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Exemplo de liderança, Casillas reconstrói sua imagem em 5 meses

18 jun 2013 - 11:35

Redação Em Dia ES

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Por critérios meramente futebolísticos, não seria tão anormal assim ver Vicente del Bosque convocar um outro goleiro no lugar de Iker Casillas para a Copa das Confederações. O seu camisa 1 estava destroçado, sem jogar uma partida sequer desde o dia 23 de janeiro, quando fraturou a mão esquerda pelo Real Madrid. Os quase cinco meses de inatividade se transformaram num calvário que parecia interminável para o capitão da Espanha. Recuperado em abril, ele foi obrigado a se sentar no banco de reservas do Santiago Bernabéu por problemas de relacionamento com o técnico José Mourinho. O técnico da Fúria, ao que tudo indica, estava certíssimo em apostar no símbolo de uma geração que fez o país vencer como nunca na história, sendo o jogador que levantou as taças mais importantes da seleção. Aquele que amargou o ostracismo ficou para trás, perdido num passado recente de inferno astral.

Não pense que tem sido fácil utilizar o verbo reconstruir. Casillas é uma das lendas do Real Madrid, inegavelmente um dos maiores clubes de futebol do mundo. E ainda assim acabou relegado a uma condição de mortal. Primeiro, foi barrado por Mourinho num momento de irregularidade – o titular em questão passou a ser Adán, um goleiro nada mais que razoável. Sua lesão, com o perdão do trocadilho, caiu como uma luva nos planos de Mourinho. Ele pediu, e a diretoria atendeu, contratando Diego López de imediato.

Dali em diante, o argumento do português passou a ser técnico. Sem tocar um dedo em todas as polêmicas divulgadas na imprensa espanhola, Mourinho simplesmente afirmou que preferiria ter debaixo das traves alguém como Diego López, dono de importantes atuações pelo time merengue, e não Casillas. A opinião é um fator subjetivo, mas vai contra todo o retrospecto vencedor e decisivo de Iker. Até mesmo na temporada 2012/13 os números se mostraram mais favoráveis ao noivo de Sara Carbonero: foram 29 gols sofridos em 29 jogos, contra 33 em 25 partidas de Diego.

– É um problema para ele, claro. Ele estava acostumado a jogar praticamente desde que chegou ao Real Madrid, exceto um ou outro episódio. O normal sempre foi ter muita continuidade. Essa linha se alterou nos últimos meses. Bem, mas aqui está, e está sendo um modelo de comportamento – disse Del Bosque.

O treinador se refere quase que exclusivamente à liderança que Casillas exerce diante do grupo. Para ele, ao menos publicamente, não seria um problema contar com Victor Valdés ou Pepe Reina no gol. O que pesa a favor do camisa 1 é a braçadeira que carrega em seu braço esquerdo – e os poderes que usa para influenciar o grupo sempre de forma positiva. Xavi que o diga.

Adeus à seleção após a Copa

Há um ano, na véspera da final da Eurocopa, em Kiev, Xavi estava decidido a abandonar a seleção. Não estava feliz com o seu papel no esquema tático da Espanha, dona de um futebol pouco encantador àquela altura em relação a outros tempos. Casillas precisou entrar em ação e, com as palavras, convenceu o meio-campista do Barcelona, com quem atua desde os 15 anos nas divisões de base na Fúria, a jogar a decisão diante da Itália – vencida por 4 a 0 – e seguir no elenco até a Copa do Mundo de 2014. Com a promessa de que encerrariam os trabalhos no Brasil.

– Só iam ser mais dois anos. Xavi, quando acabar o Mundial do Brasil, deixará a seleção. Puyol também falou com ele, e entre todos o convencemos. Mas o que acontece com ele também está acontecendo com a gente. Eu também planejo deixar a seleção em 2014. Quando chega aos 30, já não é um menino louco de 20. Antes, por mais que você coma, não engorda, tem um físico diferente. Agora, com 30, se cuida. Sabe o que tem que fazer para sentir-se bem. Sabe o que tem que fazer nos treinos, sabe o que tem que fazer para comer muito bem. Agora com 31 eu me encontro melhor do que quando tinha 27 ou 28 – contou o goleiro em depoimento ao livro “La Hazaña de La Roja” (A Façanha da Roja).

Ansiedade de um adolescente

Por momentos diante do Uruguai no último domingo, no entanto, Casillas pareceu um adolescente. Ele mesmo confessou que o retorno aos gramados como titular – havia disputado 45 minutos em cada um dos dois amistosos da Fúria nos Estados Unidos – mexeu com o seu psicológico. Na linha do tempo, o camisa 1 voltou para o ano 2000, quando estreou num duelo sem gols contra a Suécia, no dia 3 de junho.

– Tive a mesma sensação de 13 anos atrás. Ainda que tenha 145 jogos com a seleção, tive a impressão de que estava estreando. Sorte por revivê-la, feliz pela vitória, por meus companheiros e pela seleção. Queremos seguir ganhando.

O treinador sabe o quão importante foi a sua decisão. Casillas superou recentemente o sueco Ravelli e se tornou o jogador europeu com mais partidas por uma seleção. Está atrás em âmbito mundial apenas de Al-Deayea, que somou 178 jogos com a Arábia Saudita. Apesar de ter sido pouco exigido na vitória sobre o Uruguai, tê-lo como a referência de liderança dentro de campo é algo que nem os números poderiam provar com tamanha intensidade. Del Bosque, ao contrário de Mourinho, teve esta confirmação há muito tempo.

Fonte: Globoesporte.com

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Atualizado: 18/06/2013 11:35

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