As queimadas que assolam a Amazônia têm provocado um impacto significativo no Espírito Santo, onde a fumaça originada dos incêndios florestais alterou a cor do céu e gerou preocupações com a qualidade do ar.
Entre domingo (1) e segunda-feira (2), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou mais de 3.400 focos de calor na Amazônia, que vem sofrendo um aumento expressivo no número de incêndios em 2024.
O fenômeno não se restringe à região amazônica. O Espírito Santo registrou 369 focos de incêndio até segunda-feira (2), um aumento de 106% em relação ao mesmo período do ano passado. Essa elevação coincide com uma tendência nacional de crescimento das queimadas, que também afetam Estados como Rio de Janeiro e países vizinhos como Bolívia, Paraguai e Argentina.
Segundo o MetSul Meteorologia, o Espírito Santo será atingido pela fumaça transportada por uma corrente de jato em baixos níveis, um corredor de vento a cerca de 1.500 metros de altitude, que carrega o material particulado desde o Sul da Amazônia até o território gaúcho. Esse deslocamento, que deve ocorrer entre terça (3) e quarta-feira (4), é intensificado pela movimentação dos ventos, conhecida como “ondulação”.
Embora a fumaça alcance o Espírito Santo, o MetSul destaca que o risco à saúde humana é menor em comparação a regiões mais próximas da Amazônia. No Espírito Santo, a fumaça tende a permanecer suspensa na atmosfera, enquanto em áreas onde ela se concentra mais perto da superfície, a qualidade do ar piora consideravelmente.
A mudança na cor do céu, tornando-o mais acinzentado e com aspecto fosco, já foi observada em Vitória nesta terça-feira (3).
A médica pneumologista Kristiane Rocha Moreira Soneghet, do Centro Regional de Especialidades (CRE) Metropolitano, alerta para os efeitos da inalação das partículas e gases tóxicos liberados pelas queimadas, como o monóxido de carbono, que pode irritar a mucosa respiratória e agravar doenças pulmonares pré-existentes, como asma e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC).
Os sintomas mais comuns incluem tosse, falta de ar e irritação nos olhos e garganta, com risco aumentado de infecções respiratórias e doenças cardíacas, especialmente em crianças, idosos e pessoas com condições respiratórias crônicas.
Para proteger a saúde durante esses períodos de altas temperaturas e exposição à fumaça, é recomendável manter-se hidratado, realizar lavagens nasais com soro fisiológico, evitar atividades físicas intensas ao ar livre e buscar ambientes com ar climatizado e boa ventilação.
O uso de máscaras pode ajudar a reduzir a inalação de partículas nocivas, e é fundamental manter consultas médicas em dia para o controle de doenças preexistentes.