Comparação é feita entre abril deste ano e de 2019. De acordo com especialistas, a quantia em falta pode afetar diretamente até serviços básicos
A pandemia de novo coronavírus (Covid-19) provocou uma brusca queda na arrecadação no Espírito Santo e, consequentemente, no repasse feito aos municípios capixabas. De acordo com especialistas, a quantia em falta pode afetar diretamente até serviços básicos.
A queda no repasse foi de mais de R$ 31 milhões no mês de abril. A comparação é com o mesmo mês de 2019.
Um número negativo que pode aumentar, segundo o presidente da associação dos municípios (Amunes) e prefeito de Viana, Gilson Daniel.
“A tendência, se continuar da forma que está, é que no mês de maio essa queda ultrapasse os R$ 100 milhões. Os municípios têm que se adequar a esse novo momento”, disse.
O dinheiro é de livre uso dos municípios, que podem aplicar em vários setores, como educação e no pagamento de servidores.
Mas, para o presidente da Amunes, se não houver ajuda do Governo Federal, essas áreas podem ser afetadas.
“Nós temos um gasto a mais em saúde. Tem sido feito corte de hora extra, de gratificações. Cada município tem suas particularidades. A gente acredita que, se esses recursos não chegarem aos cofres logo, muitos municípios vão ter dificuldades muito grandes de pagamento de folha e pagamento de serviços”, disse.
O município mais afetado pela queda na arrecadação foi o da Serra, que perdeu R$ 4 milhões. Também estão entre os mais impactados Linhares e Vila Velha, que perderam mais de R$ 2 milhões em impostos cada. Cachoeiro de Itapemirim e Cariacica perderam mais de R$ 1,5 milhão.
“Nós tivemos cidades que perderam muito. Tem cidades pequenas do interior, como Piúma, Irupi, que perderam mais de 50% de suas receitas”, disse Gilson Daniel.
O prefeito lembrou que há um projeto em tramitação no Senado sobre um auxílio aos municípios para compensar as perdas.
O texto-base do projeto prevê cerca R$ 60 bilhões em repasses diretos. Mais de R$ 500 milhões serão para compensar as perdas de receitas. Na avaliação do presidente da Amunes, isso pode ajudar as cidades durante três meses.
Bares e restaurantes
Um dos setores mais prejudicados com a pandemia é o de bares e restaurantes, que precisou demitir cerca de 20 mil funcionários até agora.
O presidente do Sindibares, Rodrigo Vervloet, reforça a necessidade de um planejamento para a reabertura.
“A gente estima que são quatro mil empresas que não retornam às suas atividades normais. A gente sabe que a situação é muito delicada, mas o que a gente quer do governo é um projeto de retomada. A gente vai ter que aprender a viver com essa situação, e a gente precisa retomar as coisas da forma mais segura possível”, disse.