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MMA cresce no mercado de palestras, que rendem até R$ 50 mil a lutadores

10 maio 2013 - 12:52

Redação Em Dia ES

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Frente a um grupo de milhares de pessoas, Bruce Buffer surge em um palco, iluminado por holofotes, e anuncia a chegada de duas lendas do MMA nacional:

– Wanderlei “The Axe Murderer” Silva! Antônio Rodrigo “Minotauro” Nogueira! – brada a “voz do Octógono”, enquanto os dois lutadores fazem seu caminho rumo ao palco. Lá em cima, eles se encaram em tom ameaçador.

Parece uma “superluta”, mas não é: trata-se apenas da introdução de um “talk show” dos dois astros do UFC numa feira de tecnologia em São Paulo. Após a encarada, Rodrigo Minotauro e Wanderlei Silva sorriem, se abraçam, pegam microfones e se sentam para contar histórias de superação em suas estelares carreiras nos ringues e cages mundo afora. Eles estão entre os lutadores que estão faturando com a crescente procura por lutadores de MMA para palestras motivacionais e aparições VIPs em eventos.

Impulsionado pela explosão do esporte no país, esse mercado cresceu 150% nos últimos dois anos, segundo estimativa do publicitário Geraldo Azevedo, presidente da Sport Strategy, empresa especializada em captação de patrocínios, licenciamento de marcas e realização de palestras, que gerencia as carreiras de lutadores como Minotauro, Wanderlei, Lyoto Machida e Fabricio Werdum.

– (A procura) Mais do que dobrou nos últimos 24 meses. No Brasil foi um pouco diferente dos EUA, porque, no mercado americano, o UFC só estourou depois do The Ultimate Fighter, quando foi para a TV aberta. No Brasil, o UFC aconteceu de forma muito rápida, surpreendeu todo mundo. O Brasil é um lugar em que o povo adota as coisas muito rápido. Realizamos 25 palestras só neste ano, sendo que no passado eles dariam uma no máximo – conta Azevedo.

Um dos responsáveis pela explosão do MMA no país foi o trabalho da agência 9ine, do ex-jogador de futebol Ronaldo Fenômeno, com Anderson Silva, campeão peso-médio do UFC. Hoje, o atleta colhe os frutos, com contratos de patrocínio e publicidade com 10 grandes empresas e uma extensa lista de espera. Para palestras e presenças VIP, o “Spider” recebe cerca de 10 convites por mês.

Vitor Belfort, que rivaliza em popularidade no país com Anderson, também viu a procura por seu nome aumentar nos últimos anos, a ponto de Joana Prado, sua esposa e empresária, buscar uma empresa especializada nesse mercado de palestras. Através da indicação do psiquiatra e escritor Augusto Cury, o casal buscou a empresa de Sandra Paschoal, cujo portfólio inclui nomes como Washington Olivetto, Bernardinho, Carlos Alberto Parreira, Caio Blinder e Caco Barcellos. O resultado foi imediato: se o lutador dava uma palestra por mês antigamente, após o início da parceria já teve semanas em que deu três.

– É sazonal. Esse mercado de palestras tem o início do ano, que dá um gás, tem o fim do ano, que é mais confraternização, e tem uma época que querem algo mais sério. O que o Vitor Belfort fala que é legal é o lado motivacional, e essa é a nossa maior demanda. Motivar para liderar, para trabalhar direito, para comunicar, para sair de um estado em que esteja para ir a outro. O Vitor tem muito esse lado da motivação quando fala sobre seu trabalho com disciplina, força de vontade, e todas as coisas em que ele acredita, como família, religião. Ele é um cara muito especial dentro desse mercado de palestra. Fala muito da resiliência. Ele também se preocupa muito com o cliente, quer ser briefado sempre – afirma Paschoal, que prepara todo o conceito e formato das apresentações junto ao casal Belfort.

Nenhum dos entrevistados quis revelar valores de cachê cobrados, mas fontes do SPORTV.COM indicaram que os lutadores podem receber entre R$ 20 mil e R$ 50 mil por aparição, dependendo do tempo e formato. Seminários e workshops com demonstração de técnicas costumam pagar mais.

Se o interesse de empresas brasileiras por lutadores de MMA é novo, Minotauro e Wanderlei já estão acostumados a atender esse tipo de demanda fora do país. O peso-pesado conta que, na época do Pride, os lutadores eram procurados para dar palestras a times de beisebol, esporte mais popular no Japão.

– A gente dava palestra em inglês e eles traduziam, é um negócio que já é antigo na minha vida. Antes das temporadas, o pessoal no Japão levava a gente para fazer ‘campings’. Eu dou palestras desde 2001. Acho que já dei mais de 40 palestras, para público de 100 até mais de 1.200 pessoas – conta Minotauro.

Além de ser procurado para palestras, Minotauro também faz aparições em eventos, e recentemente chamou atenção ao participar do lançamento de um jogo de videogame fantasiado como um dos personagens. Segundo Geraldo Azevedo, a aparição do peso-pesado ao lado de Wanderlei Silva no Salão do Automóvel deste ano causou tumulto.

O número de convites gera uma série de cuidados. A 9ine, por exemplo, prioriza projetos mais longos com Anderson Silva, que não se limitem a meras aparições ou palestras. Sandra Paschoal e Joana Prado não trabalham com empresas que não se encaixem no perfil de Vitor Belfort, como, por exemplo, marcas de bebida alcóolica e de cigarro. Outro cuidado é com a agenda dos lutadores, por conta dos treinamentos. Belfort para de dar palestras cerca de um mês e meio antes de uma luta. Azevedo chama o desafio de conciliar as programações dos atletas de “missão para engenheiro da Nasa”.

Os lutadores não são os únicos procurados. Segundo o presidente da Sport Strategy, já houve pedidos até pelo presidente do UFC, Dana White. A empresa trabalha ainda com o announcer Bruce Buffer e já trouxe ao Brasil o ator Steven Seagal, amigo e mestre de Anderson Silva e Lyoto Machida. Para Azevedo, esse mercado ainda não alcançou todo seu potencial e tem muito a crescer, mesmo após os fins das carreiras dos grandes nomes da modalidade.

– Acho que veio para ficar, até porque a regra é muito simples: é um esporte muito fácil de se ver. Para ver o futebol americano, por exemplo, precisa de manual para entender as regras, mas no MMA não, entram dois e vence um! É muito fácil de consumir. Os atletas atuais são ídolos, mas estão aparecendo novos atletas que serão ídolos e são muito bons. O TUF está aí para apresentar novos talentos – conclui.

Fonte: Globoesporte.com

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Atualizado: 10/05/2013 12:52

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