A Grande Rio também aproveitou o desfile para combater a intolerância religiosa no Brasil
O Carnaval do Rio ganhou uma campeã inédita em 2022. Depois de bater na trave em 2020, a escola de Duque de Caixas, na baixada fluminense, enfim conquistou o tão sonhado título com desfile celebrando Exu.
Desmistificando o senso comum sobre uma das entidades mais adoradas das religiões de matriz africana, a Grande Rio já ouviu os gritos de “É campeã!” antes mesmo de terminar de cruzar a Sapucaí. A vitória foi consagrada na tarde de hoje com 259.9 pontos garantidos nos nove quesitos.
Com Paolla Oliveira à frente da bateria e uma constelação de famosos espalhados pelas alas, incluindo os ex-BBBs Gil do Vigor e Camilla de Lucas, a Grande Rio também aproveitou o desfile para combater a intolerância religiosa no Brasil.
A força de Exu
Logo na comissão de frente, uma das mais comentadas do Carnaval carioca neste ano, a Grande Rio trouxe uma representação de Exu se erguendo sobre o globo terrestre.
O abre-alas trazia o mar como uma grande encruzilhada com barcas de Exu e assentamentos. Os carros alegóricos representavam locais significativos para a manifestação da entidade, de terreiros e casas de prostituição até mercados municipais.
“Nosso enredo busca quebrar esses estereótipos negativos que são ligados à figura e ao poder de Exu”, explicou Gabriel Haddad, em entrevista ao UOL.
Na umbanda e no candomblé, Exu é quem faz a comunicação entre os humanos e os orixás. É chamado para abrir caminhos e ajudar a superar dificuldades. Representado com roupas pretas e um tridente, é associado a uma imagem negativa ou maldosa, justamente o que os carnavalescos tentaram desconstruir.