O objetivo do Dia Mundial da Síndrome de Down, comemorado anualmente em 21 de março, é reforçar a prática de inclusão que deve ser levada diariamente.
A trajetória de Maria Clara Ribeiro Maciel de Carvalho e Felipe Ribeiro Lima ilustra a crescente presença de pessoas com Síndrome de Down em diversos setores do mercado profissional. Juntos há mais de dois anos, o casal demonstra, com o apoio integral de familiares, que a Síndrome de Down não é um obstáculo intransponível, mas, sim, um diferencial que enriquece o mundo do trabalho.
Felipe, além de ser reconhecido como o primeiro DJ com Down do Brasil, exerce suas habilidades também no telemarketing, atuando com destaque em uma empresa de call center. Maria Clara, por sua vez, iniciou sua jornada profissional como funcionária em uma loja de doces no Jardim Camburi, em Vitória (ES). O sucesso foi tanto que ela virou proprietária do negócio.
E esses exemplos não são isolados. No universo cultural, a peça teatral “As Aventuras da Fada Amor” destaca-se como um marco. Com Gabriela Carrara, atriz com Síndrome de Down no papel principal, a produção do espetáculo não apenas desafiou estereótipos, mas também abriu portas para que sejam revelados o talento e a criatividade artística de pessoas com a T21 (Trissomia do Cromossomo 21), contribuindo assim para uma maior diversidade nas artes cênicas.
“Iniciativas bem-sucedidas de indivíduos com Down em vários setores profissionais estão se multiplicando por todo o país. Precisamos dar mais visibilidade a esses casos para que outras pessoas com a Síndrome tenham também oportunidades e descubram o seu potencial”, lembra o Defensor Público Federal André Naves, especialista em Direitos Humanos e Inclusão Social.
No mundo dos negócios inclusivos, o Bellatucci Café, localizado em Pinheiros, na capital paulista, se destaca. A cafeteria é comandada por Jéssica Pereira da Silva, de 32 anos, a primeira empreendedora com Síndrome de Down no Brasil. Outras pessoas com a T21 também trabalham na cafeteria. A proposta é ir além do ambiente acolhedor e das delícias culinárias que estão no cardápio. É transmitir uma mensagem poderosa de amor e inclusão, por meio da geração de oportunidades de trabalho e renda e da valorização do potencial de indivíduos com Down.
São muitas as histórias de sucesso que marcam o começo de uma virada de mentalidade dos brasileiros. À medida que a conscientização sobre a Síndrome de Down aumenta e os preconceitos diminuem, espera-se que mais portas se abram para a inclusão no mercado de trabalho.
Apoio para inclusão social e profissional
O Grupo Chaverim – “Amigos”, em hebraico – é uma das instituições beneficentes que dão apoio às pessoas com deficiências intelectuais e psicossociais no Brasil. A associação, situada na capital paulista, já auxiliou e continua auxiliando muitas pessoas com Down nas áreas da educação e do trabalho. David Goldzveig, de 31 anos, é um bom exemplo: “Trabalho na Serasa e estudo na ADID. Pratico natação e ginástica artística. Tenho amigos na Hebraica e no Chaverim e, assim, me sinto feliz”, afirma David, que também participa da “Dog Day Club”, creche e hotel para cães, onde cuida dos cachorros e da limpeza do local.
“Apesar dos avanços, ainda há muitos desafios a serem enfrentados. A inclusão plena no mercado de trabalho requer não apenas políticas e leis inclusivas, mas também uma mudança cultural que reconheça e celebre a diversidade em todas as suas formas. A presença cada vez mais notável de pessoas com Down em diversos setores profissionais não apenas desafia as expectativas sociais, mas também enriquece as comunidades e promove uma sociedade mais justa e inclusiva”, conclui o Defensor Público André Naves.