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Mulheres comandam mais de 200 mil pequenos negócios no ES

19 nov 2023 - 08:15

Redação Em Dia ES

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Mais de 106 mil mulheres lideram empresas no estado, e destas, cerca de 8 mil atuam na área de tratamentos de beleza
Ana Paula, Bárbara, Suely e Ana, mulheres capixabas que apostaram no empreendedorismo. Foto: Divulgação/Sebrae-Montagem Em Dia ES

No Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino, comemorado em 19 de novembro, o Espírito Santo, tem mais de 200 mil mulheres à frente de empreendimentos fazendo a economia capixaba girar.

Um levantamento realizado pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Espírito Santo (Sebrae/ES) revela que o segmento com a maior concentração de empreendedoras no estado: o setor de serviços. Deste grupo, mais de 106 mil mulheres lideram empresas no estado, e destas, cerca de 8 mil atuam na área de tratamentos de beleza.

No Espírito Santo, mais de 200 mil mulheres estão à frente de empreendimentos e cerca de 80% delas são microempreendedoras individuais (MEIs).

Ana Paula, Bárbara, Suely e Ana, mulheres capixabas que apostaram no empreendedorismo.

Aos 36 anos, a empresária Ana Paula Braun é movida por uma grande paixão: ser a dona do próprio negócio. O que começou com duas salas comerciais, em oito anos, se transformou em uma rede de clínicas de estética na Grande Vitória, uma franquia em expansão e uma linha de produtos nutricosméticos.

Mas, assim como acontece com muitas mulheres que decidem empreender, o caminho até o sucesso foi marcado por muitos percalços. Ana Paula já tinha experimentado a falência de dois negócios consecutivos e ainda terminava o curso de Nutrição quando resolveu arriscar de novo e criar a Clínica Execelência.

“Em 2015, eu recebi a proposta de uma amiga, que estava de mudança, de alugar o consultório dela. Foi um tiro no escuro, vi ali um grande desafio, mas enfrentei meu medo e ressignifiquei aquela situação como uma grande chance”, recorda.

Para ganhar espaço neste mercado concorrido, a capixaba percebeu que precisaria investir em duas frentes: treinamento e produção dos insumos usados nos tratamentos. “Desenvolvi um método para padronizar todos os atendimentos e criamos a nossa própria linha de produtos, garantindo toda a qualidade, tecnologia e inovação por um preço melhor”, explica.

Representatividade em todas as formas

Bárbara Bastos, 44 anos, mora em Vila Velha. Dona de uma loja online especializada em moda afro desde 2018, ela precisa se virar para dar conta de tudo.

“Trabalhar em ‘EUquipe’ é domar um touro todos os dias. Preciso acompanhar a produção das peças, cuidar das redes sociais, atender clientes, fazer pesquisas e encontrar inspiração para novas peças… Então, paro, respiro, olho para mim e me pergunto: vou desistir? A resposta é: nunca”, reflete Bárbara, que também se desdobra, com a ajuda do marido, para cuidar da casa, do filho de 9 anos e dos pais idosos.

Mais do que garantir uma renda, o empreendedorismo surgiu na vida de Bárbara a partir de uma demanda pessoal por representatividade. Após o nascimento do filho, ela passou a ter mais dificuldade em encontrar peças bonitas e coloridas para o seu corpo.

“No pós parto, eu cheguei a pesar 115 kg. E quando saía para comprar roupas, as peças eram sem corte, sem graça. Além disso, em muitas lojas que eu visitava, as pessoas ficavam me olhando, me vigiando. Por isso criei a Barbarizy, com roupas de cores vibrantes, que carregam um pouco de alegria e ancestralidade com a modelagem plus”.

Bárbara faz parte de outra estatística de representatividade no Espírito Santo: 55% das empreendedoras são negras. E, mesmo com a rotina puxada, ela não esconde o orgulho de trabalhar em algo que faz a diferença para outras mulheres.

“Eu faço atendimento via vídeo, mostro as medidas, as cores sem filtro, faço com que a cliente se conecte mais à peça”, conta a comerciante, que a cada dois meses viaja até o Rio de Janeiro para participar de feiras de exposição.

“O foco é vender para os cariocas, turistas de outros estados e países, e levá-los a conhecer a marca. É cansativo? Sim. Mas sem planejamento, não tem crescimento”.

Empreendendo pelo direito de ocupar espaços

A falta de representatividade no mercado também foi um motivador para Suely Lima, 36 anos, moradora de Cariacica e proprietária do Arteliciasdasu. Ao frequentar feiras de artesanato e agricultura familiar, a empreendedora, que é cadeirante e tem uma doença rara, não encontrava outras mulheres que vivenciam a mesma realidade.

“A cada feira que eu participava como visitante, chamava mais a minha atenção a ausência de pessoas com deficiências. E antes mesmo de criar a minha loja online, eu sempre desenvolvi produtos de artesanato, como crochê. Em 2020, participei da minha primeira feira como expositora e esse foi o pontapé”, recorda.

Para Suely, seu maior desafio como empreendedora é o mesmo que enfrenta em outros momentos da vida: superar os questionamentos de quem duvida da sua capacidade. Além disso, muitas feiras de artesanato ainda são realizadas em espaços que não oferecem acessibilidade.

“Eu busco, por meio do diálogo, informar sobre adequações e atendimentos específicos nos espaços, que precisam ser acessíveis para possibilitar minha presença e permanência. Essa é a forma mais sutil de ensinar e provocar, no outro, que tenha um olhar mais humano, mais respeitoso com a diversidade”, avalia.

Apesar das dificuldades, Suely enxerga no empreendedorismo um meio para estimular, empoderar e resgatar a autoestima das pessoas com deficiência. “Com o meu negócio, tenho a oportunidade de conquistar uma renda, enxergar possibilidades de inovação, acessar espaços diversos com meus produtos”.

Sonhos não envelhecem

Quem conhece Venda Nova do Imigrante ou teve a oportunidade de curtir alguns dias de lazer na cidade, certamente teve contato com algum empreendimento do grupo Família Venturim. O que começou com um pequeno posto de combustíveis à beira da estrada, em 1991, foi se transformando em uma rede variada de serviços. Um dos principais nomes à frente desses empreendimentos é o de Ana Venturim Porto, de 60 anos. “Mulheres administrando postos de estrada eram raras, mas o tamanho do sonho era grande”, reflete Ana.

Buscando diferenciais para um negócio comum, foi a tradição italiana que levou a família a criar um produto inovador e que ganhou destaque nacional: as massas saborizadas. De lá para cá, vieram o hotel, o restaurante, a produção de biscoitos e outros produtos. “Termos criado empreendimentos complementares no mesmo local favoreceu muito os nossos negócios e facilita muito a vida de quem nos visita. E quando uma área tem menor demanda, a outra a supre”.

Sempre atenta às tendências do mercado, há pouco mais de um ano Ana e o marido se mudaram para Vitória e deram início a um novo empreendimento: a cafeteria Make a Coffee. “A chegada à capital no ramo de bistrô e cafeteria também tem sido excitante. A vida começa aos 60”, celebra.

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Atualizado 04 dez 2023 - 07:44

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