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Pode acreditar: virada do Nacional de Medellín é exemplo para Galo na final

22 jul 2013 - 12:19

Redação Em Dia ES

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Nas quartas de final, foram máscaras do Pânico. Nas semis, um apitaço ensurdecedor. Para apoiar o Atlético-MG no segundo jogo da final da Libertadores, na próxima quarta-feira, no Mineirão, a torcida do Galo poderia usar outro artifício para assombrar o Olimpia: camisas listradas em verde e branco, do xará Nacional de Medellín, campeão em 1989 contra os paraguaios justamente ao superar uma desvantagem de 2 a 0 na primeira partida e conquistar o título nos pênaltis.

Até hoje, o Atlético Nacional é a única equipe, desde que a regra de desempate por saldo de gols foi adotada nas decisões da Libertadores, a se recuperar de um revés por 2 a 0 na final. Derrotado em Assunção, o time devolveu o placar na Colômbia, e, nos pênaltis, graças a um inspirado René Higuita, que defendeu quatro cobranças, venceu por 5 a 4.

Por outro lado, o Olimpia tem em seu banco de reservas um “sobrevivente” daquele jogo. Ever Almeida, atual técnico do Decano, era o goleiro da equipe em 1989. No tempo normal, ele foi superado duas vezes, por Miño, contra, e Usuriaga, de cabeça. Nos pênaltis, o hoje treinador foi parado por Higuita, que voou no canto direito para defender o chute rasteiro do rival. Depois, Almeida quase se redimiu: pegou as cobranças de Alexis García e Perea, mas viu seus companheiros caírem perante o arqueiro adversário.

O Nacional parecia com medo de vencer. Higuita defendeu três cobranças consecutivas na série alternada, mas seus companheiros também desperdiçaram. Somente quando Sanabria isolou seu chute, Leonel Álvarez converteu e garantiu a taça aos colombianos.

Pressão e altitude

O trabalho de recuperação, porém, começou muito antes. Técnico daquela equipe, Francisco Maturana lembra que, mesmo com a derrota na partida de ida, os jogadores tinham confiança numa virada, pois haviam atuado bem em Assunção.

– O resultado no Paraguai foi um pouco largo, nós merecíamos mais. Então, nos preparamos para a partida de volta com muita esperança. Sabíamos que poderíamos inverter a situação, mesmo com uma desvantagem grande. É complicado uma equipe se aventurar para fazer três gols, mas nos enchemos de otimismo – lembrou o treinador, em entrevista por telefone.

Na época, o Atlético Nacional tinha uma grande equipe, formada apenas por jogadores colombianos. Muitos deles formariam a base da seleção nacional nos anos seguintes: Higuita, Andrés Escobar, Leonel Álvarez, Usuriaga e Tréllez, entre outros.

– O Nacional tinha um time muito unido, vibrante, somente com jogadores colombianos, muitos deles do departamento de Antioquia, região onde fica o clube. Isso despertou um grande fervor, uma grande identificação com os torcedores. Quase todos os atletas estiveram na seleção – contou o jornalista Óscar Ostos, do diário “El Tiempo”.

Além da ótima equipe, o Nacional tinha ainda outras cartas na manga: a altitude de Bogotá – a partida não pôde ser disputada em Medellín porque o estádio Atanasio Girardot não atendia às exigências da Conmebol – e a pressão da torcida.

– O que mais me lembro daquela partida é a hostilidade da torcida. Naquela época, quando se chegava a um país, as pessoas começavam a tornar as coisas mais difíceis aos adversários. Não que isso nos tenha prejudicado, pois soubemos fazer o que precisávamos. Isso não significa que o time jogou assustado, mas foi marcante – recordou Raúl Amarilla, atacante do Olimpia na época.

Para o jornalista Ostos, a hostilidade também teve a ver com o momento do futebol colombiano, às voltas com o narcotráfico.

