A taxa de pobreza na América Latina caiu para 27,3% em 2023, segundo o relatório “Panorama Social da América Latina e Caribe 2024” divulgado nesta terça-feira (12) pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal). A redução de 1,5 ponto percentual em relação ao ano anterior, que representa o menor índice já registrado desde o início das medições comparáveis, foi fortemente influenciada pelas políticas de transferência direta de renda adotadas no Brasil. O país, que abriga cerca de um terço da população da região, foi responsável por mais de 80% da queda na taxa de pobreza regional.
O documento da Cepal destaca a importância das transferências de renda no Brasil para a diminuição das taxas de pobreza. “Se no Brasil a população em situação de pobreza não tivesse caído, a média regional de pobreza em 2023 teria sido de 28,4%, apenas 0,4 pontos percentuais menos que no ano anterior, e a incidência da pobreza extrema se manteria sem alterações, em 11,1%”, afirma o relatório.
Em 2023, a taxa de pobreza extrema também apresentou uma leve redução, passando de 11,1% para 10,6%, o que significa que 66 milhões de pessoas na América Latina e Caribe viviam em condições de pobreza extrema no período. Ainda assim, o percentual de pobreza extrema permanece acima dos níveis observados em 2014, indicando que, apesar dos avanços, a região ainda enfrenta desafios significativos na erradicação da pobreza severa.
O relatório indica que o contexto brasileiro foi decisivo para o resultado, apontando a necessidade de políticas de proteção social para garantir avanços sustentáveis na redução da pobreza em toda a região. De acordo com a Cepal, para que a erradicação da pobreza seja uma realidade, seria necessário um investimento em proteção social não contributiva que varie entre 1,5% e 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB), ou entre 5% e 10% do total de gastos públicos.
Em 2022, os Ministérios de Desenvolvimento Social de 20 países latino-americanos investiram, em média, apenas 0,8% do PIB, ou 3% do gasto público total, em proteção social não contributiva.
O levantamento ressalta o papel das políticas sociais em enfrentar as desigualdades da região e reforça a importância de investimentos em programas de transferência de renda como ferramenta central para a erradicação da pobreza na América Latina e no Caribe.