O Espírito Santo registrou um aumento de 94% nos incêndios em vegetação nos primeiros oito meses de 2024, em comparação ao mesmo período do ano anterior. O Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Espírito Santo (CBMES) atendeu 2.331 ocorrências até agosto, contra 1.199 em 2023. A estiagem severa e a redução das chuvas agravaram a situação, facilitando a propagação do fogo, embora a maioria das causas seja atribuída à ação humana.
O major Lucas Sossai, comandante do Corpo de Bombeiros de Aracruz, ressaltou a importância do combate às causas intencionais dos incêndios. “A grande maioria dos incêndios é causada por ações humanas, seja por irresponsabilidade ou intencionalidade, que é pior. Quem provoca incêndio pode enfrentar sanções legais”, alertou.
As regiões mais afetadas do estado são a metropolitana, com 818 casos, a região norte, com 466, e a sul, com 449. Entre os municípios mais atingidos estão Serra, Linhares, Cachoeiro de Itapemirim, Vila Velha e Colatina. O município de Aracruz, onde se localiza uma das fábricas da Suzano, figura entre os mais impactados na região norte.
Luiz Bueno, gerente de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais da Suzano, destacou os prejuízos causados pelas queimadas. “As chamas representam danos sérios para o meio ambiente, saúde pública e economia local”, afirmou. Ele ressaltou também a importância do canal “Guardiões da Floresta” para denúncias de incêndios, disponível pelo número 0800 203 0000.
Impactos socioambientais
A situação é ainda mais alarmante nas áreas de preservação ambiental, com 52,4% dessas regiões afetadas por queimadas em 2024. Foram registradas 77 ocorrências, totalizando quase 60 hectares de áreas preservadas destruídas pelo fogo. Sooretama, Conceição da Barra, São Mateus e Montanha estão entre as cidades mais impactadas.
“Queimar uma floresta ou uma pequena vegetação que seja é destruir vidas. A Suzano atua sempre em prol da vida, do meio ambiente, da sustentabilidade. Seguiremos combatendo incêndios, mas fazemos um apelo: não ateiem fogo, é crime e afeta todo o ecossistema”, alertou Luiz Bueno.
Saúde pública e segurança nas estradas
Além dos danos ambientais, os incêndios florestais têm gerado graves consequências para a saúde pública e a segurança nas estradas. A fumaça emitida pelos focos de incêndio compromete a qualidade do ar e aumenta os riscos de acidentes automobilísticos, conforme alertou o tenente-coronel Wanderson Luchi, comandante do Batalhão de Polícia Militar Ambiental.
“Já efetuamos 14 autos de infração, perfazendo um total de R$ 360 mil em multas. De área degradada, já foram 29,57 hectares. Conduzimos três pessoas em flagrante para a delegacia, e elas responderão processo criminal”, afirmou o oficial. Ele também destacou o impacto das queimadas na visibilidade nas estradas, aumentando o risco de acidentes.
O aumento expressivo de incêndios florestais em 2024 coloca em evidência a urgência de medidas de prevenção e conscientização, com a colaboração das autoridades e da população para minimizar os danos ambientais e sociais no Espírito Santo.