O cineasta brasileiro Kleber Mendonça Filho foi selecionado para disputar a Palma de Ouro na 78ª edição do Festival de Cannes, na França, com o filme “O Agente Secreto”, conforme anunciado nesta quinta-feira (10) por Thierry Frémaux, diretor geral do evento. O longa, estrelado por Wagner Moura, será exibido entre os dias 13 e 24 de maio, durante a mostra competitiva principal do festival, uma das mais prestigiadas do cinema internacional.
A trama de “O Agente Secreto” se passa em 1977, durante a ditadura militar no Brasil. O personagem Marcelo, interpretado por Wagner Moura, é um especialista em tecnologia que retorna ao Recife em busca de paz após fugir de um passado misterioso. No entanto, ao reencontrar a cidade, percebe que ela não oferece o refúgio esperado. O elenco conta ainda com Gabriel Leone, Maria Fernanda Cândido, Udo Kier, Hermila Guedes, Thomás Aquino, Alice Carvalho e Edilson Filho.
Com esse filme, Kleber Mendonça Filho volta à competição oficial de Cannes, onde já esteve com “Aquarius” (2016) e “Bacurau” (2019), este último vencedor do Prêmio do Júri. Ele também participou de outras seções do festival, como em 2023 com o documentário “Retratos Fantasmas”, exibido fora da competição. Sua primeira presença no festival foi há 20 anos, em 2005, com o curta “Vinil Verde”, selecionado para a Quinzena dos Realizadores, atualmente chamada Quinzena de Cineastas.
Durante a apresentação da seleção oficial, Frémaux destacou o papel de Walter Salles na descoberta de Mendonça Filho: “Foi Salles quem me falou há alguns anos sobre seu compatriota Mendonça Filho”, afirmou. O diretor de Cannes também lembrou que, neste ano, o Brasil será o país convidado de honra do Mercado do Filme, evento paralelo ao festival.
Em declaração sobre a seleção de seu filme, Kleber Mendonça Filho comentou: “É a combinação perfeita: encerra a realização do filme e inaugura a sua trajetória. Estou feliz com O Agente Secreto, honrado com o convite e quero que as pessoas vejam o filme no exterior e no Brasil. É uma história muito brasileira e, por isso mesmo, é um filme do mundo todo”.
A edição de 2025 do Festival de Cannes contará também com novos filmes de cineastas como o iraniano Jafar Panahi, o americano Wes Anderson, a francesa Julia Ducournau — que busca sua segunda Palma de Ouro — e os belgas Jean-Pierre e Luc Dardenne, já premiados anteriormente. Entre os concorrentes estão ainda Richard Linklater e Ari Aster. Seis diretoras integram a lista de aproximadamente vinte obras selecionadas para a mostra competitiva.
Rumo ao Oscar?
A seleção de um filme brasileiro para o Festival de Cannes pode ser o ponto de partida para uma jornada rumo ao Oscar de Melhor Filme Internacional. O prestígio do festival francês, um dos mais importantes do circuito mundial, costuma projetar produções ao radar da crítica internacional e dos votantes da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.
Para chegar à disputa pelo Oscar, o filme precisa primeiro ser escolhido como o representante oficial do Brasil. Esse processo é coordenado pela Academia Brasileira de Cinema, que forma uma comissão especializada para avaliar os longas elegíveis lançados no país. O título selecionado é então submetido à Academia norte-americana, que realiza uma pré-seleção e, posteriormente, define os indicados da categoria.
Além dos critérios técnicos, o caminho até a estatueta costuma envolver estratégias de divulgação bem planejadas. Exibições especiais em Los Angeles, entrevistas com a equipe do filme e apoio de distribuidoras internacionais são práticas comuns. E o reconhecimento prévio em festivais de renome, como Cannes, fortalece a candidatura.