A prisão aconteceu na tarde desta terça-feira (28) pela Polícia Federal na força-tarefa que reúne as guardas municipais da Grande Vitória
A jornalista Maria Nilce Magalhães foi assassinada em 5 de julho de 1989, quando chegava a uma academia na Praia do Canto em Vitória. Próximo a data de o crime completar 33 anos, um dos executores foi preso, o ex-PM Cezar Narciso de Souza, foi preso no município de Serra.
A prisão aconteceu na tarde desta terça-feira (28) pela Polícia Federal na força-tarefa que reúne as guardas municipais da Grande Vitória. Em sua rede social Instagram, o filho da jornalista, Juca Magalhães, comentou a prisão. “Trinta e tantos anos após o assassinato de minha mãe, ainda machuca e nos entristece a impunidade no Brasil. Mas nada como um dia atrás do outro, seguimos no Caminho e na virtude”.
“Esta é uma prisão de grande importância, pois coloca atrás das grades um criminoso de alta periculosidade, que foi condenado por um crime bárbaro e que chocou a sociedade capixaba. Sua prisão certamente contribuirá para a diminuição da sensação de impunidade no Espírito Santo”, afirmou a PF por meio de nota.
“Mais uma vez, mostra-se que esse tipo de captura somente foi possível em razão da cooperação entre os integrantes da Força Tarefa de Segurança Pública do Espírito Santo”, afirma a nota.
ENTENDA O CASO
Tido como um dos crimes de maior repercussão na história do Espírito Santo, a jornalista foi assassinada com três tiros, dentro de um ônibus. Ela foi abordada por criminosos quando chegava com a filha numa academia situada na Avenida Aleixo Neto, na Praia do Canto, em Vitória, e após o tiro de um deles falhar, ela fugiu para dentre de um coletivo, mas foi alcançada e alvejada com 3 tiros.
A motivação do crime seria, conforme divulgado na época, o conteúdo das matérias que Maria Nilce escrevia no seu veículo, Jornal da Cidade, onde denunciava o tráfico de drogas e os envolvidos nessa modalidade de crime.
O homicídio foi inicialmente investigado pela Polícia Civil e posteriormente transferido para a Polícia Federal. As investigações apontaram como mandante o empresário José Andreatta que teria contratado o ex-policial civil Romualdo Eustáquio Luz Faria, o Japonês e este, por sua vez, teria subcontratado dois pistoleiros para a execução, José Sasso e ex-PM Cezar Narciso de Souza.
A dupla de executores teria fugido com o auxílio do piloto de avião Marcos Egydio Costa e do também policial civil Charles Roberto Lisboa. José Sasso morreu envenenado na cadeia e Marcos Egydio foi assassinado em Jacaraípe. Andreatta, Japonês, Lisboa e Narciso foram condenados, respectivamente, a 24, 15, 17 e 19 anos de reclusão. De todos eles o único que nunca havia cumprido pena até hoje era Cezar Narciso de Souza.
Procurado desde sua condenação definitiva em 2018, havia indicativos de que Narciso pudesse estar escondido na Bahia, em uma propriedade rural no noroeste capixaba ou no sudeste mineiro. Depois de meses em diversas ações de busca, surgiu então a indicação de que ele estaria residindo em São Diogo, na Serra/ES.
Nas últimas semanas os trabalhos se intensificaram e foram realizadas inúmeras diligências contando com o apoio de todas os integrantes da Força Tarefa, o que culminou com sua prisão nesta terça.
Quando de sua abordagem, não houve nenhuma resistência e confirmou-se que se tratava realmente de Cezar Narciso. Ele foi preso, levado para a Superintendência da PF e, após a formalização será encaminhado ao sistema penitenciário estadual.