O dia 2 de novembro faz com quê o mundo se volte para a celebração do Dia de Finados, uma data em que reverenciamos e lembramos aqueles que já partiram desta vida. No entanto, a forma como diferentes religiões encaram essa ocasião revela uma riqueza de perspectivas e tradições culturais.
Para os cristãos católicos, o Dia de Finados é um momento de profunda devoção e luto. Eles dedicam esse dia para rezar pelos mortos, especialmente pelas almas do purgatório, e costumam visitar cemitérios, levando flores e velas para honrar seus entes queridos que se foram. É um dia de contemplação da morte e da vida eterna.
Por outro lado, os evangélicos, embora façam orações e prestem homenagens aos falecidos, geralmente não têm o hábito de visitar cemitérios após o sepultamento. Suas práticas tendem a ser mais comedidas, enfatizando a fé e a oração em vez de rituais mais visuais.
Edebrande Cavalieri, doutor em Ciências da Religião, destaca que a questão da morte é uma constante em todas as culturas, seja do ponto de vista religioso, filosófico ou teológico. Ele ressalta que algumas religiões incluem o culto aos ancestrais mortos, com a criação de altares dedicados a eles nos templos.
No cristianismo, especialmente na tradição católica, a distinção entre os mortos mais notáveis, como santos e mártires, é uma prática comum. O calendário litúrgico inclui o Dia de Todos os Santos e o Dia de Finados para honrar essas figuras especiais.
Em contraste, muitas outras religiões encaram a morte de maneira mais leve, como uma transição para outra dimensão. O espiritismo, por exemplo, acredita que a morte é apenas uma passagem para o espírito imortal. No islamismo, a morte é vista como uma fase que deve ser rápida, sem cerimônias prolongadas, embora tenha sua própria importância.
Nas religiões de matriz africana, como a Umbanda e o Candomblé, a morte é vista como uma libertação da alma em relação ao corpo, e não há o hábito de realizar celebrações como as “missas de sétimo dia”.
No budismo, a morte é considerada uma passagem para o nascimento de uma nova vida, e a preparação para a morte é feita de forma a garantir serenidade e paz nesse momento. A ideia de paz perpétua está intrinsecamente ligada a essa crença.
No Brasil, a Igreja Messiânica, de origem oriental, construiu altares para Deus, o fundador e os ancestrais mortos em seu templo sagrado, demonstrando a importância dada aos que já partiram.
Independentemente da crença religiosa, a morte é uma parte inevitável da vida, como Ariano Suassuna afirmou: “tudo que é vivo morre.” A psicóloga Naira Caroline Teixeira destaca a importância de entender a morte como parte da jornada da vida. Ignorá-la é ignorar o próprio tempo de vida, e é essencial falar sobre o assunto com crianças, respondendo às suas perguntas de forma apropriada para a idade.
Com relação aos adolescentes, a conversa pode ser mais direta, permitindo que eles expressem seus sentimentos em relação à perda de entes queridos.
Quando a morte se torna iminente, é fundamental permitir que a pessoa que está morrendo tenha a oportunidade de se despedir de seus entes queridos. A morte é uma parte da vida e, paradoxalmente, é algo que todos vivenciamos de uma forma ou de outra.
Após o momento da morte, inicia-se o processo de luto, uma jornada complexa que pode envolver uma variedade de emoções, como raiva, medo, impotência e desamparo. É essencial lidar com esses sentimentos para dar um novo significado à vida após a perda, e o apoio emocional de familiares, amigos e profissionais de saúde mental pode ser fundamental nesse processo.
Neste Dia de Finados, cada um de nós pode refletir sobre a morte e como ela influencia nossa jornada, lembrando que, em meio à tristeza, há espaço para compreender a morte como parte integrante da vida.
Com informações de ES Hoje