Entre julho e setembro deste ano, a alta nos preços atingiu sobretudo a cesta de proteínas, motivando a substituição de alguns alimentos ou marcas. Essa tendência permanece, tal como no primeiro semestre de 2022, ao verificar-se a troca da carne bovina por outros produtos, como ovos, linguiça, carne suína e frango. É o que aponta levantamento da Neogrid que analisou o terceiro trimestre de 2022. O estudo Neogrid Insights: Panorama do Mercado de Bens de Consumo mostra que o brasileiro gastou mais com alimentos nos supermercados e atacarejos, mas conseguiu comprar menor quantidade de produtos.
O Panorama do Consumidor aferiu que o valor médio das despesas registradas nos supermercados no terceiro trimestre de 2022 aumentou 7,9% em relação aos primeiros três meses deste ano. A média foi de R$ 89,78, a maior cesta de compras registrada no ano até agora, se comparada com os períodos anteriores, quando o consumidor gastou R$ 83,13, em média.
Em contrapartida, com referência à média de itens comprados, entre julho e setembro, os consumidores adquiriram menor quantidade de produtos, registrando o índice de 12,92, mas gastaram mais dinheiro nos estabelecimentos. Já entre janeiro e março de 2022, os consumidores colocaram mais mercadorias no carrinho, com média de 13,36, mas gastavam menos.
Dentre as categorias, o destaque permanece com carnes e aves, cujo consumo aumentou em todas as métricas analisadas; no tíquete médio, incidência no carrinho e média de itens comprados. Com elevação de 12,5%, a média de gastos foi a maior entre o primeiro e o terceiro trimestres de 2022. Por outro lado, as únicas categorias que tiveram queda no valor médio gasto no último trimestre foram as bebidas não alcoólicas, peixes e frutos do mar. Já no indicador incidência nas compras, a maioria das categorias teve queda de presença nos carrinhos dos brasileiros, possivelmente em razão da alta geral dos preços.
O Panorama do Consumidor constatou também que os derivados do leite puxaram os dados de indisponibilidade de estoque, a chamada ruptura, no último trimestre. O destaque da categoria ficou com o leite condensado, item que mais faltou nos estabelecimentos entre julho e setembro de 2022. Entre os 10 itens com maior ruptura de estoque, sete são derivados do leite e deve-se, principalmente, à elevação do custo de produção.
No caso do leite em pó, registrou-se o maior salto no indicador na comparação entre o primeiro e o terceiro trimestres de 2022, com aumento de 6 pontos percentuais. Entre janeiro e março deste ano, o item estava na 20ª posição, com taxa de 11,3% de ruptura. Já de julho a setembro, o produto registrou taxa de 17,3%, passando a ocupar o quinto lugar.
Com relação aos preços dos alimentos, embora o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE tenha registrado deflação nos últimos três meses, o consumidor ainda sente no bolso os impactos causados pela inflação acumulada. Segundo o IBGE, o IPCA de setembro caiu 0,29%, porém soma alta de 4,09% em 2022 e, nos últimos 12 meses, 7,17%.
Neste cenário, vários produtos ainda seguem uma tendência de alta nos varejos. Dentre os itens analisados pela Horus, quase todos registraram aumento de preço médio no terceiro trimestre de 2022, na comparação com o mesmo período de 2021. No topo da lista estão o leite longa vida, com índice de 55%, frutas, com acréscimo de 44,3%, e a linguiça, com taxa de 39,1%. Apenas a categoria snacks e salgadinhos apresentou redução, sugerindo aumento no consumo e possível substituição de proteínas, como já verificado anteriormente.
Segundo estudo realizado pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), o setor supermercadista fechou o ano de 2021 com um saldo positivo de 54 mil lojas, chegando a um total de 145 mil estabelecimentos desse tipo em operação.