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Espírito Santo lidera taxa de homicídios por arma de fogo entre homens no Sudeste

21 nov 2024 - 13:33

Redação Em Dia ES

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Relatório aponta desigualdade racial e vulnerabilidade social como fatores que agravam a violência armada no Brasil
Espírito Santo lidera taxa de homicídios por arma de fogo entre homens no Sudeste. Foto: Getty Images Signature

No período de 2012 a 2022, o Espírito Santo apresentou a maior taxa de homicídios por arma de fogo entre homens no Sudeste, com 42,4 mortes a cada 100 mil habitantes. O dado integra o relatório “Violência Armada e Racismo: o papel da arma de fogo na desigualdade racial”, divulgado nesta terça-feira (20) pelo Instituto Sou da Paz. O documento também revelou que 79% das vítimas de homicídios no Brasil eram homens negros, evidenciando um cenário de desigualdade racial e vulnerabilidade social.

Conforme o relatório, a faixa etária de 20 a 29 anos foi a mais atingida, com 43% dos casos de homicídios por arma de fogo no país, enquanto vítimas de 30 a 59 anos somaram 40%. Nos últimos dez anos, cerca de 38 mil homens foram mortos baleados no Brasil, e as vias públicas concentraram 50% dos casos.

O impacto no Espírito Santo e em outras regiões
Entre os estados da região Sudeste, o Espírito Santo lidera com a maior taxa de homicídios por armas de fogo, enquanto o Rio Grande do Sul ocupa posição similar no Sul, com 25,2 mortes por 100 mil homens. Nas capitais, as taxas superam 100 mortes por 100 mil habitantes, sendo Vitória e Porto Alegre as mais impactadas.

Regionalmente, o relatório destacou o Nordeste como a região mais violenta, com uma taxa de 57,9 mortes por 100 mil homens, seguido pelo Norte (49,1), Sul (23,2) e Sudeste (16,1).

Desigualdade racial e vulnerabilidades sociais
A violência armada no Brasil é marcada por desigualdade racial, afetando principalmente a população negra. No Espírito Santo, 56% dos homens mortos por disparos de armas de fogo eram negros. Carolina Ricardo, diretora-executiva do Instituto Sou da Paz, afirma que esses números refletem “as vulnerabilidades estruturais que afetam a população negra”.

Cristina Neme, coordenadora de projetos do instituto, destacou que essa violência está associada à maior vulnerabilidade social da população negra, especialmente em periferias urbanas. “A violência agrava o acesso à educação e a outras oportunidades, perpetuando um ciclo de desigualdades”, explica Neme.

Os conflitos armados não letais, que incluem disparos sem mortes, também revelam desigualdade: 80% das vítimas são homens negros, com maior concentração nas regiões Norte e Nordeste.

Mudança no perfil das localidades mais afetadas
Nos últimos anos, municípios pequenos e médios, com até 500 mil habitantes, concentraram 60% dos casos de homicídios por arma de fogo, ultrapassando os grandes centros urbanos. Essa mudança foi atribuída à expansão de facções criminosas, que buscam consolidar territórios e aumentar o alcance de suas atividades.

De acordo com o Instituto Sou da Paz, o Ministério da Justiça identificou a atuação de 88 facções criminosas no Brasil. Essas organizações têm disputado áreas de controle, resultando em aumento da violência em comunidades de menor porte.

“A expansão das facções é um fator relevante para o aumento da violência, ainda que não seja o único”, ressalta Cristina Neme. “Isso afetou drasticamente a vida das populações mais vulneráveis, ampliando os riscos e os impactos da violência armada.”

O relatório alerta para a necessidade de políticas públicas que enfrentem as desigualdades sociais e raciais, além de estratégias para reduzir o acesso às armas de fogo. Segundo Carolina Ricardo, é essencial compreender que “a violência armada não é apenas um reflexo do crime, mas também das condições estruturais que perpetuam desigualdades históricas”.

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