Dados da CNDL e do SPC Brasil estimam que o PIB brasileiro pode sofrer uma perda de R$ 56 bilhões
Em meio à crise sanitária do coronavírus no Brasil, segmentos do comércio já começaram a sentir o impacto da pandemia na desaceleração do consumo. Alguns estados chegaram a decretar o fechamento de lojas e shoppings.
Dados estimados pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) apontam que, depois de crescer perto de 1% em 2017, 2018 e 2019, o PIB brasileiro pode sofrer uma perda de R$ 56 bilhões. O número representa impacto negativo de 0,8 pontos percentuais, em consequência da desaceleração econômica instaurada com a disseminação da Covid-19.
As previsões não são muito diferentes quando se trata do setor de serviços, que inclui as atividades do comércio. A situação pode puxar o PIB do setor para baixo em R$ 41,7 bilhões, representando um impacto negativo de 0,9 pontos percentuais. A projeção tem como premissa a normalização das atividades a partir de maio. Caso os efeitos da epidemia avancem além desse período, o impacto poderá ser ainda maior.
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) reduziu a previsão de crescimento da economia mundial para 2020, citando o coronavírus e as contrações na produção chinesa. A projeção de crescimento passou de 2,9% para 2,4%. Trata-se da menor expansão desde 2009.
Para o presidente da CNDL, José César da Costa, é fundamental que as entidades busquem, junto ao poder público, soluções para diminuir o impacto da pandemia na economia.
“A CNDL tem atuado em conjunto com o Ministério da Economia para buscar soluções que possam, de alguma maneira, amenizar os impactos provocados pela pandemia do coronavírus no setor de comércio e serviços. O momento é de união do setor, em busca de soluções, principalmente para as micro e pequenas empresas, que representam mais de 90% dos empreendimentos do país”, afirma.
Ações do governo
O governo federal anunciou várias medidas para reduzir os efeitos econômicos relacionados à pandemia do coronavírus nas micro e pequenas empresas. Uma delas trata do adiamento da parte da União no recolhimento do imposto do Simples Nacional pelo período de três meses, o que vai corresponder a uma renúncia temporária de R$ 22,2 bilhões.
A medida vai beneficiar aproximadamente 4,9 milhões de empresas, que são optantes pelo regime tributário, e o pagamento dos impostos será adiado para o segundo semestre deste ano.
Também serão liberados R$ 5 bilhões pelo Programa de Geração de Renda (Proger), mantido com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). A quantia será repassada aos bancos públicos para que eles concedam empréstimos voltados a capital de giro das micro e pequenas empresas.
De acordo com o secretário de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia, Carlos da Costa, o governo está focando nas micro e pequenas empresas porque elas têm mais dificuldade de obter capital de giro e acessar linhas de crédito.
“As pequenas empresas vivem para o pagamento de salários e de fornecedores e dependem do dinheiro que está entrando todo mês. Optamos por criar soluções para resguardar o caixa dessas empresas”, explica.
Outras ações para a geração e manutenção de empregos incluem adiar o prazo de pagamento do FGTS por três meses, simplificar as exigências para contratação e renegociação de crédito e facilitar o desembaraço de insumos e matérias-primas industriais importadas antes do desembarque.
Medidas para manutenção de empregos
– Diferimento do prazo de pagamento do FGTS por três meses (R$ 30 bilhões).
– Diferimento da parte da União no Simples Nacional por três meses (R$ 22,2 bilhões).
– Crédito do Proger para micro e pequenas empresas (R$ 5 bilhões).
– Redução de 50% nas contribuições do Sistema S por três meses (R$2,2 bilhões).