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Pressionados, Santos e Robinho anunciam suspensão de contrato

19 out 2020 - 08:00

Redação Em Dia ES

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Jogador foi condenado em primeira instância em 2017 pela Justiça italiana em um caso de estupro coletivo no ano de 2013
O contrato entre Santos e Robinho, 36, para uma quarta passagem do atacante pelo time, foi suspenso no começo da noite desta sexta-feira (16), seis dias depois do anúncio e após intensa pressão de patrocinadores e torcedores.

O atleta foi condenado em primeira instância na Itália por violência sexual de grupo, em 2017, fato que trouxe enorme repercussão para seu retorno à Vila Belmiro e levou ao menos quatro dos patrocinadores do clube a exigirem a desistência do acerto com o jogador para manterem seus contratos.

Ele nega que tenha cometido o crime e recorre em segunda instância da condenação.

Praticamente ao mesmo tempo, clube e jogador comunicaram a decisão por meio de suas redes sociais.

“O Santos Futebol Clube e o atleta Robinho informam que, em comum acordo, resolveram suspender a validade do contrato firmado no último dia 10 de outubro para que o jogador possa se concentrar exclusivamente na sua defesa no processo que corre na Itália”, diz a nota da agremiação.

“Com muita tristeza no coração, venho falar para vocês que tomei a decisão junto do presidente de suspender meu contrato neste momento conturbado da minha vida. Meu objetivo sempre foi ajudar o Santos Futebol Clube. Se de alguma forma estou atrapalhando, é melhor que eu saia e foque nas minhas coisas pessoais. Para os torcedores do Peixão e aqueles que gostam de mim, vou provar minha inocência”, afirmou Robinho em vídeo.

Não há informações sobre tempo de suspensão do acordo ou se em alguma circunstância ele poderia vir a ser retomado.

Para ser efetivada, a contratação precisaria passar ainda por aprovação, na próxima quarta-feira (21), do conselho deliberativo do clube, mas a pressão se tornou insustentável já nesta sexta, com as revelações pela Globo de gravações de conversas do atleta, tidas como fundamentais para sua condenação na Itália.

Para a Justiça italiana, o conteúdo das interceptações mostrou que Robinho e os demais acusados sabiam que a vítima, uma albanesa então com 23 anos, estava alcoolizada e incapaz de reagir ao assédio do grupo.

As patrocinadoras Philco, Kicaldo, Tekbond e Casa de Apostas deram então o ultimato à diretoria do clube. Outras, como Foxlux, Umbro e Kodilar, também manifestaram preocupação com o caso e avaliavam a decisão que tomariam.

Na quarta (14), a Orthopride, rede de franquias de ortodontia e estética, já havia rescindido seu contrato de patrocínio com o clube, iniciado em 2018 e no valor de R$ 2 milhões, por causa da contratação de Robinho.

Segundo a acusação do Ministério Público italiano, Robinho e outros cinco homens embebedaram a jovem albanesa em uma discoteca em Milão em janeiro de 2013, quando o atacante jogava no Milan (ITA). Ela ficou inconsciente e foi levada para a chapelaria do estabelecimento, onde foi violentada múltiplas vezes.

No primeiro julgamento, ele e o amigo Ricardo Falco foram condenados a nove anos de prisão e pagamento indenização de 60 mil euros ?os outros acusados foram considerados incontactáveis, e o processo foi suspenso para eles.

A acusação foi baseada no depoimento da vítima e em conversas interceptadas do grupo de amigos sobre o ocorrido. As interceptações foram iniciadas em janeiro de 2014, em telefones grampeados e escutas instaladas no carro usado por Robinho.

Nas diversas declarações grampeadas, mostra-se uma conversa de Ricardo Falco com Robinho que indicou ao tribunal que os envolvidos tinham consciência da condição da vítima. Cada um dos outros quatro brasilerios acusados aqui estão identificados como “Amigo 1, 2, 3 ou 4”. 

Falco: –Ela se lembra da situação. Ela sabe que todos transaram com ela.

Robinho: – O (NOME DE AMIGO 1) tenho certeza que gozou dentro dela.

Falco: – Não acredito. Naquele dia ela não conseguia fazer nada, nem mesmo ficar em pé, ela estava realmente fora de si.

Robinho: – Sim.

