A Selic, principal taxa de juros do país, mantida a 13,75%, conforme análise do Banco Central (BC) no último Boletim Focus, pode significar o aumento do endividamento dos brasileiros nos próximos meses.
Quem explica é o economista Mário Vasconcelos. Nesta segunda (31), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central começou, em Brasília, a primeira reunião do ano para definir a Selic.
De acordo com Mário Vasconcelos, a Selic tem uma relação muito grande com a inflação, que não aumentou muito no último mês. Dessa forma, a tendência é permanecer a mesma taxa de juros.
“Mas, se a inflação subir, e pode ser que suba em função das medidas do novo governo, tipo tirar o teto de gastos, ou seja, gastar mais do que arrecada, uma das formas de arrecadar é vender títulos. A tendência é que a taxa de juros suba. Ou seja, isso faz com a inflação suba e, ela subindo, uma forma de corrigir é elevar a taxa de juros”.
Se houver tendência de subir a inflação, Mário Vasconcelos diz que, daqui a 45 dias, quando ocorrerá uma nova reunião do Copom, o governo, se conseguir domar a inflação, pode reduzir a Selic.
A 13,75%, a Selic está, inclusive, maior do que a estimativa do Copom para esse ano, que é de 12,50%, segundo o Banco Central. “Em algum momento ela vai chegar ai”, diz o economista.
Na prática, a Selic a 13,75% é considerada elevada. Por ser a taxa básica de juros, vai influenciar nos juros do cheque especial e cartão de credito., por exemplo. “Quanto mais alta for, mais altas serão as linhas de financiamento, empréstimos pessoais e consignados. O ideal é cair, para que os bancos possam reduzir as taxas de juros. Mas, se subir, seguramente as taxas subirão também e ai é muito ruim”.
Ou seja, se o endividamento já está elevado, vai piorar, porque o nível de atividade econômica cairá. Isso porque, ao atrasar um cartão de crédito, o devedor pode entrar no cheque especial ou pegar dinheiro no banco, e a dívida se tornar a famosa “bola de neve”.
“Por exemplo, se a taxa de juros esta elevada e você precisa trocar a geladeira, precisa pensar duas vezes porque vai pagar juros muitos altos na prestação. E a medida que não compra, a indústria deixa de produzir. Temos que torcer pra inflação não subir e voltar ao patamar de 4 ou 5%, para aquecer ou reaquecer a economia”.
E a quem beneficia a Selic a 13,75%? “Vai favorecer quem tem dinheiro pra investir”, diz o economista.
Aumento
Por outro lado, o economista Buffon Junior afirma que a Selic pode subir ainda mais, segundo análise de especialistas. “O que vai definir é a alta dos combustíveis”.
Mas, no geral, a expectativa atual do mercado, de acordo com o economista, é que a taxa continue em 13,75%, sem alterações. “O mercado está preocupado com a evolução da inflação, que não cede, e com as politicas do novo governo, que ainda estão um pouco indefinidas”.
Nesse cenário, o impacto é que os juros para pessoas físicas e jurídicas continuem elevados, já que todos os juros da economia são impactados pela Selic. Se a taxa aumenta, todos os outros juros ficarão mais altas que ele. “Os empresários que precisam de crédito para financiar as empresas o encontram caro e escasso. Poucos bancos e agentes financeiros querem emprestar dinheiro”, explica.