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Cardeais iniciam conclave no Vaticano para escolha do sucessor do Papa Francisco

07 maio 2025 - 09:00

Redação Em Dia ES

por Julieverson Figueredo, com informações de g1 e Folha de S. Paulo

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Missa “Pro Eligendo Pontifice” abre ritos que precedem a votação na Capela Sistina; sete brasileiros estão entre os eleitores reunidos na Casa Santa Marta
Cardeais iniciam conclave no Vaticano para escolha do sucessor do Papa Francisco. Foto: Vatican Media

O Vaticano deu início nesta quarta-feira (7) ao conclave que escolherá o novo papa, após a missa “Pro Eligendo Pontifice”, celebrada na Basílica de São Pedro pelo decano do Colégio Cardinalício, Giovanni Battista Re, 91 anos. A celebração marca oficialmente o começo dos ritos que antecedem as votações reservadas na Capela Sistina, onde 133 cardeais com menos de 80 anos se reúnem para eleger o novo líder da Igreja Católica.

A missa foi conduzida diante de uma basílica lotada. Na homilia, Re destacou a necessidade de comunhão na diversidade dentro da Igreja e pediu inspiração ao Espírito Santo para a escolha do novo pontífice. “Estamos aqui para invocar a ajuda do Espírito Santo, para implorar a sua luz e a sua força, a fim de que seja eleito o papa que a Igreja e a humanidade precisam neste momento tão difícil e complexo da história”, afirmou.

Re também relembrou o simbolismo da Capela Sistina, onde, diante da pintura do Juízo Final de Michelangelo, os cardeais fazem seus votos. “A eleição do novo papa não é uma simples sucessão de pessoas, mas é sempre o apóstolo Pedro que retorna”, disse o decano.

Cerimônia e juramento
Ao final da missa, foi feita uma oração especial destinada aos cardeais eleitores. A cerimônia prossegue com a ida dos cardeais à Capela Paulina até as 11h15 (16h15 no horário de Brasília), de onde partem em procissão para a Capela Sistina. Às 11h30 (16h30), todos que não são eleitores deixam a capela após o anúncio do “extra omnes”, feito pelo arcebispo Diego Giovanni Ravelli, responsável pelas cerimônias litúrgicas pontifícias. As portas são então trancadas, e uma última meditação antecede a primeira votação.

A partir de então, os cardeais permanecem em reclusão total na Casa Santa Marta, deixando a residência apenas para os escrutínios diários na Capela Sistina, até que haja consenso em torno de um nome. O uso de celulares é proibido e, segundo o reitor do Pontifício Colégio Pio Brasileiro, padre Valdir Candido de Morais, os cardeais brasileiros compraram despertadores analógicos em um pequeno comércio local. “Encontramos aqui no chinesinho”, comentou.

Participação brasileira

Sete brasileiros estão entre os cardeais eleitores. São eles:
Dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo
. Dom Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro
. Dom Sergio da Rocha, arcebispo de Salvador
. Dom Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília
. Dom Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus
. Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre e presidente da CNBB
. Dom João Braz de Aviz, que reside em Roma e é prefeito emérito de um dicastério do Vaticano

Seis deles estavam hospedados no Colégio Pio Brasileiro e deixaram o local na noite de terça-feira (6) em duas vans em direção à Casa Santa Marta. Antes da partida, rezaram diante de um pequeno altar com uma imagem de Nossa Senhora Aparecida e a bandeira do Brasil. O arcebispo emérito de Aparecida, dom Raymundo Damasceno, de 88 anos, participou das orações e abençoou o grupo. “Que o Espírito Santo os ilumine nessa missão tão importante”, disse.

Expectativa por uma decisão rápida
Há expectativa de que o conclave não se estenda por muitos dias. “Dois, três dias”, previu dom Jaime Spengler em entrevista à GloboNews. Dom Raymundo Damasceno estimou um tempo semelhante: “No máximo quatro dias, estou imaginando.” Segundo ele, as congregações gerais realizadas previamente permitiram aos cardeais conhecerem melhor os perfis de cada membro, reduzindo o tempo necessário para a escolha.

Durante essas reuniões, os cardeais não discutem nomes diretamente, mas compartilham breves exposições sobre os desafios da Igreja em suas regiões. Dom Raymundo citou como marcantes as intervenções dos cardeais italianos Pietro Parolin, Matteo Zuppi e Pierbattista Pizzaballa. Ele também destacou a expansão promovida por Francisco ao criar cardeais em regiões periféricas, como Timor Leste e Mongólia.

Ambiente de recolhimento e responsabilidade
O clima na Casa Santa Marta, segundo relatos, é de recolhimento e troca discreta de opiniões. “Ali é um ambiente muito tranquilo. Pode ser que alguém pergunte a um cardeal o parecer sobre um candidato, mas tudo muito discretamente”, disse dom Raymundo. Ele descreveu o juramento dos cardeais diante do afresco do Juízo Final como um dos momentos mais solenes e carregados de responsabilidade do conclave. “O que está movendo o seu voto? São interesses? São simpatias? Ou é o bem da Igreja? O bem da humanidade?”

No primeiro escrutínio, os votos costumam ser dispersos, com homenagens a cardeais sem chance real de eleição. A partir da segunda votação, é comum que os apoios se concentrem em nomes mais viáveis.

O resultado da eleição será anunciado com a tradicional fumaça branca saindo da chaminé da Capela Sistina. Caso isso ocorra ainda hoje, será necessário um consenso extraordinário. “É uma caixa de surpresas”, resumiu dom Raymundo. Os romanos têm até um ditado para a imprevisibilidade do conclave: “Chi entra papa, esce cardinale”, ou seja, quem entra como papa, sai como cardeal.

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Atualizado: 07/05/2025 09:20

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