O número de endividados cresceu pelo nono mês consecutivo em 2022. São mais de 68 milhões de brasileiros com o nome negativado — sendo o desemprego a principal causa do endividamento. E com a alta quantidade de contas a pagar, fica difícil até para dormir.
Segundo pesquisa realizada pela Serasa em parceria com o Instituto Opinion Box, as dívidas estão tirando o sono de 83% dos brasileiros inadimplentes. Além da insônia, o endividamento também traz outros impactos na saúde mental.
O estudo mostra que 78% têm surtos de pensamentos negativos devido aos compromissos vencidos, enquanto 74% afirmam ter dificuldade de concentração para realizar tarefas diárias. Além disso, 61% viveram ou vivem sensação de “crise e ansiedade” ao pensar na dívida e 53% dos pesquisados revelam sentir “muita tristeza” e “medo do futuro”.
Segundo Valéria Meirelles, psicóloga especializada em questões financeiras, o sistema biológico é o primeiro a sentir os efeitos da preocupação com as dívidas. “A ansiedade vai invadindo a rotina de quem busca incansavelmente uma solução”, diz a especialista.
Com isso, o endividado passa a viver com pensamentos voltados ao futuro, tem dificuldade para relaxar e, consequentemente, não se concentra nas suas tarefas habituais e nem consegue mais dormir com normalidade.
Apesar dos efeitos no presente, o futuro parece mais animador para os entrevistados: 88% dizem que passaram a fazer algum tipo de controle de gastos e 70% revelam confiança em conseguir quitar as dívidas e recuperar seu crédito.
“Há uma tentativa saudável de monitorar e controlar os gastos, e essa conscientização pode ser atribuída à grande oferta de informações sobre educação financeira”, diz a psicóloga.
Desemprego, inflação e cartão de crédito
Mesmo em queda leve nos indicadores do país, o desemprego ainda é considerado o principal motivo de endividamento, apontado por 29% dos entrevistados pela pesquisa da Serasa. Ele impacta principalmente as mulheres (31%) e jovens até 30 anos (33%).
Na sequência, aparece a alta da inflação, que minou o poder de compra dos consumidores, e a causa da redução na renda própria.
O cartão de crédito permanece como o principal tipo de dívida entre os inadimplentes (53%). Segundo Matheus Moura, diretor de marketing da Serasa, o cartão sempre foi visto como um meio de acesso para realizar aquisições de maior valor. No entanto, com a perda do poder de compra e maior desemprego, o cenário mudou.
Das dívidas contraídas por conta do cartão de crédito, 65% delas correspondem a compras em supermercados. Seguido de compra de produtos como roupas, calçados, eletrodomésticos; remédios ou tratamentos médicos; compra de alimentos por delivery e transporte/combustível.