Durante a corrida para as compras de Natal, os percentuais de tributos embutidos nos preços finais dos presentes podem passar despercebidos pelos consumidores. Esses valores acabam encarecendo o produto, principalmente quando são itens importados, já que há um imposto a mais que é cobrado sobre ele.
Levantamento do advogado tributarista Samir Nemer aponta que a tributação pode ultrapassar 70% do valor final do produto. Esse é o caso dos perfumes e maquiagens importados.
“Quando compramos itens produzidos no exterior, estamos pagando não apenas pelo produto em si, mas por uma série de tributos que incidem sobre a importação e comercialização deles. Esses tributos são compostos por impostos federais, estaduais e municipais, e acabam elevando consideravelmente o preço final ao consumidor”, explica Nemer, que é sócio do escritório FurtadoNemer Advogados.
Entre os campeões de tributação, o perfume é o que mais impacta o bolso do brasileiro. Segundo o advogado, um perfume importado tem 77,43% de seu valor final destinado ao pagamento de impostos.
“A composição tributária é complexa. Desde a importação do produto até a sua venda no mercado nacional, diversos tributos como IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), PIS (Programa de Integração Social), Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) e o Imposto de Importação se acumulam”, detalhou o advogado.
No caso das maquiagens importadas, a carga tributária não fica muito atrás. O valor final desses produtos conta com 71,43% dele destinado a impostos. “Esses itens estão entre os mais afetados pela tributação, principalmente devido ao processo de importação e à alta carga de ICMS”, ressaltou.
Nemer também sugere que os consumidores considerem alternativas como a compra de produtos nacionais, que podem ter uma carga tributária menor.
“Buscar opções brasileiras pode ser uma solução mais econômica e vantajosa para o consumidor que quer reduzir a carga tributária em suas compras. Mesmo assim, em itens como perfumes e maquiagem nacionais, ainda há elevados índices de tributação, chegando a 66,18% e 53,17%, respectivamente”, detalhou o advogado.
Nemer alerta também para a importância de uma maior transparência nos preços e uma melhor educação tributária.
“O consumidor, muitas vezes, não tem a clareza sobre quanto está pagando em impostos, mas, com a reforma tributária aprovada e enviada para a sanção presidencial, a expectativa é termos um destaque mais claro na nota fiscal sobre o total de tributos embutidos no preço final, permitindo ao consumidor entender o impacto da carga tributária de forma direta. É essencial esse conhecimento para que cada cidadão cobre dos gestores públicos o retorno desses impostos para a sociedade em forma de serviços como saúde, educação, segurança, infraestrutura e transporte de qualidade”, explicou Nemer.
Ranking dos principais presentes e seus impostos:
1 – Perfume importado: 77,43%
2 – Maquiagem importada: 71,43%
3 – Perfume nacional: 66,18%
4 – Ipad importado: 65,71%
5 – Vinho importado: 64,57%
6 – Smartphone importado: 62,46%
7 – Tênis importado: 58,59%
8 – Maquiagem nacional: 53,17%
9 – Cosméticos: 52,69%
10 – PlayStation: 51,46%
11 – Ipad nacional: 47,90%
12 – Relógio: 47,41%
13 – Vinho nacional: 45,56%
14 – Óculos de sol: 43,91%
15 – Tênis nacional: 36,02%
16 – Bijuterias: 42,43%
17 – Carrinho, boneca e demais brinquedos: 39,52%
18 – Sapato: 36,26%
19 – Bermuda, camisa e outras roupas: 34,58%
20 – Chinelo: 31,09%