O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) — que mede a inflação oficial do país —, desacelerou a 0,61% em abril, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (12). No acumulado dos últimos 12 meses, o número ficou em 4,18%.
O índice foi de 0,71% em março deste ano. Em abril de 2022, a alta havia sido de 1,06%.
O mercado, segundo projeções da Reuters, esperava um avanço de 0,54% na base mensal e de desaceleração a 4,10% na anual.
Segundo o IBGE, todos os nove grupos analisados, entre produtos e serviços, tiveram alta no mês de abril. O destaque ficou com Saúde e Cuidados Pessoais, que teve o maior impacto e a maior variação, a 0,19 p.p. e 1,49%, respectivamente. Segundo André Almeida, analista da pesquisa, a alta no setor foi puxada pelos preços de produtos farmacêuticos.
“Isso é justificado pela autorização do reajuste de até 5,60% nos preços nos medicamentos, a partir de 31 de março”, explica ele.
Os planos de saúde também subiram 1,20% no mês passado. “Houve incorporação das frações mensais dos reajustes dos planos novos e antigos para o ciclo de 2022 a 2023”, disse. Os itens de higiene pessoal, por sua vez, desaceleraram de 0,76% em março para 0,56% em abril, como resultado da queda de 1,09% em perfumes.
O setor de Alimentação e Bebidas também contribuiu para o resultado do IPCA, acelerando de 0,05% para 0,71% em abril. Ele foi responsável por 0,15 p.p. da alta do mês.
A principal alta veio do subgrupo de alimentação no domicílio, que, da deflação de 0,14% registrada no mês anterior, passou à alta de 0,73% em abril. A pesquisa destaca os preços do tomate (10,64%), do leite longa vida (4,96%) e do queijo (1,97%), e, entre os produtos em queda, são destaque a cebola (7,01%) e o óleo de soja (4,44%).
Já alimentação fora do domicílio variou 0,66%, acima dos 0,60% em março. Lanches desaceleraram para 0,93%, ante 1,09%, enquanto refeições fizeram o caminho inverso e saltaram para 0,51%, de 0,41%.
Expectativas
Em sessão no Senado, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, afirmou que o país teria uma “surpresa” quanto aos dados do mês passado. Segundo ela, viriam um pouco abaixo da expectativa — o que não se concretizou no resultado do IBGE.
O BC segue atento às divulgações do indicador: a desinflação, em especial no horizonte de longo prazo, pode ditar as expectativas quanto à taxa Selic, que está em 13,75% ao ano desde agosto do ano passado.
A taxa de juros tem sido um dos principais pontos de tensão entre a autoridade monetária e o governo federal. Enquanto a ala econômica espera cortes na Selic, o BC trabalha com o chamado “sistema de metas”, que ancora as expectativas do mercado quanto ao comportamento da taxa inflacionária.