O trabalho com os municípios é fundamental para que tenham estrutura e autonomia para fazer os licenciamentos e também profissionais para a orientação e fiscalização. Nós queremos que esse Estado seja referência em biodiversidade. Nossa diversidade marinha é a maior do Brasil. Temos ecossistemas com diversidade muito grande”, afirmou.
Casagrande prosseguiu: “O Reflorestar é fundamental para recuperarmos a cobertura florestal e produzimos água. Nunca tivemos tanto desmatamento e tantas queimadas como agora. O Dia da Árvore é hoje, mas não temos muitos motivos para se comemorar. Sei que é difícil controlar os focos de incêndio e desmatamento em um país do tamanho do Brasil. Mas a minha crítica é ao negacionismo, a falta de reconhecimento sobre o que está acontecendo me assusta.”
Para o secretário de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Fabricio Machado, o novo imageamento, impulsionado pelo Reflorestar, vai ajudar a entender melhor a evolução da cobertura florestal do Estado, bem como de outras formas de uso do solo, como o café, o eucalipto, o pasto etc.
“Aprendemos, desde o período escolar, a celebrar o Dia da Árvore com atividades de educação ambiental, com plantio de mudas e outras ações recreativas. Hoje, as responsabilidades são ainda maiores. Investir em conhecimento e tecnologia para ajudar a preservar e restaurar nossa cobertura florestal é estratégico e fundamental. O novo imageamento, aliado ao uso de outras tecnologias de gestão que estamos desenvolvendo, tornará possível enxergar, literalmente, onde e como deverão ser empenhados os esforços dos nossos programas ambientais”, avaliou o secretário.
O diretor-presidente do IJSN, Daniel Cerqueira, explicou que além da evolução da cobertura florestal, o projeto de Avaliação do Programa Reflorestar contempla a medição do impacto socioeconômico do programa nos municípios e comunidades atendidas e do impacto na qualidade e disponibilidade hídrica. “O papel do Instituto Jones é contribuir com cientificidade, evidências e dados para o aprimoramento do programa Reflorestar e consequente melhoria da gestão ambiental estadual”, afirmou.
A partir do novo imageamento, será possível realizar também uma nova classificação de uso do solo, permitindo, por exemplo, a comparação de uso do solo nas propriedades atendidas antes e após o Programa Reflorestar.
A partir dessa nova classificação de uso do solo, será possível também avaliar a situação dos 285 mil hectares de mata nativa em estágio inicial de regeneração natural mapeados a partir das imagens feitas em 2015 e que foram consolidados no último Atlas da Mata Atlântica do Estado do Espírito Santo. A atualização do Atlas também está prevista com este novo imageamento.
As imagens são comparadas com imagens e mapeamentos realizados em outros períodos. Além do mapeamento de uso do solo e da hidrografia, já previstos, será possível ainda: acompanhar o crescimento das áreas urbanas, de obras, realizar estudos topográficos, delimitar áreas a serem protegidas, entre outras aplicações.
“Temos um imageamento anterior do Estado, realizado entre 2012 e 2015, feito por aerolevantamento (imagens feitas por equipamentos instalados em aeronaves). Desta vez optou-se por imagens de satélite por terem um custo bem menor e permitirem o levantamento de uma área extensa, como o Estado do Espírito Santo inteiro, num espaço de tempo menor. As imagens orbitais (de satélite) estão cada vez mais comuns e de melhor qualidade. Elas se assemelham muito a uma fotografia aérea”, pontuou o coordenador de Geoespacialização do IJSN, Pablo Jabor.
Essas ações de monitoramento ampliam o universo de abrangência do Reflorestar, o que para o coordenador do Programa Reflorestar, Marcos Sossai, a cada ano vem se transformando e ampliando e aperfeiçoando suas estratégias de ação.
“O Reflorestar deixou de ser há muito tempo apenas o executor do programa estadual de pagamento de serviços ambientais a produtores rurais, e passou a executar diversas outras estratégias de ações, com destaque para aquelas que estimulam o uso de florestas como fonte de renda sustentável para o produtor rural”, declarou Sossai.
As imagens também estarão disponíveis para toda a sociedade, por meio do Sistema Integrado de Bases Geoespaciais do Estado do Espírito Santo (Geobases), no link http://bit.ly/GEOBASES_KOMPSAT33A.
Plano Estadual de Carbono
O World Resources Institute (WRI-Brasil), a The Nature Conservancy (TNC) e O World Wide Fund for Nature (WWF-Brasil) são as organizações não-governamentais internacionais que firmaram parceria com a Seama, para elaboração e implementação do Programa Estadual de Carbono, uma iniciativa pioneira no Brasil e que visa a colocar o Espírito Santo na linha de frente na reabertura dos mercados de Carbono, aproveitando a baixa oferta inicial de carbono de outras fontes confiáveis.
Para Miguel Calmon, consultor sênior do programa de Florestas do WRI, o Programa Estadual de Carbono pode ajudar a atrair recursos para aumentar a escala de restauração florestal no Estado, e pode alcançar destaque nacional neste tipo de negócio, tornando o Espírito Santo o mais bem preparado do País na silvicultura de espécies nativas para manejo sustentável.
“O Espírito Santo pode ser o protagonista da nova era da economia de baixo carbono. Tem governança, transparência, tem um programa inovador de restauração (Programa Reflorestar) e possui presença forte do setor privado, além de ter compromisso com várias organizações como WRI Brasil, a TNC e WWF”, avalia o consultor da WRI.