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Antes de viajar, Thiago Neves faz doação e garante: ‘Eu queria ficar’

12 jul 2013 - 14:03

Redação Em Dia ES

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O sentimento era de coração partido. Na última quinta-feira, Thiago Neves foi às Laranjeiras para se despedir do Fluminense pela terceira vez em sua carreira. Precisou se esforçar para segurar as lágrimas diante dos companheiros. Voltou para casa, terminou de arrumar as malas e embarcou à noite para a Áustria, onde o Al-Hilal realiza a sua pré-temporada. É lá que o apoiador vai se apresentar para a realização dos exames médicos. Na bagagem, o sentimento de frustração diante de uma transferência que, segundo Thiago, foi boa tanto para o Tricolor como para ele. Mas que, se dependesse apenas do desejo do ex-camisa 10, seria evitada.

– Eu queria ficar. Se a escolha fosse só minha, é claro que eu queria ficar. Desde o começo falei que estava bem confortável no Flu, morando na minha casa, no Rio de Janeiro, na cidade pela qual eu me apaixonei quando cheguei em 2007 (…) Saio de coração partido mesmo pelos amigos que fiz lá dentro, pelas pessoas que conheci. Me segurei para não chorar na despedida dos companheiros nas Laranjeiras – revelou Thiago Neves ao GLOBOESPORTE.COM.

Na última entrevista como jogador do Fluminense, horas antes de deixar o Brasil, Thiago fez um balanço de mais uma passagem pelas Laranjeiras, reconheceu que a transferência para o futebol árabe o afasta da seleção brasileira, lembrou que os torcedores nunca esqueceram sua passagem pelo Flamengo e avisou que sonha retornar ao Tricolor no futuro para encerrar sua carreira. Em meio à correria da viagem, ele ainda encontrou tempo para uma boa ação. Após juntar camisas de diversos jogadores, o apoiador conseguiu arrecadar R$ 20 mil em um leilão para as vítimas da chuva que atingiu Petrópolis em março de 2013. A quantia foi doada para a Defesa Civíl da cidade serrana do Rio.

– Foi uma ideia minha e de alguns amigos. Acompanhamos todo esse sofrimento e era o mínimo que poderíamos fazer. Eu já fazia coleção e comecei a arrecadar as camisas. Claro que vai fazer falta no meu guarda-roupa, mas é por uma boa causa. Desde já agradeço a todos que deram seus lances, ao Guilherme e o Rodrigo que foram os vencedores… Eles vão levar várias camisas e vamos poder ajudar Petrópolis. O nosso objetivo era esse e tenho certeza de que esse dinheiro vai ser importante para muita gente – frisou.

Confira a entrevista completa abaixo:

Qual é o seu sentimento nesta terceira saída do Fluminense?

É complicado… Quando eu cheguei, sempre falei que queria tentar cumprir esses quatro anos de contrato com o Fluminense. Mas no futebol nunca dá para saber o que vai acontecer. Hoje saio bem triste. Me segurei para não chorar na despedida dos companheiros nas Laranjeiras. Saio de coração partido mesmo pelos amigos que fiz lá dentro, pelas pessoas que conheci. É assim mesmo. O clube está passando por uma situação delicada e entendeu que era bom me vender. E para mim também. Foi definido dessa forma e espero que termine tudo bem.

Se a decisão fosse apenas sua, você sairia agora?

Eu queria ficar. Se a escolha fosse só minha, é claro que eu queria ficar. Desde o começo falei que estava bem confortável no Flu, morando na minha casa, no Rio de Janeiro, na cidade pela qual eu me apaixonei quando cheguei em 2007. Eu estava muito tranquilo no clube, que sempre me deu tudo do bom e do melhor. Mas são coisas do futebol, pode mudar tudo de uma hora para a outra. Em um ano fui campeão, no seguinte já foi um pouco complicado… É assim mesmo. Se Deus quer assim, que assim seja.

Você sai feliz pela conquista do tetracampeonato ou frustrado por não conseguir cumprir seu contrato?

Saio feliz por tudo o que eu fiz. Foi complicado porque desde que cheguei não consegui jogar na minha posição. Naquela faixa do campo tinha o Wellington Nem surgindo e arrebentando. Fiz esse sacrifício pelo time, mas chegou um certo momento em que acabei entendendo que isso seria importante para o Fluminense. No fim do ano deu tudo certo e fomos campeões. Por isso saio de cabeça erguida com um Carioca e um Brasileiro. Na minha avaliação, foi uma passagem muito boa. Cresci profissionalmente, jogando em outras posições, sendo um coringa como o Abel citou algumas vezes. Tenho certeza de que dentro do Fluminense eu fui uma peça importantíssima dentro e fora de campo neste período.

