No Brasil, o comércio varejista recuou cerca de 2,5% em março. Por outro lado, os supermercados têm vendido mais do que o esperado
O comércio varejista brasileiro sofreu uma queda de 2,5% no mês de março na comparação com fevereiro, segundo o IBGE. Os efeitos da redução mais drástica já registrada desde 2003 estão sendo sentidos de perto pelos comerciantes do Espírito Santo. De acordo com a Federação do Comércio (Fecomércio-ES), a perda de faturamento chegou a R$ 3 bilhões no estado. Em Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do estado, comerciantes afirmam que as vendas este ano já caíram mais de 60%.
Mesmo com a reabertura do comércio, permitida pelo governo estadual, vender durante a pandemia do coronavírus continua difícil. O jeito é criar alternativas para que os produtos cheguem até os clientes, já que as lojas permanecem vazias a maior parte do tempo.
“Antes, as nossas clientes poderiam trazer os filhos, vir com a mãe, a avó. Agora, nós mandamos mais fotos pelas redes sociais. Nosso Instagram funciona 24 horas”, diz Janine Soares, que é gerente de uma loja de roupas da cidade.
A dona de uma loja de calçados infantis de Cachoeiro, afirma que as vendas caíram 50%. Para conseguir alguma saída, a saída tem sido oferecer o serviço de delivery.
No setor de restaurantes, o problema é o mesmo, segundo a Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Cachoeiro de Itapemirim (Acisci).
“No ramo de restaurantes e lanchonetes há pessoas que nem abriram com esse retorno porque não está compensando. As pessoas estão muito receosas ainda”, diz o gerente de Marketing da Acisci, Juarez Marqueti.
Fecomércio
Apesar das tentativas dos comerciantes, de acordo com a Federação do Comércio do Espírito Santo, as vendas por internet e as entregas em casa não se comparam ao volume de vendas que eram feitas pessoalmente.
Por essa razão, entre 15 de março de 10 de maio, o comércio do estado teve um prejuízo estimado em R$ 3 bilhões.
“É ma incerteza muito grande que todos estão vivendo nesse momento. A economia está em baixa, temos situações catastróficas e não há outra saída a não ser buscar linhas de crédito para sobreviver”, pontua Juarez Marqueti.
Supermercados
Em contrapartida, os supermercados registraram aumento de, em média, 14,6% das vendas em Cachoeiro nesse mesmo período.
De acordo com o gerente de supermercado, a procura foi tanta que alguns produtos quase se esgotaram nas prateleiras.
“Produtos alimentícios, como arroz, feijão, quase faltaram. Mas, como temos um bom estoque, conseguimos suprir a necessidade dos clientes”, disse João Paulo, que é gerente de um supermercado local. Segundo ele, as vendas se equipararam a de períodos como Natal e Ano Novo.
Em alguns locais, as vendas chegaram a crescer 20% em relação ao que era planejado. É o caso de um supermercado inaugurado em Cachoeiro no início de março.
“As pessoas acabaram consumindo mais dentro de casa e o gênero alimentício acabou registrando esse aumento”, explica o gerente Paulo Sérgio.