Enquanto os homens negros representam 40% daqueles em situação de trabalho desprotegido, esse total é menor entre os não negros (40%) e chega a 41% entre as mulheres não negras
Nesta sexta-feira (19), véspera de mais um Dia da Consciência Negra, foi divulgada uma nova pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (DIEESE), na qual revela que o Espírito Santo, com 61% da população que se declara negra, tem 44% das mulheres negras em situação de trabalho desprotegido (informal).
O número de negros no Espírito Santo é o maior da região Sudeste e está proporcional ao percentual divulgado, também o maior da região.
Os trabalhadores desprotegidos são aqueles que estão empregados sem carteira assinada, autônomos que não contribuem com a Previdência Social e trabalhadores familiares auxiliares, tal qual os informais, definidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Ou seja, sem garantia de aposentadoria por tempo de contribuição (em alguns casos, a pessoa receberá apenas o salário mínimo) e de outros direitos previstos na CLT (FGTS, férias e 13° salário).
Os dados são referentes ao 2º trimestre de 2021 (abril, maio e junho) e mostram que a desigualdade entre negros e não negros se aprofundou durante a pandemia.
Enquanto os homens negros representam 40% daqueles em situação de trabalho desprotegido, esse total é menor entre os não negros (40%) e chega a 41% entre as mulheres não negras.
Na sequência, Minas Gerais tem o segundo maior percentual, com 40% das mulheres não negras nessa situação, 40% de homens negros, 38% de mulheres não negras e 37% de homens não negros.
No Rio de Janeiro, o percentual maior foi registrado entre homens negros (42%), seguido por mulheres negras (40%), mulher não negros (38%) e homens não negros (37%).
São Paulo, o maior Estado do país, ficou com os menores percentuais: mulheres negras (35%), homens negros (33%), homens não negros (31%) e mulheres não negras (29%).
Rendimento
Em dinheiro, no Espírito Santo, mulheres não negras ganham rendimento médio de R$ 1.738, enquanto as não negras recebem cerca de 59% a mais: R$ 2.903. Quando o recorte é entre os homens, os negros ganham R$ 2.207 e os não negros 57% mais, R$ 3.845.
Quando se trata dos cargos de direção, os números são ainda mais baixos. Apenas 2,3% das mulheres negras estão nesse posição, contra 5,8% das não negras, 3% dos homens negros e 7,6% dos não negros.
Subutilização
As mulheres negras também são maioria na subutilização da força de trabalho, 35,8%. Esse indicador leva em conta os subocupados por insuficiência de horas trabalhadas, ou seja, pessoas que trabalhavam menos de 40 horas semanais e estavam disponíveis para trabalhar mais horas, se houvesse a possibilidade.
Também é composto por desocupados, que buscavam trabalho; pela força de trabalho potencial, da qual fazem parte aqueles que procuraram trabalho, mas não estavam disponíveis na semana que antecedeu a pesquisa e pelos desalentados, pessoas que querem trabalhar, mas não procuraram trabalho.
Quando se trata de não negras, a subutilização é menor, 26,4%. Entre os homens, os negros são 22,7% e os não negros 18,5%.