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Bebê morre durante parto e família alega negligência médica em Aracruz

04 jan 2025 - 14:26

Redação Em Dia ES

por Julieverson Figueredo

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Jovem mãe de primeira viagem enfrentou trabalho de parto prolongado antes de cesariana; investigação apura circunstâncias do óbito
Bebê morre durante parto e família alega negligência médica em Aracruz. Foto: Reprodução

Um recém-nascido morreu durante o parto no Hospital São Camilo, em Aracruz, Norte do Espírito Santo, no último sábado (28). A mãe, Isabelly Nascimento, de 18 anos, enfrentou uma gestação tranquila até a reta final e aguardava com expectativa a chegada de seu primeiro filho. Após horas de trabalho de parto normal, foi realizada uma cesariana, mas o bebê não resistiu, falecendo cerca de uma hora após o nascimento.

A família registrou um boletim de ocorrência no domingo (29), na Delegacia Regional de Vitória, alegando possível negligência médica no atendimento.

Segundo Isabelly, a gravidez transcorreu normalmente na maior parte do tempo. Entretanto, na reta final, ela apresentou um aumento nos níveis de glicose, o que resultou no crescimento do bebê além do esperado. Por conta disso, foi recomendado por profissionais que acompanham o pré-natal que o parto fosse realizado por cesariana. “Os profissionais que realizavam meu pré-natal, decidimos optar por uma cesária. Isso era necessário, pois não teria condições de ter o parto”, relatou a mãe em entrevista.

No entanto, Isabelly afirmou que, ao chegar ao hospital, a equipe médica indicou que o parto poderia ser feito de forma normal. “Eu perguntei se seria uma cesária, mas a equipe afirmou que tinha passagem por parto normal. No local, eu era mãe de primeira viagem, eu iria confiar em quem?”, questionou.

Durante o trabalho de parto, foi utilizado um extrator a vácuo. Com a constatação da impossibilidade de realizar o parto normal, os médicos decidiram pela cesariana, mas o bebê, identificado como Heitor Rossi de França, faleceu pouco depois.

O laudo emitido pelo hospital sugere que uma doença cardíaca pode ter contribuído para o óbito. No entanto, a certidão de óbito aponta hemorragia cerebral e traumatismo como causas do falecimento. A família também acredita que o uso do fórceps tenha causado ferimentos na cabeça da criança.

A Polícia Científica do Espírito Santo (PCIES) recolheu o corpo para o Instituto Médico Legal (IML), em Vitória, onde será realizada a análise cadavérica. O resultado do exame será fundamental para esclarecer as circunstâncias da morte. A Polícia Civil (PCES) aguarda o laudo para dar continuidade às investigações.

O que diz o hospital
Em nota, o Hospital São Camilo declarou que seguiu protocolos clínicos com base nas melhores práticas médicas e que a equipe tentou inicialmente o parto normal, recorrendo ao extrator a vácuo antes de optar pela cesariana.

Confira a nota do hospital na íntegra:

“Manifestamos nossa mais profunda solidariedade e respeito à familia do bebê Heitor, que veio a óbito em nosso hospital, no dia 28 de dezembro de 2024.
Reiteramos nosso compromisso com a transparência e a ética no cuidado prestado a nossos pacientes.
A mãe do bebê foi admitida em trabalho de parto e, durante todo o processo, nossa equipe seguiu protocolos clínicos baseados nas melhores práticas da literatura médica, com o objetivo de garantir a segurança da mãe e do bebê.
Após algumas horas de evolução no trabalho de parto, utilizando todos os recursos necessários e prerrogativas para o parto normal, a equipe observou a necessidade de intervenção e decidiu realizar uma cesariana.
Infelizmente, apesar de todos os esforços realizados, o desfecho foi o que todos não desejavam: o falecimento do bebê.
Entendemos o impacto emocional e a dor enfrentados pela família e nos colocamos à disposição para prestar os esclarecimentos necessários sobre os procedimentos realizados.
O caso está sendo analisado com a devida seriedade, e estamos aqui para garantir que todos os aspectos sejam avaliados com transparência.
Mais uma vez, lamentamos profundamente o ocorrido e reafirmamos nosso compromisso com a segurança, o acolhimento e o respeito em todas as etapas do cuidado prestado.
Com respeito e solidariedade”.

O Conselho Regional de Medicina (CRM-ES) informou que investigará o caso por ofício. Caso sejam constatados indícios de falta ética, um processo disciplinar será instaurado.

O Em Dia ES tentou contato com a Secretaria de Saúde do Estado, mas não tivemos retorno até o fechamento desta matéria.

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Atualizado: 04/01/2025 15:36

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