Aracruz e Montanha, municípios do Espírito Santo, figuram entre as dez cidades brasileiras que mais recuperaram áreas verdes nos últimos três anos, de acordo com dados do Observatório da Restauração e Reflorestamento (ORR). Ambos restauraram 2,08 mil hectares cada, contribuindo para que o estado ocupasse a terceira posição nacional em restauração ambiental, com 27,55 mil hectares recuperados entre 2021 e 2024.
O levantamento aponta que o Espírito Santo restaurou o equivalente a mais de 1.400 estádios do Maracanã em área verde, ficando atrás apenas de São Paulo, com 37,53 mil hectares, e Minas Gerais, com 30,55 mil hectares. Os três estados somam 95 mil hectares de recuperação, representando dois terços do total nacional.
A secretária-executiva do ORR, Tainah Godoy, atribuiu o resultado capixaba a ações coordenadas de diversos setores. “Esses avanços refletem iniciativas como programas de monitoramento estadual, apoio de ONGs e práticas agroflorestais que integram recuperação ambiental e geração de renda”, explicou.
Aracruz e Montanha, ambas localizadas no Norte do estado, têm adotado estratégias distintas para atingir os resultados. Em Aracruz, a recuperação do manguezal do Piraquê-Açú-Mirim é uma das iniciativas em destaque. A área, severamente afetada por uma chuva de granizo em 2016, começou a ser restaurada em junho deste ano com o plantio de mudas por ribeirinhos, catadores de caranguejos e pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).
O secretário de Meio Ambiente de Aracruz, Aladim Cerqueira, enfatizou a importância da colaboração local. “Essa conquista é fruto do esforço conjunto de moradores, empresas, pesquisadores e gestores. Além disso, projetos de manejo sustentável e educação ambiental estão em curso para garantir a preservação contínua”, afirmou.
Montanha, por sua vez, investe em programas como o de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) e na distribuição gratuita de mudas por meio de um viveiro municipal. O município também realiza ações de educação ambiental em escolas e parcerias com empresas privadas para ampliar os esforços de reflorestamento.
Sustentabilidade como eixo estratégico
O Programa Reflorestar, liderado pela Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama), tem sido uma das principais ferramentas do Espírito Santo para a restauração ambiental. Desde 2019, mais de R$ 50 milhões foram investidos na recuperação e manutenção da Mata Atlântica, beneficiando mais de cinco mil produtores rurais e cobrindo 25 mil hectares.
“O Reflorestar alia a preservação ambiental à geração de benefícios econômicos para os produtores, com resultados significativos na recuperação de nascentes e aumento da biodiversidade”, informou a secretaria.
O papel do Observatório da Restauração e Reflorestamento
Criado em 2021, o ORR consolida dados de governos, ONGs e coletivos ambientais para monitorar a recuperação em três categorias: restauração ecológica, reflorestamento comercial e regeneração de vegetação secundária. Segundo a plataforma, o Brasil já alcançou 150 mil hectares de áreas verdes restauradas em 2024, mais que o dobro registrado em sua inauguração.
