emdia.es/191438
O Conclave para escolha do novo papa da Igreja Católica Romana terá início nos próximos dias, após a morte do Papa Francisco, aos 88 anos, confirmada nesta segunda-feira (21). O processo de eleição do sucessor será realizado no Vaticano, sob rigoroso sigilo, com a participação de 135 cardeais com menos de 80 anos, incluindo sete brasileiros. A expectativa é que a primeira votação ocorra entre os dias 6 e 11 de maio, conforme as regras da Igreja.
O termo “conclave” vem do latim cum clavis, que significa “fechado com chave”, e remonta ao século XIII, quando os cardeais eram confinados em locais isolados para evitar interferências externas durante a escolha de um novo pontífice. Desde 1379, apenas cardeais têm sido eleitos para o cargo. A votação é feita exclusivamente de forma presencial na Capela Sistina, no Vaticano, e ocorre a portas fechadas, sem acesso à mídia ou comunicação externa.
Em entrevista à GloboNews nesta segunda-feira (21), o brasileiro Dom Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília, afirmou que os cardeais já foram convocados para o Conclave. “Recebemos hoje uma convocação do Colégio Cardinalício. O Conclave, amanhã já vai ter uma reunião”, afirmou. Segundo ele, os cardeais já começaram a ser convocados para Roma. “Na convocação, pediram para ir a Roma porque o Papa vai ser sepultado. Amanhã, tem uma primeira reunião que deve definir uma agenda e, depois, [começa] a primeira parte do Conclave”, explicou.
A primeira etapa do processo inclui reuniões entre todos os cardeais — tanto os que têm direito a voto quanto os que já passaram da idade limite — para discussões sobre os desafios da Igreja e da humanidade. “Ali, já começa a se definir o perfil de um futuro Papa”, detalhou Dom Paulo. Após essa fase, apenas os cardeais com menos de 80 anos seguem para a Casa Santa Marta, onde ocorrem as votações.
O Conclave inicia oficialmente com uma missa especial na Basílica de São Pedro. Em seguida, os cardeais caminham até a Capela Sistina para o início da eleição. A capela é rigorosamente verificada para garantir que não haja dispositivos de gravação, e o descumprimento das regras pode levar à excomunhão.
As cédulas de votação são preenchidas de forma anônima. Cada cardeal deposita o voto em um cálice sobre o altar, seguindo ordem de senioridade. É necessário que um dos candidatos receba dois terços dos votos para ser eleito. Caso nenhum nome atinja esse número, novas votações são realizadas: duas pela manhã e duas à tarde, durante até três dias consecutivos. Se ainda assim não houver consenso, o quarto dia é reservado para orações e discussões, e o ciclo de votações recomeça. Apesar disso, segundo a diocese de Providence, nos Estados Unidos, nenhum dos últimos 11 conclaves ultrapassou quatro dias de duração.
O resultado da votação é comunicado ao público por meio de fumaça que sai da chaminé instalada no telhado da Capela Sistina. Fumaça preta indica que não houve eleição; fumaça branca, que o novo papa foi escolhido. Cerca de 30 a 60 minutos após a fumaça branca, o novo pontífice aparece na sacada com vista para a Praça de São Pedro para sua primeira saudação e oração pública. A cerimônia de posse ocorre dias depois, tradicionalmente na Catedral de São Pedro.
Enquanto o novo papa não é eleito, a Igreja é comandada provisoriamente pelo Colégio dos Cardeais, que assume a responsabilidade por decisões urgentes.
A eleição do novo papa, além de ser um marco religioso, é também um evento de grande repercussão política dentro da estrutura eclesiástica. De acordo com o historiador e teólogo Gerson Leite de Moraes, o conclave é um processo repleto de simbolismos. “Apesar das regras, elas são apenas um guia, e no processo do conclave existem rituais que não seguem necessariamente a lógica do relógio”, explicou.