– O ambiente foi muito hostil. Inclusive, há muitos rumores, nunca comprovados, de que foi algo bastante pesado, porque essa era a época em que o narcotráfico teve mais presença nos clubes colombianos. Daquela equipe, três jogadores já morreram, todos assassinados: Escobar (morto após a Copa do Mundo de 1994, supostamente por causa de um gol contra que causou perdas em uma aposta de traficantes), Usuriaga (cujo motivo da morte segue sem resolução) e Felipe Pérez (morto logo após deixar a prisão por associação com o tráfico).

Para Maturana, a pressão da torcida não foi tão importante quanto o cansaço provocado pela altitude.

– Nós sabíamos que a altura nos prejudicava, mas os atrapalhava mais ainda. Quanto à torcida, não acredito que foi preponderante, porque em Bogotá ela era muito fria. Só começou a incentivar quando fizemos o primeiro gol.

Conselhos para o Galo

Em Belo Horizonte não há altitude, mas o apoio dos torcedores tampouco é uma preocupação para o Atlético-MG. Treinador de Cuca no Valladolid, da Espanha, em 1990, Maturana acredita que a maior lição que a vitória do Atlético Nacional pode dar ao Galo é a paciência.

– Gostaria de mandar um abraço ao Cuca, porque o conheço, foi meu jogador no Valladolid. Não vi o primeiro jogo, mas acho que o Atlético-MG mostrou seu valor nas partidas anteriores, tem argumentos para ganhar. O que tenho para dizer a Cuca é para ele manter a paciência. Ter o futebol bem jogado, com bom posicionamento, mas, principalmente, manter a calma – disse Maturana.

O técnico colombiano lembra de uma situação do jogo de 1989 que ilustra bem seu conselho. Animado, ele entrou em campo com um time ofensivo: três atacantes e muita pressa. Não deu resultado. No segundo tempo, rearrumou a equipe, que melhorou e chegou aos gols necessários.

– Eu coloquei três atacantes, mas nós não ficávamos com a bola, portanto não podíamos atacar. Quando acabou o primeiro tempo, refizemos o planejamento. Tomei uma medida pouco popular: tirei um atacante e coloquei um volante para recuperar a bola. A partir daí, os jogadores ficaram mais calmos, tiveram segurança para buscar o resultado, e saíram os gols que empataram a série. Depois, nos pênaltis, Higuita estava num dia muito especial.

Aposta em Ronaldinho

Para Ostos, a paciência é realmente a virtude de que o Galo precisa para reeditar o feito do Nacional. Ele lembrou que o Santa Fé, equipe colombiana eliminada pelo Olimpia na semifinal, também sofreu para superar a defesa paraguaia.

– Basicamente, tem que se manter a mesma filosofia. O Santa Fé sofreu com o Olimpia, que tem seu estilo, se suporta bem na defesa, é muito forte no jogo aéreo. Não acho que a pressão vai influenciar o Olimpia, pois são jogadores experientes, que não têm pena se tiverem de chutar a bola para fora do estádio.

Amarilla tem uma visão parecida. Esta é a sétima final do Olimpia, e, por isso, o ex-atacante não acredita que os paraguaios vão cometer os mesmos erros do passado.

– As pessoas que vivenciaram o jogo de 1989 não vão permitir que aconteçam os mesmos equívocos no Olimpia. A experiência conta muito. Já o Atlético não precisa de conselho. Está na final, então isso significa que o time está indo bem.

Além da paciência e da pressão, o jornalista Ostos acha que o Atlético-MG tem ainda outra arma importante. Os cabelos também são longos, o estilo é igualmente polêmico, mas não é Higuita. Trata-se de Ronaldinho Gaúcho, outro candidato a carrasco do Olimpia na Libertadores.

– Ronaldinho é capaz de fazer a diferença. No Santa Fé havia Omar Pérez, mas ele não esteve bem contra o Olimpia, e isso marcou. Acho que vai acontecer o mesmo com o Atlético: é preciso que Ronaldinho esteja bem.

Fonte: Globoesporte.com

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Atualizado: 22/07/2013 12:19

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