Bate uma tristeza de ser negociado justamente agora que você poderia jogar na sua posição com a venda do Wellington Nem?

Claro que dá… Até mesmo no jogo contra o Coritiba, quando voltei a sentir a lesão. E foi justamente no jogo em que tive a oportunidade de atuar na minha posição de novo. Fico triste por não ter jogado onde me sinto melhor, mas ao mesmo tempo contente pelo que fiz com a camisa do Fluminense.

O que justifica essa temporada abaixo da média em 2013?

As lesões. Tive poucas na minha carreira, mas quando cheguei no Fluminense comecei a ter uma sequência. Ainda mais neste ano. Fazer o quê? Às vezes você quer fazer certas coisas e não consegue, o corpo vai ficando mais velho…

Como está a recuperação do último estiramento na panturrilha esquerda? Algo que preocupe para os exames médicos no Al-Hilal?

Estou praticamente zerado. Já vinha fazendo tratamento no Fluminense de manhã, de tarde, direto mesmo… Agora vou começar outra etapa, uma parte de fisioterapia com um pouco de trabalho físico. Acredito que em um mês vou ter condições de jogo. Nada que me preocupe para os exames médicos.

Acredita que a transferência para a Arábia Saudita lhe afasta da Seleção?

Com certeza afasta. Até mesmo pelos outros jogadores que estão espalhados pelo mundo e se destacando. A visibilidade no mundo árabe é muito pequena. Quando a gente começou a conversar, eu sabia que ficaria longe da Seleção. É o sonho de qualquer jogador participar de uma Copa do Mundo. Mas acho que para mim esse desejo está um pouco distante, então por isso que foi decidido dessa forma.

Na primeira vez que você foi vendido, em 2008, a torcida gostava muito do seu futebol. Agora os tricolores parecem divididos. Alguns queriam que você fosse embora, outros não… Isso lhe incomoda?

Acho que ainda é fruto da minha passagem pelo Flamengo. Pela forma como eu joguei lá… Foi um ano espetacular, não posso negar. Quando eu voltei, as coisas não começaram da forma como o torcedor queria. Eles sempre vão lembrar de 2007 e 2008, fazendo gols direto. Até entendo a cobrança pelo jogador que eu passei a ser no Fluminense, por tudo que aconteceu. Do jeito que eles me cobram, eu também me cobro. Sei que às vezes as coisas não saem como eu quero e como eles querem. O torcedor também tinha que entender um pouco o meu lado. Eu era o camisa 10 e não jogava sozinho. Quando perdia, era o Thiago que tinha feito isso ou aquilo. Quando ganhava, os outros que eram os melhores em campo. Fico tranquilo, isso faz parte. Vai ser sempre assim. Se eu voltar, a cobrança em cima de mim será sempre maior do que a sobre os outros.

É o fim da sua história no Fluminense ou apenas um até breve?

Eu espero que seja apenas um até breve. Queria voltar e encerrar minha carreira no Fluminense. Seria muito legal. Mas também não sei o que vai acontecer. Quando fui para a Arábia pela primeira vez, em 2010, tinha planos de voltar logo para jogar pela Seleção. Agora é diferente. Estou indo bem decidido a ficar esses quatro anos no Al-Hilal. Quero curtir minha família lá, pensar em outras coisas… Acho que futuramente vai ser importante. Se for para voltar um dia, tomara que eu tenha chance de vestir mais uma vez a camisa tricolor.

Com a sua saída e a do Wellington Nem você ainda vê o Fluminense em condições de conquistar o pentacampeonato brasileiro?

Claro. Tranquilo não vai ser, porque o campeonato é muito difícil, mas o time é forte. Apesar das saídas, o time continua muito forte. o Rhayner e o Rafael Sobis entraram muito bem. Tem ainda a volta do Fred, do Jean e do Cavalieri da Seleção… Por isso tudo acho que o Fluminense tem condições sim de brigar pelo título novamente.

Manda um recado para a torcida tricolor…

Gostaria de agradecer esse tempo todo, a paciência… Me dediquei ao máximo dentro de campo, mas as lesões não me deixaram jogar da forma que todos queriam. Vocês sempre foram especiais, sempre me receberam de braços abertos. Só agradecer mesmo. Obrigado por tudo. Saio de coração partido, mas a minha torcida vai ser sempre pelo Fluminense.

Fonte: Globoesporte.com

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Atualizado: 12/07/2013 14:03

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