Logo no primeiro mês de monitoramento, uma interceptação mostrou o músico Jairo Chagas, que tocou naquela noite na boate, avisa a Robinho sobre a investigação. O jogador, então, responde:

Robinho: – Estou rindo porque não estou nem aí, a mulher estava completamente bêbada, não sabe nem o que aconteceu, e completa, olha, os caras estão na merda… Ainda bem que existe Deus, porque eu nem toquei aquela garota. Vi (NOME DE AMIGO 2), e os outros foderam ela, eles vão ter problemas, não eu… Lembro que os caras que pegaram ela foram (NOME DE AMIGO 1) e (NOME DE AMIGO 2)…. Eram cinco em cima dela.

Ainda em janeiro de 2014, o músico e o jogador voltaram a falar sobre o episódio. O diálogo entre os dois transcrito na sentença é o seguinte:

Robinho: –A polícia não pode dizer nada, eu direi que estava com você e depois fui para casa.

Jairo: – Mas você também transou com a mulher?

Robinho: – Não, eu tentei. (NOME DE AMIGO 1), (NOME DE AMIGO 2), (NOME DE AMIGO 3)…

Jairo: – Eu te vi quando colocava o pênis dentro da boca dela.

Robinho: – Isso não significa transar.

Também foram grampeadas conversas de Robinho com um de seus amigos. Aqui, identificado como “Amigo 4”:

NOME DE AMIGO 4: – Irmão, tive dor de barriga de nervoso, eu me preocupo por você, amigo.

A resposta de Robinho, segundo a transcrição das gravações, foi:

– Telefonei a (NOME DE AMIGO 3), e ele me perguntou se alguém tinha gozado dentro da mulher e se ela engravidou. Eu disse que não sabia, porque me recordo que eu e você não transamos com ela porque o seu pênis não subia, era mole… O problema é que a moça disse que (NOME DE AMIGO 1), (NOME DE AMIGO 2) e (NOME DE AMIGO 3) a pegaram com força.

A defesa da vítima 
A vítima, uma mulher de origem albanesa, diz que foi à boate em 21 de janeiro de 2013 para comemorar seu aniversário de 23 anos ao lado de duas amigas. No dia, a programação da boate era dedicada à música brasileira.

Lá, estava Robinho junto a sua eposa e um grupo de quatro amigos. A violência contra a jovem teria ocorrido dentro do camarim usado pelo músico Jairo Chagas.

No depoimento à justiça, a vítima disse que conheceu Robinho dois anos antes do crime – em 2011, em outra boate de Milão. Disse que em duas oportunidades em que se encontraram, o jogador, na primeira, pegou a mão dela e colocou em seu abdômen; na segunda, eles dançaram numa festa, e o jogador “tentou lamber o seu seio”. Mas ela disse que os episódios não a preocuparam.

Segundo a vítima, um dos amigos de Robinho a convidou para ir ao Sio Café, mas informaram que só deveria se aproximar da mesa depois que a mulher do jogador fosse embora.

Assim que isso aconteceu, ela e duas amigas se juntaram ao grupo de brasileiros, que depois passou a ter também a presença de Ricardo Falco. Segundo a vítima, os brasileiros ofereceram várias bebidas alcoólicas, mas apenas ela bebia, pois uma das amigas estava grávida e a outra estava dirigindo.

Por volta da 1h30 da madrugada, suas duas amigas foram embora e prometeream voltar para buscá-la. Ela, então, permaneceu na boate dançando com os amigos de Robinho quando, sem ar e um pouco “tonta”, ela foi para a área externa do local. Lá um dos acusados no processo que corre à parte tentou beijá-la.

Segundo suas recordações, ela ficou no local sozinha por alguns minutos e “percebeu” que o mesmo amigo e Robinho estavam “aproveitando” dela.

– Acredito que no início estivesse fazendo sexo oral em [NOME DO AMIGO 3], e Robinho aproveitava de mim de outro modo, e depois eles trocaram de papel, dali não me recordo mais nada porque me encontrei rodeada pelos rapazes, não sabia o que acontecia – disse a vítima no depoimento.

Nos dias seguintes ao episódio, a jovem teve contato com Falco e com um dos outros brasileiros que estiveram na boate através de mensagens no Facebook e pelo telefone. Ao primeiro, disse que iria procurar um advogado. Ao segundo, ela chegou a dizer que estava grávida (com a intenção de “deixá-lo preocupado”).

Com informações de GE, Esporte Interativo e Folha de S. Paulo
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Atualizado: 19/10/2020 08:00

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